O fogo que arde sem se ver nem sempre é amor, as vezes pode ser a revolta daqueles que se vêem cobertos de obrigações e despidos de direitos.
A luta deles é uma luta de todos nós, de todos os que vestem uma farda sem as mínimas condições , de todos os que dão a sua vida pela vida e bens do próximo , de todos aqueles que vivem no risco mas não vivem de aplausos nas janelas nem gratificações após cada incêndio.
Portugal tem as estruturas que mais apoiam a população a arder , um fogo poderoso feito de homens e mulheres que estão a dar tudo pelos seus direitos. Portugal arde de forma silenciosa sempre que um capacete é colocado no chão num ato de revolta e angústia por uma situação que não muda governo atrás de governo .
Ardem as fardas que asseguram a população , numa altura em que poucos se lembram de tudo o que já ardeu , ardem as fardas deles mas podiam ser as nossas bombeiros , polícias médicos ou enfermeiros , ardem as fardas e os capacetes ficam no chão , a população ignora aqueles a quem recorrem , em breve é verao e estaremos cá de novo , mas cada vez menos porque a farda que ardeu e o capacete que ficou no chão decidiu que não serve mais uma população com amnésia seletiva e um governo que os alimenta de aplausos.
O meu maior agradecimento a estes profissionais, onde tenho grandes amigos e com quem partilho a angústia de uma farda que amo mas sinto que não me merece .
Ariana Ribeiro
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