Os tribunais não julgam o Sócrates nestas alturas.. o Benfica não joga, não vem cá o papa e a grande maioria dos jornalistas de televisão ficam sem assunto para grandes e longos diretos. Os canais dedicados à informação multiplicam-se, a competição entre eles é feroz e o povo português adora assistir à tragédia alheia.
Tenho o maior respeito e consideração por todos os que escolheram o jornalismo como profissão, sei que fazem o que as direções de informação lhes pedem, mas isto de fazer dos incêndios um espetáculo de ver em casa, em que, e permitam-me a analogia, se fazem diretos constantes da casa (a arder), tenta-se colher o melhor ângulo do participante em lágrimas, da tragédia e do horror de quem, por vezes, não perdeu nada ou apenas se viu em aperto porque não limpou à porta de casa, depois fazemos longos debates sobre a casa com especialistas dos incêndios, alguns nem a formação inicial de incêndios rurais da ENB devem ter, colando os Portugueses ao espetáculo. Não me admira que quem tem intenção dolosa, psiquiátrica ou semelhante não se contenha de tentar trazer o dito “espetáculo” das tv’s e dos meios aéreos para junto da sua casa.
Senhores(as) das redações informativas, cito o site da RTP Ensina: “Uma notícia é composta por factos. O quê? Quem? Quando? Onde? Como? Porquê? são as seis perguntas a que uma notícia deve tentar responder.“
Tudo o resto, é só tornar os incêndios num espetáculo deplorável que supostamente, ninguém devia querer ver..
Por efeito de contágio, há momentos que não merecem grande destaque, tal como é feito com notícias sobre suicídios, não se dá grande palco, ou nem se fala no assunto, para evitar repetições.
O povo não está sensibilizado para o que não pode fazer, porque as tv’s estão mais tempo a mostrar a arder.
Um Big Brother em que infelizmente poucos são expulsos.
Ricardo Correia
Imagem da SIC Notícias.
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