Os quartéis são desde tempos imemoriais a primeira casa de um bombeiro, é nestes complexos que os operacionais se realizam e concretizam, dia após dia, o sonho de uma vida.
Esta é uma realidade que nem o tempo, o progresso, as novas vontades e mentalidade conseguem alterar. Centenas de homens e mulheres trocam muitas vezes, sem hesitar, o conforto do lar, por espaços, aparentemente, inóspitos, mas, ainda assim, considerados aconchegantes para quem se entrega à missão de servir o próximo.
Não faltam exemplos de instalações sem as mínimas condições para acolher os efetivos, contudo, o panorama está a mudar, existindo uma crescente e genuína preocupação dos comandos e direções em garantir o bem-estar de quem tudo dá em troca de quase nade.
Nos últimos anos, uma verdadeira revolução, também de mentalidades, permitiu a renovação de muitos complexos, bem como a construção de tantos outros.
As áreas associativas destas instituições, que noutros tempos exibiam imponência, nos últimos anos foram cedendo espaço e importância às áreas operacionais, tanto que os novos equipamentos descuram os faustosos salões nobres, as sumptuosas salas de direção ou as áreas dedicadas a atividades mais recreativas.
Hoje as preocupações centram-se na dimensão dos parques de viaturas, na versatilidade das áreas de treino, na funcionalidade das salas de formação, mas também no conforto das camaratas, dos balneários, sem esquecer a importância da designada sala do bombeiro e até do refeitório.
Comandos e direções denunciam que faltam incentivos para os homens e mulheres que de forma abnegada protegem bens e salvam vidas, alegando que a sociedade civil e o Estado não dão o justo valor aos voluntários e, assim sendo, acabam por ser as associações a assegurar alguns benefícios aos bombeiros, como forma de reconhecimento pelo excecional serviço que prestam à comunidade.
De facto, longe vai a época em que a vontade e a entrega à causa eram suficientes para mobilizar homens, que mesmo sem meios e equipamentos enfrentavam o risco. Hoje, tudo é diferente. Mudaram-se os tempos e as vontades, cresceram as exigências, uma realidade a que os bombeiros estão a adaptar-se com ganhos óbvios para a prontidão e a qualidade do socorro prestado e para a motivação dos recursos humanos, que já encontram nos quartéis muitas das comodidades, de que, no passado, eram obrigados a prescindir, de cada vez que saiam da sua casa para cumprir o lema “Vida por Vida”.
Sofia Ribeiro in LBP
