Augusto Arnaut Recebido em Tribunal por mais de 100 Comandantes de Bombeiros - VIDA DE BOMBEIRO

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terça-feira, 31 de maio de 2022

Augusto Arnaut Recebido em Tribunal por mais de 100 Comandantes de Bombeiros

 


Cerca de 200 comandantes, ou elementos do comando, de corporações de bombeiros de todo o país juntaram-se, esta manhã, à porta do Tribunal de Leiria, num gesto de solidariedade para com Augusto Arnaut, comandante dos Bombeiros Voluntários de Pedrógão Grande e arguido no processo das mortes dos incêndios de 17 de junho de 2017.


Augusto Arnaut foi recebido por cerca de 200 comandantes, ou elementos do comando, de corporações de bombeiros de todo o país, esta manhã, à porta do Tribunal de Leiria. Juntaram-se num gesto de solidariedade ao homem que é arguido no julgamento dos incêndios de Pedrógão Grande, em 2017.


Os bombeiros alinharam-se em duas filas, numa espécie de "guarda de honra" com cerca de 200 pessoas, entre comandantes e elementos de comando, para receberem Augusto Arnaut à chegada ao tribunal de Leiria, cerca das 9.20 horas desta terça-feira de manhã. Em silêncio, fizeram continência a Arnaut, que passou também calado. No fim, virou-se e disse "obrigado".


O gesto de apoio será repetido à saída do tribunal, quando as alegações da advogada Filomena Girão forem interrompidas para a hora de almoço.


Luís M. Cunha, diretor da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Pedrógão Grande (AHBVPG) e mentor da iniciativa de apoio a Arnaut, revelou ao JN que os comandantes concentraram-se, às 8 horas, nos Sapadores de Leiria, e deslocaram-se a pé até ao Tribunal de Leiria, em formação de dois elementos.


Entrega simbólica das chaves


O diretor da AHBVPG adiantou que têm a confirmação da presença de três comandantes de corporações de bombeiros dos Açores e de um de Viana do Castelo. Deverão ainda estar presentes os 25 comandantes dos bombeiros do distrito de Leiria, alguns dos quais foram ouvidos durante o julgamento.


"Exaltámos os comandantes a também estarem presentes na leitura do acórdão e a fazerem a entrega simbólica das chaves das associações, caso o comandante Arnaut seja condenado", avançou ao JN Luís M. Cunha. Se assim for, sublinhou que a associação terá de fechar as portas, pois não tem dinheiro para pagar os pedidos de indemnização, superiores a um milhão de euros.


Esta tomada de posição em solidariedade com o comandante dos Bombeiros de Pedrógão Grande surgiu após o Ministério Público ter pedido a condenação de Augusto Arnaut numa pena superior a cinco anos, durante as alegações finais. "Os bombeiros portugueses acabaram de levar mais uma machadada na sua vontade de ajudar a salvar vidas e bens do próximo", lê-se num ofício da AHBVPG, partilhado nas redes sociais.


O documento acusa o Ministério Público de uma "total falta de honestidade intelectual no conteúdo e na forma como pede a condenação de um homem que se disponibiliza a dar o melhor de si em prol do outro". Pede, por isso, a todos os comandantes de bombeiros do país para demonstrarem a sua solidariedade para com o comandante Arnaut, de uma "forma ordeira e disciplinada", à porta do tribunal. "Hoje é ele, mas amanhã poderá ser um outro qualquer."


Comando Nacional de Bombeiros


A Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) também manifestou o seu apoio ao comandante de Pedrógão Grande, em comunicado. "A LBP assume a convicção de que, caso já estivesse instalado o Comando Nacional de Bombeiros, nem o comandante Arnaut estaria na posição em que está, nem o próprio comando deixaria de chamar a Proteção Civil a assumir as responsabilidades de que agora se tem alheado."


Preocupada com Augusto Arnaut, "a LBP interroga-se sobre as razões que levaram ao processo contra um comandante de bombeiros, não havendo qualquer implicação direta ou indireta da estrutura de comando de que é responsável pelo combate a incêndios florestais." Diz ainda que esta situação levará "muitos outros comandantes a interrogarem-se se vale a pena prosseguir, caso nada mude, concretamente, se o Comando Nacional não foi instituído rapidamente".


"O Estado ausentou-se da defesa de um daqueles que sempre deram o melhor na defesa dos cidadãos", acusa a LBP. "Fica claro que, pese embora tudo aquilo que outros possam dizer, de facto a Proteção Civil não funciona nem funcionou. E, como não existe nem funciona nos moldes em que o devia fazer entendeu-se fazer de um comandante de bombeiros, integro e lúcido, o bode expiatório."


Bombeiros revoltados


Após as alegações finais do MP, Marco Francisco, administrador da página "Diário de um Bombeiro", no Facebook, também manifestou a sua revolta, em nome dos bombeiros portugueses. "Querem fazer do comandante Arnaut um exemplo da justiça em Portugal, mas a nosso ver escolheram mal a pessoa."


"Está na hora de os bombeiros portugueses demonstrarem o seu desagrado com o que se está a passar", apelou Marco Francisco. "Lembrem-se que o que está a acontecer ao comandante podia acontecer a qualquer um de nós, a partir do momento em que saímos do quartel a chefiar uma viatura."


Nesse sentido, deixou a proposta de "parar já". "Garantir os serviços mínimos e o socorro só? Não sei, mas sei que algo tem de ser feito. O povo entenderá e o povo estará do nosso lado", escreveu no Facebook. "Manifesto o meu desagrado, a minha revolta, a vergonha que sinto neste momento, a impotência, e o enorme apoio que o comandante Arnaut me merece."


Fonte: JN

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