"Bombeiros São Carne para Canhão" - VIDA DE BOMBEIRO

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sábado, 18 de abril de 2015

"Bombeiros São Carne para Canhão"


Dizia-se dos militares mortos em combate, ceifados a maioria em idade jovem. Não se diz outro tanto dos bombeiros, conhecidos como os soldados da paz, mas a tragédia de que são vitimas todos os anos configura um mesmo teatro. 

Combatendo as chamas, por montes e vales, por terrenos que desconhecem em absoluto, vão para onde os convocam, do sul para o norte ou do norte para o sul, e perecem em atroz sofrimento: queimados vivos! São os bombeiros, de Santarém ou doutras quaisquer paragens, voluntários ou municipais, gente voluntariosa a quem se pedem sacrifícios e se é correspondido com abnegação. Desde o ano de 1980 já morreram em serviço 217 bombeiros. Destes, perderam a vida em acidentes florestais 104, conforme o estudo que o ex-presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Duarte Caldeira, se apresta a compilar. O atual presidente da Liga é Jaime Marta Soares, reeleito no cargo em finais de 2014. 

Trata-se do conhecido “autarca dinossauro”, que governou Vila Nova de Poiares durante 40 anos. Também é o presidente da Assembleia Geral do Sporting Clube de Portugal. Falando no Congresso que se realizou em Peniche, em março passado, Jaime Soares abordou algumas preocupações: com os mesmos meios do ano anterior, os soldados da paz só necessitarão de mais umas equipas, umas máquinas de rasto e mais algum meio aéreo. Para que não esqueçamos, uma parte dos mortos nos incêndios destes dois últimos anos foram jovens, jovens na casa dos 20 anos: Ana Rita, 24 anos; Bernardo Figueiredo,  21 anos; Daniel Falcão, 25 anos Josefa, 21 anos, simultaneamente era estudante universitária. 

“Um incêndio florestal é um adversário terrível, que tem armas que um humano não tem”, referiu há tempos Jaime Soares, na morte de um bombeiro da Covilhã, para logo concluir: “apesar de os bombeiros portugueses estarem aptos através das técnicas e dos conhecimentos para combater as chamas”. Voltando aos jovens bombeiros, que morrem queimados em cada ano que passa, será que têm assim tanta técnica, tanta preparação e tanto “calo”, para ajuizarem as situações perigosas em que os envolvem ao serem mandados para o inferno das chamas?

Bruno Oliveira in O Ribatejo