Eduardo Cabrita não resistiu às pressões e acabou por demitir-se. O pedido de exoneração do ministro da Administração Interna não tardou a ser aceite por António Costa que quase de imediato indicou o nome de Francisca Van Dunem para a pasta, que acumula com a da Justiça.
O atropelamento de um trabalhador na A6, em junho, e as descuidadas declarações sobre o caso, quando, finalmente, foi revelada a velocidade a que circulava o automóvel que transportava Eduardo Cabrita, anteciparam a saída do governante. A cerca de um mês do início campanha eleitoral para as legislativas antecipadas, marcadas para 30 de janeiro, o ministro abandona o cargo alegando não poder "permitir que este aproveitamento político absolutamente intolerável seja utilizado no atual quadro para penalizar a ação do Governo contra o senhor primeiro-ministro ou mesmo contra o PS".
Eduardo Cabrita herdou a pasta da Administração Interna em outubro de 2017, quando na sequência dos trágicos incêndios e, também, por declarações infelizes, Constança Urbano de Sousa deixou o Terreiro do Paço. De lá para cá, não obstante os ganhos com a diminuição do número de incêndios ou os indicadores positivos em matéria de criminalidade, o ministro esteve sempre em desassossego.
Os casos "golas anti-fumo", "Ihor Homeniuk", "Covid em Odemira" ou "festejos do Sporting" deixaram marcas, que António Costa nunca relevou, afirmando mesmo que o Governo tinha "um excelente ministro da Administração Interna".
Depois de ser revelado que o automóvel que vitimou o trabalhador na A6 seguia a 163km/h, e do Ministério Público acusar o motorista de homicídio por negligência, Cabrita começou por afirmar que era "só um passageiro" sustentando: "É o Estado de direito a funcionar, temos de confiar, ninguém está acima da lei", afirmou o governante".
As declarações caíram mal e nessa mesma sexta-feira ao final da tarde Eduardo Cabrita em conferência de imprensa apresentou a demissão, não sem antes lamentar "o aproveitamento político que foi feito de uma tragédia pessoal".
Van Dunem que já havia afirmado publicamente que não integraria a galeria de ministeriáveis, caso o partido Socialista vencesse as eleições de janeiro de 2022, acaba por receber a pasta da Administração Interna, contando nesta nova, mas curta, demanda com Patrícia Gaspar e Antero Luís, os reconduzidos secretários de Estado.
LBP
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