21 de Setembro de 2012
Eram quase sete da manhã quando o telefone tocou na camarata, do outro lado o chefe Vitorino chamava-nos com urgência para um incêndio urbano ao mesmo tempo que já ia tocando a sirene.
Rapidamente nos equipamos e como chefe de equipa fui saber onde era o incêndio, qual o meu espanto quando o chefe Vitorino me disse que era em casa do Sr. Ercilio, local este que é mais conhecido pela Casa do policia.
Completamente equipados lá saímos nós para o local, pelo caminho enquanto colocávamos os ARICAS fui alertando o resto da equipa para os perigos que poderíamos encontrar no local, pois sendo esta uma loja onde se vende um pouco de tudo, tínhamos que estar sempre a contar com o pior. Não sei porquê mas algo me dizia que este ia ser dos "bravos", sim porque felizmente temos muitos incêndios que pouco nos dão que fazer, mas neste eu tinha um pressentimento que ia ser diferente, e não me enganei.
Ainda nós estávamos bastante longe do local e já se conseguia ver o fumo e sentir o cheiro a queimado, decididamente tive a certeza que este não seria um incêndio qualquer. Uma vez mais falei com o resto da equipa, para os perigos que se poderia encontrar. Quando estávamos quase a chegar, já víamos as chamas a sair pela janela, mas pelo menos uma coisa já conseguia perceber, o incêndio não era na loja, o que para nós já seria muito melhor.
Logo após a nossa chegada reposicionámos a nossa viatura, e imediatamente me preparei para entrar na habitação, o Tozé também estava pronto e equipado e então entrou comigo.
Preparámos uma linha de água e depois de saber pela Belita (filha do proprietário) de que não haveria ninguém no seu interior, demos inicio à nossa busca primária.
Mal entrámos na habitação sentimos uma temperatura elevadíssima sinal de que este já deveria estar a arder à muito tempo. Fomos progredindo muito lentamente, pois além da elevada temperatura, o ARICA naquele dia parecia que pesava mais do que o costume, talvez pela hora matinal, talvez por nos termos levantado em alvoroço, o que é certo é que eu a sentia muito mais pesada. Passado uns minutos de termos entrado conseguimos encontrar o quadro eléctrico e este já se tinha desligado, de seguida conseguimos detectar o incêndio, estava confinado a um quarto, mas este estava completamente envolto em chamas, preparei a agulheta e dei inicio ao ataque. A primeira água que lancei sobre o fogo criou-nos grandes problemas, pois esta praticamente começou a ferver e a evaporar-se o que fez que a temperatura subisse ainda mais, o que nos levou a ter que recuar.
Aguardamos uns minutos e voltámos a entrar, recomecei novamente o ataque, mas agora já tinha ajuda dos meus colegas que conseguiram montar uma linha de água pela parte de fora.
Rapidamente nos equipamos e como chefe de equipa fui saber onde era o incêndio, qual o meu espanto quando o chefe Vitorino me disse que era em casa do Sr. Ercilio, local este que é mais conhecido pela Casa do policia.
Completamente equipados lá saímos nós para o local, pelo caminho enquanto colocávamos os ARICAS fui alertando o resto da equipa para os perigos que poderíamos encontrar no local, pois sendo esta uma loja onde se vende um pouco de tudo, tínhamos que estar sempre a contar com o pior. Não sei porquê mas algo me dizia que este ia ser dos "bravos", sim porque felizmente temos muitos incêndios que pouco nos dão que fazer, mas neste eu tinha um pressentimento que ia ser diferente, e não me enganei.
Logo após a nossa chegada reposicionámos a nossa viatura, e imediatamente me preparei para entrar na habitação, o Tozé também estava pronto e equipado e então entrou comigo.
Preparámos uma linha de água e depois de saber pela Belita (filha do proprietário) de que não haveria ninguém no seu interior, demos inicio à nossa busca primária.
Mal entrámos na habitação sentimos uma temperatura elevadíssima sinal de que este já deveria estar a arder à muito tempo. Fomos progredindo muito lentamente, pois além da elevada temperatura, o ARICA naquele dia parecia que pesava mais do que o costume, talvez pela hora matinal, talvez por nos termos levantado em alvoroço, o que é certo é que eu a sentia muito mais pesada. Passado uns minutos de termos entrado conseguimos encontrar o quadro eléctrico e este já se tinha desligado, de seguida conseguimos detectar o incêndio, estava confinado a um quarto, mas este estava completamente envolto em chamas, preparei a agulheta e dei inicio ao ataque. A primeira água que lancei sobre o fogo criou-nos grandes problemas, pois esta praticamente começou a ferver e a evaporar-se o que fez que a temperatura subisse ainda mais, o que nos levou a ter que recuar.
Aguardamos uns minutos e voltámos a entrar, recomecei novamente o ataque, mas agora já tinha ajuda dos meus colegas que conseguiram montar uma linha de água pela parte de fora.
Foi aqui que apanhei um dos maiores sustos da minha vida, enquanto íamos lançando água sobre as chamas o tecto desabou literalmente, e mais uma vez fomos forçados a recuar, posso dizer-vos que tivemos muita sorte, porque tive o cuidado de me manter sempre por debaixo da porta e não da parte de dentro da divisão que estava a arder. Com a queda do tecto dei por mim a pensar, "bem, esta foi por pouco". Quantas e quantas vezes isto não nos acontece, e tudo em prol dos outros. A minha respiração estava ofegante, muito ofegante por detrás da peça facial, sentia o suor a escorrer pela minha cara abaixo, estava com uma sede descomunal, mas lá nos aguentámos.
Passado um bom par de minutos tínhamos o incêndio completamente dominado, e então achou-se por bem que fossemos substituídos por elementos que se encontravam no exterior, e assim fizemos.
Bem quando cheguei cá fora senti um grande alivio, retirei o ARICA das costas, passei um pano no rosto, e bebi um pouco de água, estava de rastos, completamente de rastos, olhei para o Tóze e não estava muito melhor que eu, o calor lá dentro era infernal, quase insuportável, de tal forma que todos os outros compartimentos ficaram com rachadelas nas paredes devido à alta temperatura. Foi uma sorte não estar ninguém dentro da habitação, porque se estivesse lá alguém, o desfecho seria muito trágico.
Já com o incêndio extinto começamos a fazer busca secundária e remoção de destroços, não imaginam o estado de destruição da casa. Eu pessoalmente apesar da gravidade da situação, pensei que ia ser pior, pois sempre pensei que o incêndio era na loja, hoje digo-vos "graças a Deus que não foi".
Foi um incêndio de combate difícil, e apesar de todo o cansaço valeu a pena, porque conseguimos que este não alastrasse ao resto da habitação, e depois de todo aquele trabalho duro, acreditem que não há nada melhor do que chegar o comandante junto de vocês e dizer-vos "parabéns, fizeram um bom trabalho", digo-vos de coração estas palavras são o melhor que podem receber no final de uma situação destas, mas melhor ainda é quando o proprietário chega ao pé de vocês e vos dá um forte e sentido abraço e vos diz "Obrigado, muito obrigado por tudo, apesar de tudo isto salvaram a minha casa. Obrigado".
Quem já passou por situações destas sabe muito bem do que estou a falar, pois não há melhor agradecimento ao nosso trabalho, do que um sentido Obrigado.
Quero deixar aqui uma palavra amiga aos proprietários da habitação, em especial à Belita Soares (filha do proprietário), não só pelo apoio demonstrado no dia, mas também na compreensão de todos os factores que nos são alheios enquanto chegámos ao local, sim porque para quem espera por vezes cinco minutos parecem uma hora. Desde já o meu obrigado por tudo, e muito obrigado por gentilmente cederes as fotos para colocar neste post.
Deixo-vos também o texto de uma pequena "entrevista" que tive com a Belita para tentar saber alguns pormenores secundários sobre o incêndio.
Mais uma vez, Belita, obrigado pela atenção e pelo tempo disponibilizado para que pudesse escrever este post com muito mais precisão dos factos.
Passado um bom par de minutos tínhamos o incêndio completamente dominado, e então achou-se por bem que fossemos substituídos por elementos que se encontravam no exterior, e assim fizemos.
Bem quando cheguei cá fora senti um grande alivio, retirei o ARICA das costas, passei um pano no rosto, e bebi um pouco de água, estava de rastos, completamente de rastos, olhei para o Tóze e não estava muito melhor que eu, o calor lá dentro era infernal, quase insuportável, de tal forma que todos os outros compartimentos ficaram com rachadelas nas paredes devido à alta temperatura. Foi uma sorte não estar ninguém dentro da habitação, porque se estivesse lá alguém, o desfecho seria muito trágico.
Foi um incêndio de combate difícil, e apesar de todo o cansaço valeu a pena, porque conseguimos que este não alastrasse ao resto da habitação, e depois de todo aquele trabalho duro, acreditem que não há nada melhor do que chegar o comandante junto de vocês e dizer-vos "parabéns, fizeram um bom trabalho", digo-vos de coração estas palavras são o melhor que podem receber no final de uma situação destas, mas melhor ainda é quando o proprietário chega ao pé de vocês e vos dá um forte e sentido abraço e vos diz "Obrigado, muito obrigado por tudo, apesar de tudo isto salvaram a minha casa. Obrigado".
Quem já passou por situações destas sabe muito bem do que estou a falar, pois não há melhor agradecimento ao nosso trabalho, do que um sentido Obrigado.
Quero deixar aqui uma palavra amiga aos proprietários da habitação, em especial à Belita Soares (filha do proprietário), não só pelo apoio demonstrado no dia, mas também na compreensão de todos os factores que nos são alheios enquanto chegámos ao local, sim porque para quem espera por vezes cinco minutos parecem uma hora. Desde já o meu obrigado por tudo, e muito obrigado por gentilmente cederes as fotos para colocar neste post.
Deixo-vos também o texto de uma pequena "entrevista" que tive com a Belita para tentar saber alguns pormenores secundários sobre o incêndio.
Mais uma vez, Belita, obrigado pela atenção e pelo tempo disponibilizado para que pudesse escrever este post com muito mais precisão dos factos.
J.F- Como deram conta do incêndio?
B.S- Quem detectou que estava a arder, foi a Sra. Eugenia (vizinha) que por volta das sete menos dez veio à varanda dela que fica virada para o quarto que ardeu, dizendo ela que teve que olhar mais do que uma vez que parecia estar a ver uma coisa do outro mundo, as cortinas a pingar em labaredas como se fosse cera. De imediato acordou toda a gente aos gritos vindo aqui mesmo tocar à campainha para alertar os meus pais do que se estava a passar.
J.F- O que acham que originou o incêndio?
B.S- Isso é difícil saber , mas sendo num quarto provavelmente e o mais certo deve ter sido um curto circuito .
J.F- Os bombeiros foram rápidos? Acham que estiveram bem? O que poderia ter corrido melhor?
B.S- Quanto á rapidez dos bombeiros , foi mais do que excelente , pois fui eu que liguei para os bombeiros , ainda estava em minha casa e os mesmos chegaram a casa dos meus pais ao mesmo tempo que eu , sendo uma hora um pouco cedo , muitooooooo rápido conseguiram juntar o pessoal deles para nos vir acudir . Chegaram ao local , já preparados para tudo resolver , fizeram um excelente trabalho , eficaz e rápido de forma ao incêndio não se alastrar a outras partes da casa ou até mesmo á loja . Da parte dos bombeiros acho que não podia ter corrido melhor .
J.F- Qual é o sentimento quando se sofre um incêndio destes em casa?
B.S- É difícil , muito difícil , doloroso mesmo , sem que haja qualquer tipo de explicação , os meus pais viram ir pelos ares quase tudo o que levou muitos anos a construir , quer a nível pessoal , monetário , assim como sentimental , posso-te dizer que esta perda conseguiu envelhecer os meus pais 10 anos , pois são umas pessoas que sempre trabalharam para ter o que tem . Hoje é o dia que olhamos para esta casa e parece que não estamos na mesma , apesar de já ter passado alguns meses , ainda continua o cheiro a queimado aqui dentro . É Horrível .
J.F- Há algum agradecimento que queiram fazer? Alguma sugestão que queiram deixar?
B.S- Claro que nós temos que agradecer a quem nos alertou do que se estava a passar , mas principalmente temos que agradecer do fundo do coração aos Bombeiros Voluntários de Entre- os -Rios que apesar da rapidez a chegar ao local , "arregaçaram " as mangas de imediato para combater o incêndio , utilizando todas as alternativas de combate ao mesmo , por vezes até mesmo colocando a vida deles em risco pelos outros , como aconteceu aqui que devido à tentativa de combate imediato ainda houve um elemento da corporação que se sentiu mal devido à temperatura que estava dentro da casa . BEM HAJAM todos os bombeiros , nunca se arrependam de ajudar , vocês são fundamentais na vida de toda a comunidade . Obrigada a todos.
Atenção que um curto circuito por si só raramente causa um incêndio! A mais comum causa de incêndios de origem elétrica é o sobreaquecimento devido a avarias nos sistemas de proteção, nas resistências ou nas bobinas.
ResponderEliminarObrigado amigo José.
EliminarMeu grande amigo não tenho palavras para descrever o tão feliz que estou ao ver o teu trabalho tão bem elaborado. Espero que continues porque estás no bom caminho para poderes escrever o teu tão desejado livro.
ResponderEliminarUm grande abraço.
Jorge Mendes
Meu amigo Jorge é para mim uma felicidade enorme saber que segues o meu trabalho.
EliminarUm grande abraço.