Mais de uma centena de proprietários de terrenos em Águeda reclama em tribunal cerca de 600 mil euros à EDP, pelos prejuízos causados por um violento incêndio ocorrido há 15 anos, que deixou muitas povoações em perigo.
A ação, que está a correr termos na Comarca de Aveiro, tem como objetivo apurar a responsabilidade civil da empresa elétrica na eclosão do incêndio e a obrigação de indemnizar os proprietários das árvores e outros bens atingidos pelas chamas.
Na ação, a que a Lusa teve hoje acesso, os autores afirmam que o incêndio "eclodiu em consequência da queda de fios da linha elétrica, que provocou uma descarga elétrica junto ao solo e à vegetação existente no local".
Os autores, onde se inclui a Junta de Freguesia de Préstimo, acusam ainda a empresa elétrica de desleixo na instalação, cuidado e manutenção da referida linha, adiantando que os fios se encontravam em "mau estado de conservação" e "desgastados", bem como os postes em betão que os suportavam.
A EDP contestou, declinando qualquer responsabilidade na ocorrência do sinistro em causa, porquanto o mesmo não teve origem na linha elétrica.
A ré afirmou ainda que a linha em causa foi sujeita a vistorias regulares, que confirmaram que a rede elétrica "se mantém em respeito por todas as condições regulamentares".
No documento, a empresa dá conta de um relatório dos Bombeiros de Águeda, que concluiu que as causas do fogo são desconhecidas, e lembra que o Ministério Público também arquivou o inquérito sobre o incêndio por a identidade do autor ou autores não ser conhecida.
O incêndio deflagrou cerca das 08:30, no dia 16 de março de 2000, num valeiro junto à povoação de Vale do Lobo, na Freguesia do Préstimo, e depressa alastrou a todo o concelho.
Não houve danos pessoais a registar, mas o fogo esteve próximo de habitações e fábricas e consumiu vastas áreas de floresta.
O incêndio levou ao corte do trânsito em várias estradas e muitas fábricas cessaram o seu funcionamento. A escola secundária Adolfo Portela foi evacuada devido à proximidade das labaredas.
O combate às chamas mobilizou cerca de duas centenas de homens de vinte e cinco corporações de bombeiros e três helicópteros.
O incêndio, que levou a Associação Industrial local a pedir a intervenção do Exército, ficou circunscrito ao início da noite.
Fonte: Lusa