25 de Julho de 2010
Por norma não costumo escrever sobre situações em que não estive directamente envolvido, mas porque alguém muito chegado há menina (pai) me pediu para o fazer, achando uma honra que o fizesse, então decidi escrever aqui o testemunho de quem lá esteve, mas antes disso deixo-vos aqui a informação que consegui recolher sobre o incidente.
Uma menina de dois anos foi encontrada morta a boiar num tanque, numa quinta rural no lugar de Juncosa , em Rio de Moinhos. O pai ao aperceber-se que a bebé tinha caído à agua, mergulhou e tentou salvá-la, mas já não conseguiu. A família mora numa quinta rural, e o pai Joaquim Soares estava dentro de casa na companhia da mulher, Fátima Manuela.
Por volta das 19 horas, Joaquim resolveu ir deitar comer às ovelhas e foi espreitar a filha, Mariana Beatriz de dois anos, que ficara como era habitual, a brincar no exterior da casa. Quando saiu encontrou um cenário de horror, a menina boiava, já quase sem vida, num tanque de água junto à casa. Um primo que chegara, entretanto, assistiu à tentativa do pai em salvar a menina. Com efeito desesperado, Joaquim atirou-se à água e tirou a filha tentando reanimá-la, a mãe ligou imediatamente para o 112, mas sem êxito, até que um tio da menina telefonou para os Bombeiros de Entre-os-Rios. Eram 19:12 horas.
Os bombeiros foram rápidos a chegar ao local e ainda tentaram reanimar a menina, mas o INEM demorou muito tempo a chegar, afirmam os familiares.
O tanque de regadio tem uma rede de protecção em vários pontos, excepto num espaço à face do terreno de lavradio e terá sido por aí que a menina entrou. Já com a equipa médica do INEM no local, os familiares queriam também, que fosse socorrido o pai da menina, que entretanto sofreu um ataque de epilepsia.
Os pais da criança acabaram por ser transportados para o hospital de Penafiel onde receberam assistência médica.
A tragédia causou profunda dor em Rio de Moinhos. A família, embora humilde, é muito querida e respeitada pela comunidade local. A pequena Mariana Beatriz era filha única, fruto de um segundo casamento de Joaquim Soares com Fátima Manuela Ribeiro.
Agora deixo-vos o desenvolvimento do nosso trabalho na pessoa de Filipe Almeida Nº 102.
Eram 19:13 horas quando fomos alertados para um afogamento, supostamente uma criança tinha caído a um tanque em Juncosa Rio de Moinhos, imediatamente saiu uma equipa de quatro elementos para o local numa viatura de emergência.
"Quando lá chegamos encontramos a menina já fora do tanque deitada no chão, tinha sido retirada pelo pai que continuava agarrado ao braço da menina dizendo que ela ainda tinha pulso, e que a filha ia sobreviver, tinha que sobreviver. Imediatamente iniciamos manobras de reanimação.
Depois de iniciarmos com as manobras colocamos a menina dentro da nossa viatura e continuamos com as mesmas até há chegada da viatura médica do INEM. Durante todo o RCP tive o cuidado de verificar a cavidade oral, onde existiam várias bolinhas vermelhas, fruto de uma árvore que tinha por cima do tanque, e então tive sempre o cuidado de aspirar a menina, mas os sinais de vida eram nulos.
Depois da chegada da equipa medica, informamos sobre a situação que tínhamos, e com ordem do médico, demos inicio ao transporte da menina para o hospital de Penafiel. Enquanto tudo isto se desenrolava, o pai sofreu um ataque de epilepsia acabando por ter que ser transportado ao hospital por outra viatura.
Durante todo o caminho fizemos manobras de reanimação, mas infelizmente sem sucesso. O hospital de Penafiel estava em alerta já há nossa espera e entramos directamente para a sala de reanimação, mas infelizmente já nada havia a fazer pela pequena Mariana.
Já na sala de reanimação, o que mais me custou foi ver os enfermeiros a preparar a menina para ir para a morgue, é uma imagem que nunca mais esquecerei.
Esta foi uma situação um pouco delicada para mim, pois foi a primeira criança que perdi, que não consegui fazer praticamente nada por ela, e estas coisas marcam-nos para sempre, para toda a vida.
Andei uma semana que parecia que nada fazia sentido, a imagem da pequena Mariana não me saía da cabeça, não é suposto uma criança de dois anos morrer desta forma. Nesta mesma altura tinha nascido a minha sobrinha, e num curto espaço de tempo vivi o misto da alegria e da tristeza, a alegria do nascimento da minha sobrinha, e a tristeza pela perda desta menina, que é com toda a certeza um anjo no céu a velar por todos nós.
Aos pais, deixo uma mensagem de conforto e carinho, agora que estão passados três anos, digo-vos que ainda hoje é o dia que me lembro com regularidade da pequena Mariana, e nunca duvidem de nós, porque fizemos tudo o que estava ao nosso alcance pela Mariana, mas infelizmente já nada havia a fazer. É triste perder um filho desta forma, e se a mim me custa desta forma eu não quero nem imaginar o quanto vos custa a vocês.
Para vocês deixo o meu abraço amigo de conforto e de carinho, e não chorem pela Mariana, não chorem, porque ela é um anjo no céu a olhar por todos nós."
Depois de iniciarmos com as manobras colocamos a menina dentro da nossa viatura e continuamos com as mesmas até há chegada da viatura médica do INEM. Durante todo o RCP tive o cuidado de verificar a cavidade oral, onde existiam várias bolinhas vermelhas, fruto de uma árvore que tinha por cima do tanque, e então tive sempre o cuidado de aspirar a menina, mas os sinais de vida eram nulos.
Depois da chegada da equipa medica, informamos sobre a situação que tínhamos, e com ordem do médico, demos inicio ao transporte da menina para o hospital de Penafiel. Enquanto tudo isto se desenrolava, o pai sofreu um ataque de epilepsia acabando por ter que ser transportado ao hospital por outra viatura.
Durante todo o caminho fizemos manobras de reanimação, mas infelizmente sem sucesso. O hospital de Penafiel estava em alerta já há nossa espera e entramos directamente para a sala de reanimação, mas infelizmente já nada havia a fazer pela pequena Mariana.
Já na sala de reanimação, o que mais me custou foi ver os enfermeiros a preparar a menina para ir para a morgue, é uma imagem que nunca mais esquecerei.
Esta foi uma situação um pouco delicada para mim, pois foi a primeira criança que perdi, que não consegui fazer praticamente nada por ela, e estas coisas marcam-nos para sempre, para toda a vida.
Andei uma semana que parecia que nada fazia sentido, a imagem da pequena Mariana não me saía da cabeça, não é suposto uma criança de dois anos morrer desta forma. Nesta mesma altura tinha nascido a minha sobrinha, e num curto espaço de tempo vivi o misto da alegria e da tristeza, a alegria do nascimento da minha sobrinha, e a tristeza pela perda desta menina, que é com toda a certeza um anjo no céu a velar por todos nós.
Aos pais, deixo uma mensagem de conforto e carinho, agora que estão passados três anos, digo-vos que ainda hoje é o dia que me lembro com regularidade da pequena Mariana, e nunca duvidem de nós, porque fizemos tudo o que estava ao nosso alcance pela Mariana, mas infelizmente já nada havia a fazer. É triste perder um filho desta forma, e se a mim me custa desta forma eu não quero nem imaginar o quanto vos custa a vocês.
Para vocês deixo o meu abraço amigo de conforto e de carinho, e não chorem pela Mariana, não chorem, porque ela é um anjo no céu a olhar por todos nós."
Como podem ver mudam os intervenientes mas a paixão e a dedicação é a mesma, este é o nosso destino, este é o nosso lema "Vida Por Vida".
Para os pais da pequena Mariana Beatriz, deixo aqui o meu abraço solidário, e tenham muita força, nesta vossa perda, e acreditem que a Mariana é com toda a certeza um anjo no céu a olhar por vocês.
Para ti meu amigo e pai da Mariana, Joaquim Soares, deixo um abraço especial, e como tu mesmo me dizias, a Mariana merece esta homenagem.
"Esteja ela onde estiver eu estarei com ela, e ela comigo"
por Joaquim Soares (pai da menina)
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