Não é Difícil Provar o Impacto e a Importância de um Quartel de Bombeiros no Seio da Comunidade - VIDA DE BOMBEIRO

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sexta-feira, 1 de maio de 2015

Não é Difícil Provar o Impacto e a Importância de um Quartel de Bombeiros no Seio da Comunidade

Se há coisa que não é difícil provar, e medir o respectivo impacto, é a importância de um quartel de bombeiros no seio da respectiva comunidade.

Ao longo do tempo, os quartéis de bombeiros construídos em muitas localidades deste país rapidamente assumiram a devida escala territorial e ganharam a dimensão humana, difícil, ou mesmo impossível, de obter por parte de outras organizações e estruturas locais em tão curto espaço de tempo e com tão grande importância.

Julgo que nada disso carece de prova, já que faz parte intrínseca da vida e da experiência de cada comunidade. Os quartéis surgiram delas, a partir delas ganharam a dinâmica, a força humana e a importância que a assunção do socorro e do bem-estar dos cidadãos só por si explica e justifica.

Em todas as nossas comunidades é sempre assim. Os bombeiros nunca nasceram por geração espontânea local ou por decreto vindo de fora. Nasceram sempre da vontade directa da comunidade, representada em comissões ou grupos de cidadãos locais mais activos, formal ou informalmente organizados, mas sempre apostados na concretização desse desígnio colectivo.

Os quartéis de bombeiros e as zonas envolventes facilmente ganharam estatuto e importância local, suscitando e consolidando ao longo do tempo novas centralidades.

Há hoje muitas localidades onde o antigo quartel dos bombeiros continua a ser identificado como tal mesmo se há muito perdeu essa função devido à mudança dos bombeiros para novas e mais adequadas instalações.

Mas a referência, por que foi forte naquilo que representou para a comunidade, e porque também foi prolongada por muitos anos, acaba por permanecer na memória colectiva como algo que, mesmo que transferido para outro local, continua e continuará simbólica e afectivamente a pertencer àquele.

A força e a importância local dos bombeiros, se quisermos, pode medir-se também desse modo.

O saudoso comandante Serra, dos Voluntários de Cacilhas, em data próxima à inauguração do novo quartel dos seus bombeiros (1990) foi abordado por uma idosa que amargurada lhe confessava que “já nos levaram o poço, o farol e agora levam-nos os bombeiros”. Ao que ele respondeu prontamente dizendo que “fica aqui o nosso coração”. Quantas destas histórias haverá pelo país fora e pelas mesmas razões? Conheço muitas delas. E que radicam sempre no mesmo fortíssimo sentimento de admiração e afecto pelos bombeiros. Que podem não ser muitos, nem ter tudo o que precisam mas que, acima, de tudo, são os seus, os da sua terra, que os antigos, por vezes até seus familiares ou conhecidos criaram com determinação e esforço.

Todos sabemos que algumas mudanças de quartéis, para instalações adequadas às novas realidades sociais e às necessidades operacionais, nem sempre são fáceis. Até por que muitas vezes coincidem com a deslocalização para a periferia ou para novas zonas de expansão ou consolidação urbanística. Há a saudade do local antigo, da vizinhança, da proximidade de outras estruturas locais. Mas há agora, também, o gosto por desfrutar de instalações mais dignas, amplas e mais adequadas à missão dos bombeiros de hoje.

Em Cacilhas, voltaram o poço e o farol mas os bombeiros não voltaram. Aliás, acabaram por ficar nos corações, e até fisicamente, já que o antigo edifício, entretanto adaptado com muita dignidade a posto de turismo, continua a ostentar na sua fachada, em cada um dos lados as letras “Serviço de Saúde” e “Serviço de Incêndio”.

Fonte: LBP