Bombeiros Portugueses Fizeram-se à Estrada para Acudir com Bens Essenciais a Colegas Ucranianos - VIDA DE BOMBEIRO

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sexta-feira, 11 de março de 2022

Bombeiros Portugueses Fizeram-se à Estrada para Acudir com Bens Essenciais a Colegas Ucranianos

 


São 30 bombeiros e técnicos a caminho da Polónia, para deixaram na fronteira com a Ucrânia material essencial ao trabalho das corporações que, desde 24 de fevereiro, trabalham de forma incansável para acudir à destruição provocada pelas tropas russas. Na caravana seguem camiões carregados de ambulâncias, equipamento de proteção individual e material médico, e há também um autocarro vazio. Está reservado para ucranianos que fugiram à guerra e querem juntar-se a familiares em Portugal.


Óbidos, Mafra, Guarda, Entre-os-Rios, Tabuaço, Caldas da Rainha, Almeirim, Dafundo, Alenquer, Carnaxide, Macedo de Cavaleiros e Lourinhã são apenas alguns dos municípios portugueses cujas corporações de bombeiros estão envolvidas na missão humanitária que hoje partiu por estrada rumo à fronteira polaco-ucraniana. A caravana resulta da campanha de angariação de material promovida pela Liga dos Bombeiros Portugueses e reúne donativos de todo o país para oferta às corporações da Ucrânia, onde, após duas semanas de intervenção num cenário de guerra com feridos e destruição diários, já escasseiam os bens essenciais ao trabalho dos soldados da [adiada] paz.


“Uma ambulância dos bombeiros de Freamunde já está em Kiev, depois de uma viagem tripulada por três ucranianos que estavam em Portugal e se voluntariam para ir combater; duas outras doadas pelas corporações de Canha e Brasfemes partiram esta segunda-feira de Óbidos e já estão em Przemys, uma cidade polaca próxima da fronteira ucraniana; e hoje seguem mais três ambulâncias num porta-carros, oferecidas pela Guarda, Tabuaço e Entre-os-Rios, e duas outras num camião, vindas de Macedo de Cavaleiros”, revela Marco Martins. Enquanto comandante da corporação de Óbidos e vice-presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, foi ele que coordenou toda a logística da iniciativa, em parceria com os Bombeiros e a Câmara Municipal de Mafra, e cabe-lhe agora supervisionar a caravana constituída por cerca de 30 pessoas, entre as quais 23 bombeiros, alguns técnicos municipais e dois guias-intérpretes.


Todas as ambulâncias em causa dispõem de Declaração Única Automóvel a comprovar que a propriedade desses veículos passou para a organização ucraniana SOS Army, criada em 2014 na sequência da guerra da Crimeia. “O responsável dessa entidade em Portugal pediu o apoio da Liga dos Bombeiros e é através dessa organização que as ambulâncias serão entregues a entidades que prestam socorro no conflito armado”, adianta o coordenador da caravana portuguesa.


Ainda quanto a donativos, não são apenas ambulâncias, contudo, que estão a caminho do Leste da Europa. A acompanhá-las seguem dois camiões com galeras que a transportadora Laso disponibilizou para permitir a carga de toneladas de outro material destinado aos bombeiros ucranianos para intervenção em contexto urbano: capacetes e cogulas de proteção, casacos e calças impermeáveis em tecido ignífugo, luvas e botas com biqueira de aço. À fila junta-se igualmente um camião-frigorífico cedido pela empresa Carlos Carvalho para transportar medicamentos, consumíveis pré-hospitalares e outros bens para primeiros-socorros, como compressas, ligaduras, soros, tubos orofaríngeos, insufladores manuais, etc.


Esse material é “decisivo para intervenção em cenário de catástrofe”, garante Marco Martins, numa pausa entre os diversos contactos que vai fazendo em viagem a partir de um dos dois carros de apoio à comitiva. Deve-se ao caráter essencial desses bens, aliás, a preocupação das corporações portuguesas em fazê-los chegar o mais rapidamente possível aos bombeiros ucranianos. “Eles só estão a atuar nas emergências mais significativas e não têm capacidade de resposta a tudo porque é humanamente impossível, mas ao menos podemos ajudá-los ao nível dos bens materiais”, declara o comandante de Óbidos.


Um autocarro vazio 


A caravana a caminho da fronteira polaco-ucraniana integra ainda um autocarro de 52 lugares da corporação das Caldas da Rainha e três carrinhas ligeiras da Câmara de Mafra, sendo que a despesa associada a esses quatro veículos é suportada pela referida autarquia para assegurar que, no regresso, cerca de 60 refugiados possam vir para Portugal. “Vamos trazer ucranianos sinalizados que têm familiares em Mafra e cujo alojamento e apoio está assegurado”, adianta o Marco Martins.


Feitas as contas a toda esta missão humanitária, que também abrange alimentação e artigos de higiene para os cidadãos ucranianos nos quatro dias de viagem por terra que os esperam até solo luso, a iniciativa deve custar “pelo menos uns 40.000 euros”. A fatura pagar-se-á com contributos de dezenas de entidades – não só as próprias corporações e a Liga de Bombeiros Portugueses, mas também várias instituições privadas. “Uns deram os equipamentos de proteção individual e material médico, outros financiaram o combustível, outros pagaram refeições e uma transportadora, por exemplo, ofereceu as portagens”, refere Marco Martins. “Todos ajudaram como podiam”.


Quantos aos bombeiros – entre os quais três mulheres – que se voluntariaram para “pelo menos oito dias” de viagem contínua por estrada, prescindindo de comodidades como hotéis, restaurantes ou mero espaço para esticar as pernas, a seleção não foi ao acaso. Como explica o coordenador da missão, houve que atender, primeiro, ao requisito da vontade e, depois, a critérios de competência técnica: “Uns vieram porque são experientes condutores de longo curso, outros porque são mecânicos e socorristas, outros porque trabalham em assistência social. A cada um cabe um papel específico na missão, para, no cômputo geral, tudo correr o melhor possível”.


Fonte: Airinformação

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