Ao terminar este ano 2014 e face á implementação do DECIF, impõe-se, ao CDOS Viseu, fazer um balanço final que poderá ser resumido de extremamente positivo.
Na verdade, e tendo particularmente em consideração o último ano (2013), poderemos afirmar que 2014 foi um ano excelente em termos de combate aos incêndios florestais no nosso distrito, nomeadamente por se terem registado ZERO baixas nos operacionais envolvidos.
Tendo sido este o principal objetivo para este ano, foi assim plenamente atingido!
A nível nacional, em 2014, registaram-se 7237 incêndios florestais que resultaram em 19.910 hectares (ha) de área ardida.
No distrito de Viseu ocorreram 640 incêndios resultando em cerca de 1100 ha de área ardida. (Em 2013 registaram-se 2221 incêndios resultando em mais de 42.000 ha de área ardida).
Quanto a valores, a nível distrital, há que destacar o número de incêndios, que é o mais baixo dos últimos 30 anos e, em termos de área ardida é dos melhores dos últimos 10 anos, sendo só superado pelo ano de 2008. Verificaram-se 03 incêndios com mais de 100 ha (em 2013 foram 30) e os concelhos mais afetados foram Carregal do Sal com 295 ha, Nelas com 191 ha e Viseu com 131 ha.
Obviamente as condições meteorológicas foram muito favoráveis, podendo mesmo dizer-se que foi um ano atípico, tal como poderemos dizer que o foi 2013, este em sentido oposto, em termos de severidade meteorológica. A realidade, ou o normal, talvez se encontre entre 2013 e 2014.
Contudo, em termos de severidade meteorológica, o ano de 2014 foi muito parecido com o de 2002 quando ocorreram, a nível nacional, 26.488 incêndios resultando em 124.000 hectares de área ardida.
Isto significa que os valores atingidos neste ano 2014 não resultaram simplesmente de condições meteorológicas favoráveis mas foram também o resultado de muitos outros fatores extremamente decisivos e importantes que vão desde as fortes campanhas de prevenção e sensibilização junto das populações levadas a cabo pelo Serviço de Proteção da Natureza e Ambiente (SEPNA) da GNR, do Grupo de Proteção e Socorro (GIPS)/GNR, Bombeiros e Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), com as suas Equipas de Sapadores Florestais, numa ação concertada com o CDOS Viseu / ANPC, os Serviços Municipais de Proteção Civil (SMPC) e Gabinetes Técnico Florestais (GTF) das Câmaras Municipais do distrito de Viseu.
Nestas ações procurou-se transmitir a necessidade e importância de serem adotadas medidas preventivas, sensibilizando e alertando para procedimentos e praticas adequadas e evitar comportamentos de risco por parte dos cidadãos.
Muitas destas ações foram também destinadas às comunidades escolares do distrito. A aposta nos mais jovens é uma forma de garantir as boas práticas no futuro e um excelente meio de influenciar positivamente o comportamento dos mais velhos, incentivando igualmente a sua participação e envolvimento em todas as matérias relacionadas com a proteção e segurança.
Com a supervisão do ICNF e a colaboração de várias entidades, nomeadamente os SMPC e GTF das Câmaras Municipais, GNR, Exército e Equipas de Sapadores Florestais, foram executadas queimas controladas, melhorada a rede primária, criação e limpeza de faixas de contenção, desenvolvidas ações de silvicultura preventiva, criação e manutenção de pontos de água, entre outras.
Muito importante foi também a ação da Polícia Judiciária e GNR no intenso e meticuloso trabalho de identificação e detenção de indivíduos suspeitos, servindo, naturalmente, como fator dissuasor de possíveis incendiários.
Outro fator importante foi a grande aposta ao nível da Formação dos Bombeiros do distrito de Viseu. Relembra-se que entre o final de 2013 e o início do DECIF 2014 foram realizadas 92 Ações de Formação e Treino Operacional para cerca de 1300 bombeiros do distrito que, naturalmente se encontram mais e melhor preparados para enfrentar situações de risco, inerentes a quem desenvolve esta atividade.
Finalmente verificou-se uma enorme evolução e melhoria na relação, cooperação e articulação dos vários Agentes de Proteção Civil do distrito de Viseu nos vários Teatros de Operações (TO), resultado de formações, parcerias e outras ações conjuntas que visaram implementar e melhorar o conhecimento pessoal e formas de atuação no terreno.
Este ano 2014, e durante o Estados de Alerta Especial (EAE), ou seja nos períodos de maior probabilidade de ocorrência de incêndios florestais, foi implementada uma medida inovadora que consistiu no pré posicionamento de meios, nomeadamente através de 2 Grupos de Combate a Incêndios Florestais, um a norte e outro a sul do distrito de Viseu. Foi uma aposta ganha e que muito provavelmente será repetida e reforçada no próximo ano 2015, pois garantiu-se e constatou-se maior rapidez e capacidade de intervenção nos incêndios onde foram chamados a atuar.
Em 2014, o distrito de Viseu foi o que mais participou em Grupos de Reforço a Incêndios Florestais (GRIF) para apoio a outros distritos, nomeadamente com o envio de seis (06) GRIF. Quatro (04) GRIF para o distrito de Coimbra, um (01) GRIF para o distrito da Guarda e (01) GRIF para o distrito de Bragança. Tal facto significa que, para além de dar resposta aos vários incêndios que ocorreram no distrito de Viseu, foi possível auxiliar outros distritos, num esforço verdadeiramente notável e que demonstra a enorme disponibilidade, solidariedade, competência e capacidade de mobilização dos bombeiros do distrito de Viseu.
(Um GRIF é constituído por 30 bombeiros e 08 viaturas.)
Relembra-se que neste ano 2014, no distrito de Viseu, estiveram envolvidos 650 operacionais e 150 viaturas, entre Bombeiros, GIPS/GNR e Equipas de Sapadores Florestais.
Durante a Fase Charlie (Julho a Setembro) foram constituídas e prontas a intervir, em permanência, 61 Equipas de Combate a Incêndios (ECIN) e 21 Equipas Logísticas de Apoio ao Combate (ELAC), num total de cerca de 350 Bombeiros, apoiados por 85 viaturas.
No distrito de Viseu estiveram igualmente posicionados seis (06) meios aéreos: três (03) Helicópteros Ligeiros, um (01) Helicóptero Pesado e dois (02) aviões anfíbios médios.
Podemos garantir que o DECIF 2015 já começou a ser preparado.
Não se pode, nem deve, “adormecer” nos resultados de 2014.
É um imperativo continuar a apostar na formação e segurança dos Bombeiros, nas ações de prevenção e sensibilização, na manutenção e limpeza da floresta. São fatores que fazem parte de um processo contínuo e permanente, pois a proteção e socorro das populações assim o exige.
O Comandante Operacional Distrital de Viseu
Lúcio Campos
TCor