Mais do que o início da tarde da última quarta-feira – quando sozinha, em casa, tentou lutar em vão contra um incêndio que destruiu parte da habitação –, Elisabete Gomes, de 41 anos, nunca mais vai esquecer a solidariedade de vizinhos e amigos.
O povo de Monte Redondo, em Arcos de Valdevez, está unido na tarefa de voltar a dar um tecto à família, sem dinheiro para pagar as obras mínimas necessárias para voltar a viver na casa com 21 anos. "Ficámos sem quartos, sem casa de banho, sem mobília, sem roupas.
Foi tudo. Desapareceu tudo", diz, enquanto os olhos voltam a encher-se de água, Elisabete Gomes, mãe de três filhos de 11, 18 e 20 anos. "O quadro elétrico foi abaixo e logo de seguida já vi um bocado de madeira a arder a cair em cima da cama do meu filho. Depois foi muito rápido. Já só consegui sair de gatas por causa do fumo", recordou, ainda aterrorizada com os momentos de pânico que viveu.
"Uma amiga ouviu-me a gritar e foi tocar o sino. Não sei de onde apareceu logo tanta gente com baldes para ajudar", relembra, emocionada, a mulher, enquanto o marido, João Gomes, se mistura com os amigos e populares que compõem a equipa de construção civil improvisada. "Ainda temos muito para fazer. Esperamos colocar a placa para o telhado na terça-feira.
É tentar andar o mais depressa que pudermos", atira, depois de um lanche apressado, José Cerqueira, patrão de João Gomes, que ali está por amizade desde quinta-feira à tarde.
"A ver se eles ficam mais felizes. É uma desgraça que pode tocar a qualquer um", remata, antes de confirmar: "Amanhã [hoje] é para trabalhar todo o dia. Tem de ser, enquanto houver luz." "Só posso dizer obrigada. Eles sabem que não tenho como lhes pagar o que estão a fazer por nós", remata Elisabete Gomes.
Fonte: Correio da manha