Respeito na Morte? Onde Estava o Respeito Quando o País Começou a Arder?

 

Portugal está a arder desde 1 de agosto. Mais de 3.000 operacionais de várias forças estão no terreno, a lutar até à exaustão. Casas destruídas. Negócios arrasados. Fauna e flora devastadas. Feridos em estado grave. Mortos. Mais um bombeiro que tombou em combate.

E o Governo? De férias. De costas voltadas. Enquanto o país queimava, andavam a banhos. Enquanto bombeiros arriscavam a vida, ministros aproveitavam o verão.

Foram alertados. Foram avisados. Foram chamados à realidade por quem sabe o que é enfrentar o inferno das chamas. Comandantes. Operacionais. Homens e mulheres que dão o corpo ao fogo. E o que fez o Governo? Ignorou. Adiou. Fingiu que sabia melhor do que quem está no terreno.

O resultado está à vista: sangue, cinzas e morte.

E agora aparecem. Tarde. Sempre tarde. Vêm com discursos decorados, com lágrimas de crocodilo, com condolências encomendadas. Hipocrisia pura.

Respeito na morte? Onde estava o respeito quando o país começou a arder? Onde estava o respeito quando preferiram o conforto do gabinete com ar condicionado à voz de quem luta no terreno? Onde estava o respeito quando ignoraram pedidos de ajuda internacional?

Respeito não se finge em frente às câmaras. Respeito não se mostra em abraços para as fotografias. Não venham chorar os mortos quando foram vocês que os condenaram em vida.

Tenham vergonha! Vergonha das vossas conferências sem respostas. Vergonha das desculpas esfarrapadas. Vergonha de dizerem que “estão cansados”, quando os únicos exaustos são os bombeiros e as populações que perderam tudo.

O problema dos incêndios em Portugal nunca foram os bombeiros. Nunca foram os meios. O problema sempre foram vocês: governos negligentes, incompetentes, covardes. Que não previnem. Que não penalizam. Que não cuidam dos operacionais. Que todos os anos abandonam o país às chamas.

Portugal não precisa da vossa hipocrisia. Precisa de prevenção. De responsabilidade. De líderes com coragem.

Até lá, serão sempre cúmplices do fogo. 

Com o devido respeito eu só peço a vossa demissão.

Ariana Ribeiro