Sapadores Lançam Petardos e Sobem as Escadas da Assembleia da República em Protesto - VIDA DE BOMBEIRO

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quarta-feira, 2 de outubro de 2024

Sapadores Lançam Petardos e Sobem as Escadas da Assembleia da República em Protesto

 


O protesto dos bombeiros sapadores que decorre esta quarta-feira em Lisboa está a ser vivido com ânimos exaltados. A Polícia está a barrar os bombeiros, que subiram a escadaria da Assembleia da República e estão a lançar petardos.


Dezenas de bombeiros, fardados, começaram a subir a escadaria da Assembleia da República (AR), em Lisboa, sempre acompanhados por agentes da PSP.


A concentração em São Bento teve início ao meio-dia, ao som de heavy metal e rock n'roll.


Em declarações Lusa, o presidente do Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores, Ricardo Cunha, afirmou que se esperam mais de mil bombeiros na ação de protesto: "Só de fora [de Lisboa] vêm 600". A subida da escadaria não estava prevista.


Pelas 12.25 horas continuavam a chegar manifestantes que enchiam a Rua de São Bento, com latas de fumo cor de laranja e verde e foguetes.


Às 12.30 horas cantaram o hino nacional, depois de terem gritado uma única palavra de ordem: "Sapadores".


Apesar da ordem policial para descerem a escadaria do parlamento, os bombeiros continuaram a formar e a libertar fumos de foguetes. Ao fundo da escadaria, os manifestantes incendiaram vários pneus e queimaram um fato de trabalho dos bombeiros.


Pouco depois, as escadarias da AR ficaram cobertas de fumo negro, enquanto na rua, cortada ao trânsito, uma grua num camião erguia um caixão com um "bombeiro" morto.


Os sapadores lutam por uma regulamentação do horário de trabalho, pela reforma aos 50 anos e por um regime de avaliação específico, entre outras condições de trabalho.


Pelas 13.20 horas, um caixão branco foi levado em braços para a porta do parlamento enquanto os manifestantes gritavam a palavra vergonha, responsabilizando os decisores políticos pela situação da classe.


À frente das centenas de sapadores fardados, um grupo de manifestantes envergava t-shirts negras com a inscrição "Sapadores em Luta".


Uma cruz de Cristo e tarjas com frases como "bombeiros sapadores em luta. Esqueceram-se de nós!... outra vez..." ou "sabes quem vai salvar o teu filho" estavam colocadas à frente do protesto.


Alguns manifestantes desafiaram os deputados, o primeiro-ministro e o presidente da República a fazerem uma "selfie" no cenário da manifestação, junto aos sapadores.


Durante o protesto, os manifestantes cumpriram um minuto de silêncio, em homenagem aos bombeiros que morreram nos incêndios do mês passado no centro e norte do país.


Sindicato culpa Governo por excessos


O sindicato dos bombeiros sapadores responsabilizou o Governo por o protesto diante do parlamento ter ido além do que estava autorizado, com centenas de manifestantes a invadirem a escadaria e a obrigar à intervenção da polícia.


"Sei que eles têm razão nos protestos, o que motivou isto foi o senhor secretário de Estado ter marcado uma reunião e, no fim, voltou a dizer que não tinha nada para apresentar. Qualquer pessoa normal devia perceber que não podemos faltar à verdade aos bombeiros... Se já andam revoltados, a probabilidade de isto acontecer era muito elevada. O culpado disto tudo acaba por ser o Governo", afirmou o presidente do Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores.


Em declarações aos jornalistas, Ricardo Cunha assumiu que o protesto "foi além do que estava legalizado" e confessou não saber quais possam ser as repercussões para os bombeiros, anunciando que a direção do sindicato vai reunir-se "para perceber o que correu mal".


Segundo o líder sindical, na origem do protesto está a ausência de valorização salarial das carreiras não revistas da Função Pública e um compromisso de 2023 do anterior Governo para efetuar essa valorização com retroatividade a janeiro de 2023 que não foi cumprido e que o atual Governo também não concretizou, apesar do alerta feito pelo sindicato em maio.


"Na altura, o sindicato solicitou que a atualização fosse de 104 euros. Os bombeiros sapadores foram das pessoas que mais perderam poder de compra comparativamente ao salário mínimo nacional (SMN). Em 2002, um bombeiro sapador ganhava 2,5 vezes o salário mínimo nacional e agora ganha pouco mais do que 50 euros acima do SMN. É lamentável não haver por parte dos governos uma resposta a estas solicitações dos bombeiros", referiu.


Para Ricardo Cunha, "parece que o Governo estava à espera de que isto acontecesse", aludindo ao aparato dos protestos diante da Assembleia da República. "Se era disso que estava à espera, acabou por acontecer", observou.


JN

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