A identidade de uma instituição é como a personalidade de alguém, ou seja constrói-se desde a nascença a sua morte, fazendo este comparativo com os Corpos de Bombeiros, hoje posso concluir que a sua identidade criada por aqueles que os constituíram e tiveram na base a necessidade das populações terem um socorro organizado, hoje está numa grande parte dos casos completamente desvirtuada uma vez que esta identidade mantêm-se e desenvolve-se pelo respeito do passado histórico e por uma visão dinâmica daquilo que são os novos desafios apresentados por um futuro incerto.
Como se pode afirmar “quem não respeita o passado também não tem futuro”, ou seja, hoje, na generalidade, desvirtuando-se o fim para o qual os Copos de Bombeiros foram criados, alterando-se a sua imagem para algo somente porque é giro, basta ver os modelos de fardamento que alguns inventam, a mudança dos objectivos da sua existência transformando os CB´s em empresas de transporte de doente ou mesmo, institucionalmente apagando a sua existência, basta ver que a actividade dos bombeiros é hoje muitas vezes mediaticamente referida como “ protecção civil”.
Esta absorção dos bombeiros pela protecção civil, cada vez mais vulgar na sociedade tem o seu motivo plenamente justificado pela inércia das estruturas representativas dos Bombeiros, que assistiram de plateia à extinção do Serviço Nacional de Bombeiros, hoje transformado numa Direcção da ANPC, bem como da perda do comado operacional dos Corpos de Bombeiros e das suas missões, em que a ANPC assume quando quer e lhe apetece, situação única dentro dos agentes de protecção civil uma vez que é um facto que mais nenhum agente tem uma direcção, ou seu comando está dependente destes e que cada um mantêm as suas estruturas representativas e de comando, diferença que leva a que se possa afirmar que a estrutura operacional da ANPC somente existe e serve para Comandar Bombeiros.
Esta perda de identidade é de tal maneira clara que hoje Comandar um Corpo de Bombeiros, não é um desafio ou missão altruísta, mas sim, um calvário em que a autoridade institucional que deve estar associada a esta figura é logo na sua origem posta em causa pela entidade que teoricamente tem o comando operacional dos corpos de bombeiros, que é a ANPC, logo a seguir desrespeitada em muitos casos pela própria entidade detentora do Corpo de Bombeiros” que são as AHB, pelo desrespeito continuado da separação de poderes que a própria lei impõe prevalecendo a maxima “se não fases o que eu quero, vais logo de carrinho”.
Como podemos verifica, apesar de existirem execpções, estão criadas as condições para mais um atentado a identidade dos Corpos de Bombeiros em que são nomeados não os melhores, mas sim aqueles que a todo o custo querem ter algum protagonismo, e se sujeitam a serem ” porta galões “ e” autênticos moços de recados”, uma vez que aquele que assumem a sua figura institucional, que que conseguem sobreviver aos cinco anos da comissão, acabam por ser corridos, não pela sua incompetência, mas porque não agradam aos dirigentes principalmente das AHB, porque não foram os tais “moços de recados” e não fizeram aquilo que eles queriam, e mantiveram os princípios que a sua função lhes impõe, e quando assim não é, aparecem os grupinhos dos desiludidos e dos frustrados, impulsionados em muitos casos por interesses externos ao CB´s, que desagradados por lhes terem sido impostas regras e os terem feito cumprir as suas obrigações, em que sem olhar às consequências, usando a sua capacidade de manipulação e os órgãos de comunicação social, criam, situações de instabilidade que somente servem para denegrir a imagem da sua instituição e assim mais uma vez a identidade de uma instituição é mandada “pelo cano abaixo”.
Se olharmos a tudo isto, começamos a perceber porque hoje é tão difícil cativar jovens para os Corpos de Bombeiros, principalmente os voluntários, uma vez que, quem é que quer pertencer a algo conotado com a indisciplina e jogos de poder, que eu saiba ninguém.
Mas o que vale no meio disto é que alguns vão prevalecendo, dignificando a sua identidade e cumprindo as missões o objectivos que levaram à sua criação, o que resta saber é até quando vão conseguir aguentar e resistir aos jogos de poderes e de interesses que por ai anda.