É Preciso “Arranjar Formas de Incentivar o Voluntariado nos Bombeiros” - VIDA DE BOMBEIRO

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quinta-feira, 19 de março de 2015

É Preciso “Arranjar Formas de Incentivar o Voluntariado nos Bombeiros”


Os aspirantes têm de ter duas características comuns a todos os bombeiros que são “humildade” e “abnegação”, complementadas pela “vocação”, disse o comandante Normando Oliveira.

A corporação de Bombeiros de S. João da Madeira tem cerca de 90 bombeiros no ativo, à volta de 35 no quadro de reserva, 30 infantes e cadetes e seis estagiários na Escola Nacional de Bombeiros.
Além destes, “todos os bombeiros que fizeram o seu ativo durante mais de 15 anos nesta corporação integraram o quadro de honra”, relembrou Normando Oliveira.

Desde que é comandante dos bombeiros sanjoanenses, há cinco anos, “não tem havido uma grande afluência de jovens entre os 18 e os 20 anos a inscreverem-se nos bombeiros”. Uma tendência que acredita estar relacionada com o estado atual do país, com o facto de estudarem até mais tarde e terem menos tempo.

Normando Oliveira não escondeu a sua preocupação com a estagnação de recursos humanos na corporação sanjoanense em particular, e nas corporações nacionais em geral.

Na opinião do comandante, a preocupação, “ durante muitos anos, foi com o recurso material mas o recurso humano é o mais importante no meio disto tudo porque sem ele o equipamento por si só não faz nada”.

Numa altura em que os jovens que se inscrevem são escassos é preciso “arranjar formas de incentivar o voluntariado nos bombeiros”. “Se não olharmos rapidamente sobre isto e não dissermos o que queremos dos bombeiros, só quando perdermos esta grande força darão conta do seu valor”, avisou Normando Oliveira.

Os bombeiros são “uma instituição com uma estrutura diferente de todas as outras com um cariz voluntário porque fornece um serviço durante 24 horas por semana que obriga à permanência ininterrupta de bombeiros no quartel”, lembrou o comandante.

Os aspirantes têm de ter duas características comuns a todos os bombeiros que são “humildade” e “abnegação” complementadas pela “vocação”, disse ao labor.

Enquanto bombeiros formados precisam de um apoio familiar sólido para socorrerem e protegerem em plenitude a comunidade. É caso para dizer: “atrás de um grande homem e de uma grande mulher está sempre uma grande família que é o porto de abrigo dos bombeiros para que consigam cumprir a sua missão”, enalteceu Normando Oliveira.

Seguro deve proteger a longo prazo o bombeiro e a família

O comandante durante a conversa com o labor esclareceu que “um bombeiro voluntário e um bombeiro profissional são exatamente iguais, só que com o evoluir da sociedade há uma necessidade de termos no corpo de bombeiros voluntários um grupo que seja permanente nas horas que chamamos de expediente”. O grupo é constituído por 20 profissionais, incluindo a Equipa de Intervenção Permanente (EIP), e está disponível “a qualquer momento sempre que há uma emergência, um transporte de doentes e qualquer outra missão dos bombeiros”.

Entre as ocorrências mais recorrentes, ao longo do ano, estão “o serviço pré-hospitalar, transporte de doentes, incêndios urbanos industriais e depois consoante as condições meteorológicas apoiar as outras corporações de bombeiros”, informou ao labor.

O bombeiro está exposto a um número indeterminável de ocorrências que põem a sua vida constantemente em risco. Os seguros dos bombeiros foram “melhorados” para combaterem estes riscos mas “não devem cobrir apenas a situação de momento mas a longo prazo quer para o bombeiro, quer para os familiares”, alertou Normando Oliveira.

Relativamente às condições de trabalho na corporação sanjoanense, “penso que estamos num bom caminho, não posso garantir que está tudo perfeito mas estamos atentos e tentamos melhorar dentro das nossas possibilidades”, assegurou o comandante ao labor.

“Nunca podemos esquecer a parte da segurança”

A corporação sanjoanense recebeu, quinta-feira passada, 45 conjuntos de equipamentos que incluem cógulas (capuzes de proteção), capacetes, dolmans (casacos), calças, botas e luvas. Os equipamentos de proteção individual foram comparticipados em 85% por fundos comunitários; 7,5% pela Autoridade Nacional de Proteção Civil e 7,5% pela câmara de S. João da Madeira e restantes câmaras da Área Metropolitana do Porto.

O comandante esperava “este dia há muito tempo” porque é “o primeiro equipamento que recebemos com esta abrangência em termos de incêndios florestais”. Contudo, “não é com este equipamento que os bombeiros devem arriscar mais, é com este equipamento que estão mais seguros na sua missão”, frisou Normando Oliveira. O equipamento entregue chega a apenas 50 por cento do efetivo do corpo de bombeiros, por isso o comandante espera que ainda esta época a restante corporação tenha o equipamento.

A inexistência do equipamento para toda a corporação jamais será um impedimento para que cumpram a sua missão mas “nunca podemos esquecer a parte da segurança” porque “dentro de cada fato está um homem, uma mulher, um chefe de família, um filho, um pai, uma mãe”, recordou Normando Oliveira.

Ricardo Figueiredo reconheceu que os soldados da paz “correm riscos” e mesmo assim as suas famílias têm “a bondade de os deixar sair de casa para tratar do socorro e da segurança das outras pessoas”. É certo que “atualmente estão melhor equipados do que antigamente mas o limite da proteção máxima não existe. Por mais equipamento que haja é sempre insuficiente e temos de ter essa consciência”, destacou o presidente. Ricardo Figueiredo terminou o momento com “votos que continuem a desempenhar a vossa missão são e salvos”.

Fonte: Jornal Labor