A Crise de Liderança nos Corpos de Bombeiros e o Futuro dos Operacionais - VIDA DE BOMBEIRO

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quinta-feira, 29 de agosto de 2024

A Crise de Liderança nos Corpos de Bombeiros e o Futuro dos Operacionais

 


Nos últimos anos, tem-se verificado uma preocupante tendência no seio dos corpos de bombeiros em Portugal, onde os critérios de escolha para elementos de comando parecem estar mais alinhados com interesses pessoais e políticos do que com o verdadeiro mérito e competência.


Esta situação, que se assemelha a regimes militares retratados em filmes americanos, onde o autoritarismo e o foco no poder pessoal se sobrepõem ao espírito de serviço e ao bem-estar comum, levanta sérias questões sobre o futuro da corporação e, sobretudo, sobre o impacto nos bombeiros que estão na linha da frente.


Os elementos de comando que têm emergido nestes contextos muitas vezes adotam uma postura de “capazes de tudo”, priorizando a ascensão rápida e o controlo absoluto, mesmo que isso implique “calcar” os seus próprios colegas.


Este tipo de liderança, movida por um sentido de autopreservação e ambição desmedida, pode criar um ambiente tóxico dentro das corporações, onde o medo, a desconfiança e a divisão são constantes. Não há espaço para o espírito de equipa, para a camaradagem ou para o verdadeiro sentido de missão que deveria orientar todos os bombeiros.


O Impacto da Política nas Associações de Bombeiros


Este fenómeno não surge de forma isolada. As direções das associações de bombeiros, que deveriam manter-se focadas na gestão administrativa e no apoio aos operacionais, frequentemente interferem diretamente no mundo operacional e, em particular, na escolha dos elementos de comando.


Esta interferência pode ser motivada por uma série de razões, incluindo a manutenção de alianças políticas, a promoção de indivíduos leais à direção, ou mesmo para garantir que as operações sejam conduzidas de uma maneira que sirva os interesses dos líderes da associação, em vez de servir a comunidade e os bombeiros.


Quando os elementos de comando são escolhidos com base em favoritismos e não em competências, os bombeiros que realmente se preocupam com a disciplina, que têm uma visão de longo prazo para o futuro da corporação, e que buscam apaziguar e unificar, acabam por ser preteridos.


Estes são bombeiros que compreendem que a liderança não é sobre o poder, mas sobre serviço e responsabilidade. São eles que poderiam garantir que a corporação se mantivesse focada na sua missão principal: salvar vidas e proteger bens.


O Futuro dos Bombeiros em Portugal


Se esta tendência continuar, o futuro dos bombeiros em Portugal estará seriamente comprometido. Um corpo de bombeiros liderado por indivíduos que operam “em conluio” com direções administrativas corruptas ou mal intencionadas, e que estão mais preocupados com os seus próprios interesses do que com os dos operacionais e da comunidade, não pode esperar outra coisa senão um declínio contínuo na moral, na eficácia e na coesão.


Os operacionais podem esperar comandos que utilizem a disciplina não como uma ferramenta de organização e eficácia, mas como um meio de controle e intimidação. Podem esperar um ambiente onde a inovação é desencorajada, onde a iniciativa é vista como uma ameaça, e onde o conformismo é recompensado.


Este tipo de ambiente não só é prejudicial para o desenvolvimento profissional dos bombeiros, como também coloca em risco a segurança pública, uma vez que as operações poderão ser conduzidas por aqueles que não estão devidamente qualificados ou que não têm a confiança dos seus subordinados.


A Necessidade de Mudança


É urgente que se reavalie a forma como os elementos de comando são escolhidos nos corpos de bombeiros. A interferência política deve ser minimizada, e deve-se dar espaço a uma liderança baseada em mérito, competência e compromisso com o bem-estar da corporação e da comunidade.


É necessário que as direções das associações de bombeiros compreendam que o seu papel não é controlar o comando operacional, mas sim apoiar e criar condições para que os bombeiros possam realizar o seu trabalho de forma eficaz e segura.


Para tal, é fundamental que se promova uma cultura de transparência e responsabilidade, onde os interesses dos bombeiros e da comunidade estejam sempre acima de agendas pessoais ou políticas.


Só assim será possível garantir que os corpos de bombeiros em Portugal estejam verdadeiramente preparados para enfrentar os desafios do futuro, com líderes que são, antes de mais, servidores públicos comprometidos com a sua missão.


Conclusão


Em última análise, o futuro dos corpos de bombeiros depende de um retorno aos valores fundamentais de serviço, competência e liderança ética. Sem isso, arrisca-se a perpetuar um ciclo de desconfiança e ineficácia que apenas prejudicará os bombeiros e a sociedade que dependem deles para a sua segurança.


É hora de agir e garantir que a liderança no seio dos bombeiros seja um reflexo dos melhores entre nós, e não daqueles que estão dispostos a “calcar” tudo e todos para alcançar os seus objetivos pessoais.


Bombeiros TV

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