Entre-os-Rios: Aposta em Monitorização das Pontes Não Evita Tragédias - VIDA DE BOMBEIRO

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segunda-feira, 4 de março de 2024

Entre-os-Rios: Aposta em Monitorização das Pontes Não Evita Tragédias

 


Vinte e três anos após a queda da ponte de Entre-os-Rios, o país passou a investir na gestão e acompanhamento destas infraestruturas com sistemas de monitorização que, embora minimizem o risco, "não evitam tragédias", alertam especialistas.


"O risco minimiza-se, mas não se anula. Aquilo que as entidades têm feito, sem sombra de dúvida é minimizar o risco, geri-lo e controlá-lo, mas não se pode dizer que é nulo", afirmou Elói Figueiredo, docente da Universidade Lusófona de Lisboa, em declarações à Lusa na véspera de se assinalarem os 20 anos do colapso da Ponte Hintze Ribeiro, que provocou a morte de 59 pessoas.


Carlos Félix, do departamento de Engenharia Civil do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP), considera fundamental "sensibilizar" para a importância de acompanhar estas estruturas "em permanência": "Olhamos para a Ponte da Arrábida ou para a Ponte 25 de Abril e achamos que são intocáveis, mas isso é um dado que muitas das vezes deve ser colocado em causa, avaliado e não é com inspeções pontuais", disse.


As seis recomendações que a comissão de inquérito levantou à época da queda da ponte de Entre-os-Rios foram "maioritariamente cumpridas" e Portugal passou a investir sobretudo na implementação de sistemas de monitorização integrada, afirmou Elói Figueiredo.


No entanto, "até que ponto é que os dispositivos automáticos podem evitar desastres deste género?", questionou o docente.


Apesar de considerar que os sistemas de monitorização "estão cá para a ajudar", Elói Figueiredo afirmou que a tecnologia ainda não é "suficientemente madura" para "evitar que uma tragédia possa ocorrer".


"Os acidentes naturais não podem ser evitados, mas a tragédia pode ser minimizada, que é o que se está a fazer", salientou.


Alinhado com as "melhores práticas" europeias e internacionais, Portugal têm apostado na implementação de sistemas de monitorização de integridade estrutural, programas de gestão e fiscalizações periódicas das pontes e obras de arte (estruturas integradas numa via de comunicação).


No entanto, há "desafios" que se colocam quanto aos sistemas inteligentes: "o custo e a perceção de perigo", defendeu Carlos Félix, do departamento de Engenharia Civil do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP).


"Uma obra de arte com um investimento enorme, naturalmente que exige uma manutenção e, portanto, tem de haver abertura para esta manutenção exista e tem de cair o conceito quase cultural de que é um dado adquirido que a segurança das infraestruturas é eterna", salientou.


Apesar de em engenharia civil se trabalhar "sempre na base das probabilidades", Carlos Félix acredita que o país tem "as ferramentas disponíveis" para evitar que tragédias semelhantes à de Entre-os-Rios se repitam, ainda que considere que "estes acidentes são cíclicos".


"Quando se passam muitos anos sem haver qualquer acidente, a guarda vai baixando e infelizmente é assim que as coisas acontecem. Gostava de ter mais certezas do que as que tenho", salientou, acrescentando não ter a certeza de que todas as infraestruturas são "devidamente acompanhadas".


À semelhança de Carlos Félix, também Elói Figueiredo alertou para as infraestruturas que estão sob o domínio das câmaras municipais e a quem cabe a responsabilidade da manutenção das mesmas.


"Algumas câmaras como a de Lisboa, Porto e outras tomaram a iniciativa de desenvolver um sistema de gestão das pontes e vão acompanhamento. O problema é que o país tem 308 municípios e há municípios que não estão a acompanhar de forma periódica a condição das pontes", salientou o docente.


Ainda que tal "não signifique que vá tudo colapsar", o risco é "maior", alertou Elói Figueiredo, defendendo que o Governo, através da Infraestruturas de Portugal (IP), pode auxiliar nessa matéria e ajudar as autarquias a inventariar as suas pontes.


Elói Figueiredo alertou ainda para necessidade de o país "desenvolver estratégias de adaptação" para dar resposta às "ameaças climáticas" que se preveem.


"Portugal deverá ser afetado precisamente com o aumento da frequência de chuvas intensas, o que vai acusar mais inundações, maiores caudais nos rios e no limite pode ocasionar erosão no leito", salientou.


"Com ou sem alterações climáticas", o investigador Pedro Moreira, do Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial (INEGI), defendeu ser fundamental dotar as estruturas de inteligência.


"Precisamos de agir antes que a estrutura chegue a um ponto que perca a integridade, por isso é fundamental termos sistemas cada vez mais evoluídos e com um custo comportável para dotar as estruturas de mais inteligência", considerou.


Fonte: Noticias ao Minuto

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