Bebé de dois anos morre afogada num tanque - VIDA DE BOMBEIRO

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sábado, 27 de julho de 2013

Bebé de dois anos morre afogada num tanque


25 de Julho de 2010


Por norma não costumo escrever sobre situações em que não estive directamente envolvido, mas porque alguém muito chegado há menina (pai) me pediu para o fazer, achando uma honra que o fizesse, então decidi escrever aqui o testemunho de quem lá esteve, mas antes disso deixo-vos aqui a informação que consegui recolher sobre o incidente.

Uma menina de dois anos foi encontrada morta a boiar num tanque, numa quinta rural no lugar de Juncosa , em Rio de Moinhos. O pai ao aperceber-se que a bebé tinha caído à agua, mergulhou e tentou salvá-la, mas já não conseguiu. A família mora numa quinta rural, e o pai Joaquim Soares  estava dentro de casa na companhia da mulher, Fátima Manuela.


Por volta das 19 horas, Joaquim resolveu ir deitar comer às ovelhas e foi espreitar a filha, Mariana Beatriz de dois anos, que ficara como era habitual, a brincar no exterior da casa. Quando saiu encontrou um cenário de horror, a menina boiava, já quase sem vida, num tanque de água junto à casa. Um primo que chegara, entretanto, assistiu à tentativa do pai em salvar a menina. Com efeito desesperado, Joaquim atirou-se à água e tirou a filha tentando reanimá-la, a mãe ligou imediatamente para o 112, mas sem êxito, até que um tio da menina telefonou para os Bombeiros de Entre-os-Rios. Eram 19:12 horas.
Os bombeiros foram rápidos a chegar ao local e ainda tentaram reanimar a menina, mas o INEM demorou muito tempo a chegar, afirmam os familiares.
O tanque de regadio tem uma rede de protecção em vários pontos, excepto num espaço à face do terreno de lavradio e terá sido por aí que a menina entrou. Já com a equipa médica do INEM no local, os familiares queriam também, que fosse socorrido o pai da menina, que entretanto sofreu um ataque de epilepsia.
Os pais da criança acabaram por ser transportados para o hospital de Penafiel onde receberam assistência médica.
A tragédia causou profunda dor em Rio de Moinhos. A família, embora humilde, é muito querida e respeitada pela comunidade local. A pequena Mariana Beatriz era filha única, fruto de um segundo casamento de Joaquim Soares com Fátima Manuela Ribeiro.


Agora deixo-vos o desenvolvimento do nosso trabalho na pessoa de Filipe Almeida Nº 102.

Eram 19:13 horas quando fomos alertados para um afogamento, supostamente uma criança tinha caído a um tanque em Juncosa Rio de Moinhos, imediatamente saiu uma equipa de quatro elementos para o local numa viatura de emergência.

"Quando lá chegamos encontramos a menina já fora do tanque deitada no chão, tinha sido retirada pelo pai que continuava agarrado ao braço da menina dizendo que ela ainda tinha pulso, e que a filha ia sobreviver, tinha que sobreviver. Imediatamente iniciamos manobras de reanimação.
Depois de iniciarmos com as manobras colocamos a menina dentro da nossa viatura e continuamos com as mesmas até há chegada da viatura médica do INEM. Durante todo o RCP tive o cuidado de verificar a cavidade oral, onde existiam várias bolinhas vermelhas, fruto de uma árvore que tinha por cima do tanque, e então tive sempre o cuidado de aspirar a menina, mas os sinais de vida eram nulos.
Depois da chegada da equipa medica, informamos sobre a situação que tínhamos, e com ordem do médico, demos inicio ao transporte da menina para o hospital de Penafiel. Enquanto tudo isto se desenrolava, o pai sofreu um ataque de epilepsia acabando por ter que ser transportado ao hospital por outra viatura.
Durante todo o caminho fizemos manobras de reanimação, mas infelizmente sem sucesso. O hospital de Penafiel estava em alerta já há nossa espera e entramos directamente para a sala de reanimação, mas infelizmente já nada havia a fazer pela pequena Mariana.
Já na sala de reanimação, o que mais me custou foi ver os enfermeiros a preparar a menina para ir para a morgue, é uma imagem que nunca mais esquecerei.

Esta foi uma situação um pouco delicada para mim, pois foi a primeira criança que perdi, que não consegui fazer praticamente nada por ela, e estas coisas marcam-nos para sempre, para toda a vida.
Andei uma semana que parecia que nada fazia sentido, a imagem da pequena Mariana não me saía da cabeça, não é suposto uma criança de dois anos morrer desta forma. Nesta mesma altura tinha nascido a minha sobrinha, e num curto espaço de tempo vivi o misto da alegria e da tristeza, a alegria do nascimento da minha sobrinha, e a tristeza pela perda desta menina, que é com toda a certeza um anjo no céu a velar por todos nós.

Aos pais, deixo uma mensagem de conforto e carinho, agora que estão passados três anos, digo-vos que ainda hoje é o dia que me lembro com regularidade da pequena Mariana, e nunca duvidem de nós, porque fizemos tudo o que estava ao nosso alcance pela Mariana, mas infelizmente já nada havia a fazer. É triste perder um filho desta forma, e se a mim me custa desta forma eu não quero nem imaginar o quanto vos custa a vocês.
Para vocês deixo o meu abraço amigo de conforto e de carinho, e não chorem pela Mariana, não chorem, porque ela é um anjo no céu a olhar por todos nós."




Como podem ver mudam os intervenientes mas a paixão e a dedicação é a mesma, este é o nosso destino, este é o nosso lema "Vida Por Vida".
Para os pais da pequena Mariana Beatriz, deixo aqui o meu abraço solidário, e tenham muita força, nesta vossa perda, e acreditem que a Mariana é com toda a certeza um anjo no céu a olhar por vocês.
Para ti meu amigo e pai da Mariana, Joaquim Soares, deixo um abraço especial, e como tu mesmo me dizias, a Mariana merece esta homenagem. 


"Esteja ela onde estiver eu estarei com ela, e ela comigo"
por Joaquim Soares (pai da menina)



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