Queda de 10 Metros Provoca Um Ferido Grave - VIDA DE BOMBEIRO

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sábado, 6 de abril de 2013

Queda de 10 Metros Provoca Um Ferido Grave

1 de Julho de 2002


Estava uma manhã linda de Sol, e tudo indicava que o dia ia ser quente.
Eram quase 8.30 da manhã e o telefone tocou, do outro lado era dada a indicação que alguém tinha caído numa obra em Alpendurada, pensei para mim, "começa bem o dia", mas lá fomos para o local ainda sem saber bem o que se passava, na ABSC-02.

Fui eu e a Isaura e apesar da hora da manhã a temperatura já era considerável o que nos obrigava já a levar os vidros abertos, saímos do quartel (antigo) e logo cerca de 200 metros à frente aconteceu o inesperado, no cruzamento que dá acesso para Penafiel encontro duas viaturas paradas sendo o ultimo um jipe (mitsubishi pajero). Ao ver estas viaturas paradas comecei a travar, mas a viatura não obedeceu o que nos levou a embater com violência na traseira do jipe, esta viatura desde sempre que teve um problema com os travões, e quis o destino que naquela hora nos deixasse ficar mal.
O condutor saíu para fora do jipe muito admirado com o sucedido, eu olhei para o painel de instrumentos da nossa viatura e este não acendeu qualquer luz de aviso, por isso pensei que não teria sido nada demais e então disse ao condutor do jipe para se deslocar ao quartel e que eu daria conhecimento do que tinha sucedido e que me dava como culpado, afinal eu tinha batido por trás.
Assim foi, dei conhecimento pelo rádio de comunicações para a central do que tinha acontecido e seguimos viagem para o local do incidente, eu nem imaginava de como estaria a frente da viatura, mas o que importava naquele momento era socorrer quem de nós precisava.
Passados cerca de quatro ou cinco minutos chegávamos finalmente ao local, e fomos encontrar o pai de um bombeiro nosso completamente estatelado no chão, tinha caído de um telhado com cerca de dez metros de altura, tinha várias fracturas nos membros inferiores, fractura de um membro superior e ainda um TVM (traumatismo vertebro medular), mas para mim o mais impressionante de tudo isto, é que esteve sempre consciente. Imagino as dores que deve ter passado e nem quero pensar em semelhante.
Local do acidente


Imobilizamos a nossa vitima e colocámo-la na viatura, na minha cabeça pairava ainda o "estouro" que tinha dado no jipe e dava por mim a pensar "será que a viatura não me vai deixar ficar mal, será que vou conseguir chegar ao hospital"? Eu tinha ido até ali e não se tinha passado nada de mal por isso comecei a convencer-me de que tudo iria correr bem.
Depois de efectuarmos todo o socorro à nossa vitima, iniciamos viagem até ao hospital de Penafiel, foi uma viagem lenta e um pouco demorada, não por ter receio que algo acontecesse com a viatura mas sim pela situação que tínhamos em mãos, o Gaspar desesperava com dores, e era uma agonia vê-lo assim. Viemos a saber por ele que depois de ter caído o irmão ainda o tentou levantar, o que nos levou a ter cuidados ainda mais redobrados, e ao mesmo tempo ia pensando "oxala já não tenham estragado tudo ao tentar levantá-lo", sim porque numa situação destas é imprescindivel que as vitimas se mexam o menos possível, e aproveito para alertar todos os leitores que numa situação de queda em altura não devem mexer nas vitimas nem dar nada a beber, e sim aguardar pelos meios de socorro.
Passado algum tempo chegámos ao hospital, foi uma viagem demorada mas tínhamos a consciência de que tínhamos feito um bom trabalho, fizemos passagem de dados, fomos levar o Gaspar à sala de trauma e quando tínhamos todo o material arrumado, pensei "está na hora de ir ver os estragos da viatura".
Bem, quando vi a frente, deitei a  mão Ã  cabeça, não queria acreditar no que os meu olhos viam, o capot parecia que tinha "asas" levantado nas pontas, a grelha da frente simplesmente desfeita, o pára-choques partido em dois lados, uma Ã³ptica também toda partida, resumindo a frente estava um caos mas felizmente não tinha afectado qualquer peça do motor.
Felizmente tudo correu pelo melhor, apesar de termos tido o acidente nada de grave nos aconteceu, mas nem sempre é assim, e muitas das vezes para irmos socorrer os outros acabámos por ser nós a ter que ser socorridos, sempre que somos chamados para alguma situação damos sempre o melhor de nós, tentamos sempre chegar o mais rápido possível e algumas vezes ainda nos dizem que demoramos muito, e ás vezes se soubessem pelo que passamos para chegar ao local em poucos minutos...
Quero salientar aqui que a nossa vitima felizmente ficou bem, está recuperado quase a cem por cento e faz uma vida normal. É para nós muito gratificante quando assim é, infelizmente nem todas as situações tem um final feliz, a nós cabe-nos a missão de socorrer de quem de nós precisa.
Aproveito a ocasião para deixar aqui um abraço ao Gaspar Bragança (nossa vitima) e tu sabes que fizémos tudo o que estava ao nosso alcance, e a prova disso mesmo é que estas recuperado praticamente a cem por cento, para ti Zé Carlos (filho), também aquele abraço que nos caracteriza como grandes amigos que somos, e desde já o meu muito obrigado pela tua prontidão e pelo teu entusiasmo quando te abordei para escrever sobre esta situação, para ti "my brother" um forte abraço.

Não posso também deixar de vos "pedir" que continuem acompanhar os parceiros da minha página "Vida de Bombeiro", que são eles:

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Desde já, em meu nome pessoal um muito, muito obrigado a todos.

7 comentários:

  1. Muito Bom... Parabéns!!!

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. O mais impressionante foi, mal a ambulância saiu a "tia São " vir para a entrada do quartel a pedir para eu lhe dizer a verdade porque tinha a certeza de que a ambulância ia para um dos filhos. Ela dizia que dera pressentimento de mãe.

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    1. Foi uma manha muito complicada, diga-se de passagem... O mais horrível é fazer uma transmissão de dados e solicitar VMER ou Hélio e não estar disponível. Conduzír a ambulância pode ser muito complicado mas os tripulantes passam cada minuto como se fossem horas... Correu pelo melhor :) Adjunto Isaura

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    2. É verdade Isaura é de louvar o trabalho dos socorristas mas tu sabes melhor que ninguém que há motoristas e motoristas... :)

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