A Liga dos Bombeiros Portugueses disse hoje que pretende cumprir e fazer cumprir “escrupulosamente” o acordo de cooperação com o INEM, alertando para uma tentativa de “criar dispersões” sobre o atraso no envio de ambulâncias de emergência médica.
“Havendo da parte do INEM uma certa falta de respeito pelo seu parceiro privilegiado, porque 80 ou 90% dos serviços que são realizados no pré-hospitalar são feitos pelos bombeiros, e não havendo um diálogo adequado connosco, naturalmente faz todo o sentido que nós exijamos que seja cumprido na totalidade o acordo que está estabelecido connosco”, referiu hoje à Lusa o presidente da Liga, António Nunes.
Para o responsável da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), só “faz sentido haver acordos que sejam cumpridos”.
“Em alguns casos, nós sentimos que nos estão a pedir apoios para além daquilo que é acordado”, sublinhou António Nunes, no final de uma reunião do conselho executivo da LBP, que decorreu hoje em Viana do Castelo.
“Vamos olhar para cada uma das alíneas do acordo e fazer cumprir rigorosamente as alíneas. O que não estiver acordado não é cumprido”, acrescentou.
António Nunes salientou que para a Liga não é correto que se tente criar dispersões à volta de situações que são muito sérias, referindo-se a várias situações de atrasos no envio de ambulâncias de emergência médica.
“O INEM não pode demorar uma hora ou hora e meia a mobilizar uma ambulância dos bombeiros, para nós chegarmos ao socorro e a população olhar para nós e dizer que demorámos uma hora a chegar. Têm que assumir as suas responsabilidades, porque os bombeiros não demoraram uma hora e meia a chegar, o INEM é que demorou uma hora e meia a encontrar uma ambulância, porque não as contratualizou previamente”, defendeu.
Para o presidente da LBP a situação de atrasos irá continuar porque “não é com duas ou dez ambulâncias que o problema se resolverá”, apontando para a necessidade de “uma reforma profunda do sistema e da forma como se organiza a gestão da emergência”.
“Se o INEM tem 800 ou 900 chamadas, não pode ter 400 ambulâncias, tem que ter 900, tem que as contratualizar com os bombeiros que tem ambulâncias. Não há falta de ambulâncias no país, há falta de gestão e contratualização”, atirou.
O INEM divulgou na quinta-feira que o Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM) será reforçado, a partir de 01 de agosto, com mais 10 ambulâncias a funcionar em zonas onde se tem verificado uma maior procura dos serviços.
Segundo um comunicado do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), no total, “o reforço do dispositivo de emergência médica traduz-se no acréscimo de 33 meios a nível nacional”.
O líder da Liga dos Bombeiros considerou, por sua vez, o comunicado “uma farsa”, por entender que esse número adiantado não resolve o problema.
Ainda segundo o no norte do país, o dispositivo passa a contar com mais três Postos de Emergência Médica (PEM) nas delegações da CVP de Braga, Vila do Conde (ambulância a operar em Matosinhos) e Sanguedo (Santa Maria da Feira).
Na zona sul, e concretamente no distrito de Setúbal, haverá o acréscimo de sete novos PEM: Bombeiros de Pinhal Novo, de Santo André, de Alvalade (Sado), de Grândola, do Barreiro – Corpo de Salvação Pública, e bombeiros de Sesimbra e Santiago do Cacém.
O comunicado do INEM refere que, face ao aumento do volume de serviços de emergência médica que se tem verificado, o INEM) em articulação com os seus parceiros do SIEM – corpos de bombeiros (CB) e Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) – “preparou um novo reforço do dispositivo dos meios de emergência médica, de forma a torná-lo mais eficiente” nos meses de agosto e setembro.
António Nunes referiu, por sua vez, que a Liga contesta “veementemente contra esta decisão unilateral” por ser sazonal e não olhar “para todo o território nacional”.
“É inaceitável (…), o que não quer dizer que estejamos em desacordo que estes corpos de bombeiros sejam abrangidos por postos PEM. Nós defendemos que todos os corpos de bombeiros em Portugal deveriam ser posto PEM”, esclareceu.
Sobre o papel da tutela, António Nunes apontou à Lusa que espera do Ministério da Saúde, enquanto entidade tutelar do INEM, que “transmita ao INEM e dê orientações de que não pode ser o senhor todo-poderoso, regulador, fiscalizador, inspecionador, concorrente dos bombeiros”.
O responsável da LBP ressalvou ainda que os bombeiros já existiam antes do INEM no transporte de doentes e sinistrados ao hospital.
“Portanto exigimos ser tratados como parceiros e esperamos que o INEM seja colocado no seu devido lugar, e que nos respeite como nós respeitamos o INEM”, vincou.
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