O 10 de Junho é o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, e não faz parte do cardápio dos feriados roubados, mantém-se titular, no activo, embora cambaleante.
Sendo o Dia de Portugal, é o dia dos portugueses, dos seus feitos e originalidades, das suas conquistas e capacidades, dos seus sacrifícios e privações, porque são estes, os portugueses, a sua razão e motivo, sua inspiração e vocação, sua causa e consequência.
Nesse dia, decorrem diversas cerimónias, discursos patrióticos, desfiles militares e inúmeras personalidades são galardoadas e distinguidas com as Ordens Honoríficas existentes, considerando os actos e os feitos praticados e o mérito demonstrado.
A Lei das Ordens Honoríficas estabelece o elenco, os fins e o processo de concessão das ditas.
Há três categorias de Ordens, as Antigas Ordens Militares, as Ordens Nacionais e as Ordens de Mérito Civil, cada uma delas com os seus Graus.
As Ordens Nacionais incluem a Ordem da Liberdade e a Ordem do Infante D. Henrique, esta última destinada “a distinguir quem houver prestado serviços relevantes a Portugal, no País e no estrangeiro”.
As Ordens de Mérito Civil incluem a Ordem da Instrução Pública, a Ordem do Mérito Empresarial, e a Ordem do Mérito, esta última destinada “a galardoar actos ou serviços meritórios, praticados no exercício de quaisquer funções, públicas ou privadas, que revelem abnegação em favor da colectividade”.
Independentemente das medalhas e condecorações atribuídas pela tutela e pela Liga dos Bombeiros Portugueses, que para bombeiros falecidos em serviço deve repensar a atribuição do crachá de ouro, que é curto, e atribuir, no futuro e no mínimo, a Fénix de Honra, julgo que é a hora e o momento de irmos mais longe, termos, e vermos, os Bombeiros incluídos na lista dos distinguidos no 10 de Junho.
Razões não faltam e enquadramento legal também não!
O combate aos incêndios florestais é talvez a missão mais delicada, mais ingrata e mais arriscada que os Bombeiros enfrentam.
É uma luta inglória dos Bombeiros contra a Natureza e as suas forças, forças traiçoeiras, é um combate desigual, uma luta injusta e cruel, levada, muitas vezes, até ao sacrifício das suas próprias vidas, tantas vezes vidas que, interrompidas tão cedo ficam por viver tão depressa.
Na dimensão do sacrifício e no enfrentamento do risco, os Bombeiros são uns heróis.
Nada mais sensato, mais elementar, mais justo, do que serem distinguidos no Dia em que são homenageados os melhores entre os melhores.
Alguém duvida que os Bombeiros falecidos em serviço, nomeadamente, os que tombam no combate directo aos incêndios, prestam serviços relevantes ao País e/ou que os seus actos revelam abnegação em favor da colectividade, e que nessa medida são merecedores, pelo menos, da Ordem do Infante D. Henrique e/ou Ordem de Mérito?
Não podendo ser para todos, porque, infelizmente, são muitos os Bombeiros que morrem em serviço, que se adopte um critério solido, o bombeiro mais jovem, a mulher bombeiro, o bombeiro mais graduado, o bombeiro com mais tempo de serviço, um critério.
Mas é preciso dar esse passo, sem tibiezas nem hesitações.
Não basta que a Liga dos Bombeiros Portugueses, enquanto representante de todos, seja membro honorário da Ordem Militar de Cristo e da Ordem da Liberdade.
Isso sabe a pouco, temos que deixar de nivelar por baixo, de nos contentarmos com pouco, de não ousarmos e não termos ambição.
É obrigatório que, a título póstumo, e na pessoa de um Bombeiro, a instituição Bombeiros "suba" as escadas da distinção, no 10 de Junho, o dia dos melhores portugueses.
Para honrar Portugal e os portugueses, não pode ser de outra maneira.
E que seja já no próximo, cujas comemorações têm lugar na cidade de Lamego, distrito de Viseu, talvez aquele que mais Bombeiros perdeu no combate aos incêndios.
Se puderem, entretanto, façam o favor de ser felizes!
Publicada por Zingarelho Rm
