Quando o Público Já Não Funciona e o Privado Começa a Falhar, Estamos Entregues à Sorte - VIDA DE BOMBEIRO

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domingo, 7 de dezembro de 2025

Quando o Público Já Não Funciona e o Privado Começa a Falhar, Estamos Entregues à Sorte

 


As urgências estão um caos tão grande que já nem é notícia. O público está de rastos e o privado já segue atrás, com tempos de espera que envergonham quem ainda acredita no mito da “rápida resposta”. Quando até o privado colapsa, é porque isto já não é um problema: é ruína total.


E depois empurram a culpa para o povo. “Ah, vão às urgências por uma gripe.” Vão, sim. Porque os Centros de Saúde não atendem, não têm vagas, não têm consultas, não têm médicos. O que sobra? Urgências. O único sítio onde ainda se pode ter a sorte de alguém abrir uma porta. Quem devia garantir cuidados primários não consegue, ponto final. Por isso o país inteiro despeja-se nas urgências, certas e erradas,  e o sistema implode.


O Governo, em vez de assumir que deixou o SNS afundar, culpa os tarefeiros. Os mesmos tarefeiros que agora são a única coisa entre esta miséria e um blackout total dos hospitais. Sem eles, isto já tinha caído há muito. Culpar tarefeiros neste momento é pura cobardia política.


O povo também não sabe distinguir o que é emergente, urgente ou banal, e como saberia, se ninguém explica? Mas até quem tenta fazer tudo “como deve ser” esbarra no vazio dos Centros de Saúde. Não há resposta. Não há solução. Não há sistema.


Temos urgências públicas a estalar pelas costuras, privados a rebentar como dominós atrás delas, profissionais exaustos, doentes perdidos e um país que continua a fingir que isto é só “uma fase”. Não é. Isto é colapso estrutural.


Quando o público já não funciona e o privado começa a falhar, só resta admitir a verdade: estamos entregues à sorte. E a resposta do Governo é apontar o dedo e isto não se resolve com desculpas, com conferências de imprensa ou com culpados de bolso. Resolvia-se com estrutura, com responsabilidade e com investimento real. Mas disso não se vê nada.


O país sangra nas salas de espera , e isto não "fruto da época " isto não é "uma fase " isto é abandono.


Ariana Ribeiro 

Vida de Bombeiro - Portugal 

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