Terça-feira 11 de Setembro de 2012
Não sei porquê mas logo pela manhã tive a sensação que alguma
coisa de diferente ia acontecer neste dia.
Passava pouco das 16h30 fomos chamados para um incêndio
urbano no edificio Tapado Novo, bem, este edificio provoca em mim uma certa
apreênsão, pois trata-se de um edificio de três andares, todo ele constituido
por apartamentos.Equipei-me e fui para o local no VLCI-05, quando lá chegámos tinhamos um incêndio no 2º andar e ouvi alguém dizer que a proprietária tinha entrado poucos minutos antes. Os meus sentidos despertaram mais do que já estavam, já com o ARICA às costas coloquei a peça facial, agarrei na manga de 25mm e entrei no edificio juntamente com a Rita.
Até ao segundo andar ainda fomos bem, mas quando chegámos ao
terceiro, já o fumo era muito intenso e a visibilidade era reduzida, pelo
caminho passou uma senhora por nós e fiquei a saber que era a proprietária da
habitação e que não haveria mais ninguém no seu interior, mas como sempre
fiquei na duvida porque poderia haver alguém no seu interior.
Quando chegámos junto da porta de entrada, já não se
conseguia ver mesmo nada, e então pedi à Rita que se mantivesse o mais junto a
mim possível, o fumo era muito intenso a temperatura muito elevada, consegui
vislumbrar o quadro electrico e certifiquei-me que este estava desligado,
sentia a minha respiração ofegante, a lanterna ia-me mostrando o caminho pelo
meio do muito fumo e fiz uma rápido reconhecimento para me certificar se
haveriam vitimas. Caminhavámos agachados e encostados à parede, à medida que
avançávamos sentia a temperatura a subir, e então pensei “o fogo não pode estar
longe” lá de fora ouvia o barulho das
sirenes dos outros carros a chegar, e sabia que com toda a certeza já outra
equipa se preparava para entrar.
Passámos um corredor e um hall que dava acesso à cozinha, e
mal entrei aqui pensei, “só pode ser aqui que está a arder” e não me enganei. À
minha frente conseguia deslumbrar as chamas e sentia o calor que delas
provinha, chamei pela Rita que tinha ficado um pouco para trás a puxar a manga,
quando chegou junto a mim avançámos mais um pouco e detectámos o fogo num dos
cantos da cozinha, rapidamente abri a água e em pouco mais de cinco minutos
extinguimos o incêndio. A cozinha estava completamente destruida. Além de ter
feito uma rápida extinção, já tinham ardido dois televisores, uma máquina de
lavar roupa, uma de secar e um móvel de cozinha. Consegui chegar junto da porta
de acesso à varanda, e finalmente pude ventilar um pouco o local. Enquanto tudo
isto se desenrolava já outra equipa procedia à busca secundária no resto da
habitação, não fosse haver alguém noutro compartimento qualquer. Felizmente não
havia ninguém. Depois de extinto o incêndio começámos com as manobras de
rescaldo e com a remoção de destroços.
Depois de retirados todos os destroços para o exterior e de
termos extraido todo o fumo, a proprietária voltou ao local para se inteirar da
situação juntamente com o nosso comando. O cenário era desolador, toda a casa
estava danificada pelo fumo, e digo-vos, o fumo danifica e muito uma habitação.
Felizmente não houve vitimas a registar mas a adrenalina de um incêndio urbano
mexe sempre muito connosco, saímos do quartel sempre a correr e fazemos a viagem
o mais rápido que podemos, colocando muitas vezes a nossa vida em risco. O que
mais custa ouvir por vezes é algumas pessoas ainda nos dizerem “vocês demoraram
muito tempo”.
Nós não somos super-heróis, mas à muita gente que deve pensar
que sim.
Pensem numa coisa, nós deixámos tudo para socorrer pessoas
que não conhecemos, pessoas que se calhar até passam uma vida inteira a dizer
que não precisam dos bombeiros para nada, mas naquela hora passamos a ser tudo
para essas pessoas, num incêndio urbano nós entrámos onde toda a gente quer
sair. Nós servimos toda a gente de igual modo, sem excepções, para nós não
existem raças, cores, ricos ou pobres, porque para nós, são todos iguais e
tratámos toda a gente sempre com o mesmo empenho e dedicação que nos
caracteriza.
E nunca se esqueçam que prevenir nunca é demais, por isso
previnam-se para que os acidentes não aconteçam.
Deixo aqui o meu agradecimento à proprietária do imóvel Sra. Eugenia Teixeira que muito gentilmente facultou estas fotos.
Muito, muito obrigada.
Nunca e demais agradecer.
ResponderEliminarA vossa rápida intervenção fez com que os danos não fossem maiores.
Um bem aja para todos os Bombeiros intervenientes na ocorrência do dia 11/09/12.
E um muito Obrigada a todos os Bombeiros e em especial á corporação de Entre-os-rios que colocam as suas vidas em risco para nos socorrem
Eugénia
Não precisa de agradecer, este é o nosso trabalho.
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