Aos 15 de vida, eu era apenas um puto que sonhava ser bombeiro como o meu avô Cassito e um senhor que sempre admirei (o Comandante Custódio).
Desde criança que os via a cuidar da farda para os desfiles (sim, a idade só me deixou acompanhar a fase deles como Bombeiros do Quadro de Honra). Por paixão, excitação e algo mais, inscrevi-me na minha corporação de sempre (Entre-os-Rios). Vive momentos mágicos, apanhei sustos e dias houve em que julguei que ia desta para melhor.
Os meus pais nunca encararam bem a minha "panca" pelos Bombeiros, sobretudo face aos meus problemas de coração. Mas, como excelentes pais que são, deixaram-me ir. E eu fui; e nunca mais voltei; sim, apesar do jornalismo ter vencido quando foi hora de escolher "estudos para ser jornalista" ou "seguir como bombeiro". Mas os bombeiros ficaram sempre comigo. É verdade que eu, agora a viver no Porto, não consigo ouvir a minha sirene.
É verdade que agora, aos 28 de vida, já não pego na roupa N.º 61 quando há um pedido de socorro. Sou mais um dos muitos que, pelas mais variadas razões, se viram forçados a ficar no quadro de reserva. Não sei o dia de amanhã. Sei que os meus companheiros, os que ficaram (e que valentes que eles e elas são), continuam a dar tudo.
Eu sei também que com o calor a apertar vão começar a falar mais neles, embora o nosso (permitam-me o uso do tempo verbal assim) trabalho não seja apenas no verão. É a todas as horas. Nunca se esqueçam.
(Foto "roubada" ao Facebook oficial da minha corporação)
José Carlos Bragança