Não existem palavras nem traduções, apenas os sinais que se lêem nas feições, de quem dos bombeiros precisa e conta, nas horas, dias, e meses de angustia em todas as missões de protecção e socorro em que os Bombeiros Portugueses, diariamente, em todas as horas, dias e meses respondem ao toque da sirene sem hesitar.
Não esperam medalhas, nem louvores, avançam, mesmo quando não lhes é reconhecido o mérito e o respeito de Portugal. Mas avançam, porque são Bombeiros, são simples cidadãos que um dia se tornaram extraordinários.
Porque um bombeiro não é um simples cidadão,e porque a nossa força, os nossos valores, a nossa doutrina têm um valor incalculável, e porque só quem é ou foi bombeiro chora as nossas baixas de uma forma que mais ninguém poderá compreender, fica esta humilde mas sentida homenagem, a todos os nossos camaradas que tombaram em serviço do próximo, de Portugal e dos Portugueses.
Fica a minha homenagem, a estes homens e mulheres que um dia, foram simples cidadãos, mas que se tornaram e tombaram como cidadãos extraordinários que são, os nossos camaradas Bombeiros de Portugal.
Nos últimos tempos, muito se tem falado acerca do silêncio dos PR e PM relativamente aos bombeiros mortos em serviço. Em contraponto com os públicos e rasgados elogios às personalidades mais mediáticas de outras áreas entretanto também falecidas.
Entretanto, o PR, sem nunca dar a cara às criticas que lhe são feitas, veio por comunicado, explicar que transmitiu as condolências às famílias e camaradas mais directos de forma pessoal (embora através de um assessor e com o comandante do CB pelo meio e por via de um telefone a coisa seja tão pessoal quanto aquele abraço que enviamos por e-mail). Coisa intima, portanto!
Para o cidadão mais imparcial, esta é uma explicação que poderá fazer algum sentido.
Ainda assim, carregada de duvidas, senão vejamos:
1º- Toda a gente sabe que "Quem quer, vai. Quem não quer, telefona".
2º- As condolências sendo pessoais, dão-se... pessoalmente! Não há lugar aqui para assessor nenhum. No seguimento disto, para as famílias seria muito mais reconfortante ter o seu presidente a transmitir-lhes, pela sua voz, as palavras possíveis num momento tão difícil, a ter em qualquer porta-voz, a verbalizar o que provavelmente nem foi dito pelo PR mas sim, o que está no protocolo. Ou seja, uma mensagem de condolências despersonalizada.
O PM foi mais inteligente. Aquando da sua visita à sede da ANPC, fez uma intervenção em que lamentou a morte dos bombeiros, e lembrou que a morte destes é uma consequência infeliz. Concordo. A morte de um bombeiro é sempre lamentável e um factor a considerar sempre que vai para um teatro de operações. É assim em todas as profissões de risco, mas a nossa profissão é considerada uma profissão de risco???
Apreciei a sua serenidade, a não fuga à questão colocada e a ausência de dramatismos.
Há agora quem entretanto venha para a comunicação social fazer uma defesa difícil do que é, quanto a mim, indefensável. Ao falarem de um possível aproveitamento politico sobre esta matéria, creio que estão a ser demasiado criativos e até a desculpabilizar o PR pelos seus métodos discutíveis de fazer as coisas.
Os bombeiros nunca veriam na transmissão de condolências ou, na presença nas cerimónias fúnebres uma oportunidade de aproveitamento politico mas sim o cumprimento do dever do mais alto representante da nação. Afinal é para isso que ele também serve.
Escusado será dizer, que o PR é que que está mandatado pelos Portugueses para fazer esse agradecimento e mostrar solidariedade para com as famílias, mostrando ao longo deste dias que os havia representado da melhor forma. Não o fez.
As criticas pelo seu silencio vindas dos bombeiros são legitimas. Quanto a outros grupos com interesses políticos, perdem a razão de existir. Estes, provavelmente terão as suas culpas bem visíveis no tempo, se tivermos em atenção que três forças politicas revezaram-se no poder desde 1974 e pouco ou nada foi feito para reverter a situação calamitosa que vivemos especialmente a cada Verão.
Os bombeiros, não se movem por uma ideologia politica, não actuam sob um único credo religioso nem defendem uma só cor desportivamente associada. Somos uma classe eclética que respeitosamente cumpre as directivas emanadas pelo poder central, seja ele de que partido for. Porque o nosso interesse é apenas este: Salvar vidas e servir a nação.
Para os que ainda pensam que os ataques ao PR são infundados, eu apelo ao bom senso de cada um. Peçam que vejam o que fazem outros lideres mundiais, que vão ao terreno, que cumprem o seu dever. Se não for para representar todos os Portugueses em todas as alturas, eu pergunto-vos: Para que serve um PR que apenas segue o seu instinto sem nunca dar ouvidos aos seus compatriotas? Para mim um bom exemplo, é o presidente dos Estados Unidos, bem, mas esse é um Senhor...
Mas a minha mensagem hoje é para os nossos camaradas falecidos por isso não vale a pena desviar as atenções para quem não as merece, porque se existe medida para a grandeza dos homens ela revela-se na grandeza daquilo que cada um faz ou pode fazer. E um grande Homem é sempre aquele que realiza coisas maiores do que ele próprio, que se ultrapassa, que se dá aos outros, que se dá à comunidade, que dá a sua vida pela vida dos outros.
O Bernardo, a Rita, o Pedro, o António e a Cátia, nortearam sempre a sua conduta em prol do ideal de serviço à comunidade com total disponibilidade e dedicação e colocaram continuadamente o melhor de si próprios ao serviço dos outros, sem outra pretensão que não fosse o gosto de dever cumprido.
Eles que tombaram no cumprimento desta exigente, perigosa e desgastante missão, simbolizam a grandeza dos Bombeiros de Portugal e merecem o respeito e o aplauso de todos (eu repito... Todos) os portugueses...
Os tempos que se seguem não estão a ser seguramente mais fáceis!
Mas apesar da tragédia, não desistiremos Nunca, porque é em momentos como estes que a tenacidade, a determinação e a confiança não podem esmorecer. É em momentos como estes, que nos obrigamos a um esforço suplementar pelos valores que norteiam os Bombeiros de Portugal, continuando, sem hesitações, com firmeza mas em segurança, a proteger as pessoas, o seu património e um bem estratégico do país que é a nossa floresta.
Bernardo, Rita, Pedro, António e Cátia
Acompanhando o pensamento de todos os que directa ou indirectamente usufruíram da vossa actuação, da vossa generosidade, das vossas capacidades e do vosso altruísmo...
Acompanhando o pensamento de todos os vossos companheiros que vos acompanharam nas horas difíceis de combate aos incêndios florestais...
Acompanhando o pensamento dos vossos familiares e amigos... de pé e em sentido quero dizer-vos...
Onde quer que estejam... Obrigado
Não é um adeus, mas sim um até ja...
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