O presidente da Liga de Bombeiros admite que as investigações a empresas fornecedoras de aeronaves poderão afetar o combate aos fogos, este verão.
À margem de uma conferência sobre fogos florestais e segurança de infraestruturas elétricas, a decorrer, esta quinta-feira, nas instalações dos Bombeiros Voluntários da Póvoa de Lanhoso, o presidente da Liga de Bombeiros de Portugal (LBP), António Nunes, afirmou que “o Estado deve ter meios para a resposta base aos incêndios”. Comentando as buscas que a Polícia Judiciária está a fazer às instalações da Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC) e das empresas Helibravo, Heliportugal e HTA, António Nunes admitiu que, “se houve contratos efetuados à margem da lei, isso pode afetar o combate aos fogos florestais”.
Para o presidente da LBP, “a estrutura dos meios aéreos de combate aos fogos florestais deve estar fora deste regime de concurso”. António Nunes apontou o exemplo da generalidade dos países do sul onde, disse, “o essencial dos meios é do Estado”. Para o responsável da LBP, “os concursos devem ser reservados para os meios complementares”. António Nunes defende também que os concursos sejam feitos por períodos mais alargados, de quatro ou cinco anos. “O que acontece é que estamos a contratar em períodos muito curtos, muitas vezes em situação de aflição. Como os meios são escassos e nem sequer existem no país em número suficiente, o mercado reage aumentando os preços. Nem estamos a falar de nenhuma ilegalidade, apenas da lei da oferta e da procura”, apontou.
“Eu compreendo que os políticos se sintam pressionados. Há problemas e é preciso encontrar soluções. A resposta que é dada, frequentemente, é a contratação de mais meios. Porém, nem sempre mais meios é a solução. Por vezes, é preciso gerir melhor os meios que temos”, referiu o presidente da LBP. “Quando dizemos que temos 62 meios aéreos, isso não quer dizer que eles estão no ar: um helicóptero ao fim de hora e meia tem de reabastecer; um Canadair ao fim de três horas tem de ser abastecido”, ilustrou. A propósito da gestão, António Nunes voltou a mencionar a necessidade de um comando nacional de bombeiros “que possa dizer que meios são necessários e onde”.
Fogos florestais ou rurais
O presidente da LBP referiu-se ainda ao título da conferência que “fala em fogos florestais e não em fogos rurais” e deu os parabéns à REN. Para António Nunes o termo “fogos rurais” é equívoco, “porque em Portugal, principalmente no Norte, a floresta faz parte das aldeias”. Para o presidente da LBP, “os ‘fogos rurais’ foram um conceito introduzido pela Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais, I.P com o objetivo de criar um corpo de sapadores florestais, mas isso é um erro porque Portugal não é como o Canadá onde um fogo pode lavrar apenas em floresta durante dias a fio”.
JN
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