Alerta na Europa: Temperaturas Vão Subir a Ritmo Superior à Média Mundial - VIDA DE BOMBEIRO

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segunda-feira, 9 de agosto de 2021

Alerta na Europa: Temperaturas Vão Subir a Ritmo Superior à Média Mundial

 


As temperaturas subirão em toda a Europa a um ritmo superior ao da média mundial, independentemente dos futuros níveis de aquecimento global, constata o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês). O relatório "mostra a imensa urgência" de lidar com a crise climática, considera a Comissão Europeia, observando que ainda "não é demasiado tarde", mas é preciso atuar já e em conjunto.


No novo relatório do painel mundial de cientistas e ativistas - que prevê que os limiares críticos para ecossistemas e seres humanos sofram um aumento de dois ou mais graus -, a frequência de ondas de frio e dias de neve diminui na Europa, em todos os cinco cenários traçados e em todos os horizontes temporais.


Apesar da "forte" variabilidade interna, as tendências observadas nas temperaturas médias e extremas na Europa não podem ser explicadas "sem ter em conta os fatores antropogénicos [causado ou originado pela atividade humana]", realça a principal organização que estuda as alterações climáticas desde 1988.


Antes da década de 1980, o aquecimento provocado pelos gases com efeito de estufa era compensado, em parte, com as emissões antropogénicas de aerossóis, precisa o IPCC.


A redução da influência dos aerossóis nas últimas décadas deu lugar a uma tendência positiva observável na radiação de onda curta, acrescenta.


As observações apresentam um padrão sazonal e regional "coerente" com o aumento previsto das precipitações no inverno, no Norte da Europa, prevendo-se uma diminuição das precipitações no verão, no Mediterrâneo, que se estenderá às regiões do Norte, e um aumento das precipitações extremas e das inundações com níveis de aquecimento global superiores a 1,5 graus em todas as regiões, exceto no Mediterrâneo.


Independentemente do nível de aquecimento global, o nível do mar subirá em todas as zonas europeias, exceto no Mar Báltico, a um ritmo próximo ou superior ao nível médio global.


Os autores do estudos antecipam ainda que as mudanças continuem após 2100 e que os fenómenos extremos do nível do mar sejam mais frequentes e mais intensos, provocando mais inundações costeiras e o recuo das costas arenosas.


O relatório prognostica uma forte redução dos glaciares, do permafrost (tipo de solo que se mantém permanentemente gelado), da extensão da capa de neve e da duração sazonal da neve nas altas latitudes/altitudes.


Segundo o IPCC, a temperatura global subirá 2,7 graus em 2100, se se mantiver o atual ritmo de emissões de gases com efeito de estufa.


No novo relatório, que saiu com um atraso de meses devido à pandemia, o IPCC considera cinco cenários, dependendo do nível de emissões que se alcance.


Os cientistas constatam ainda que os efeitos do aquecimento global vão perdurar "séculos ou milénios" e resultam "inequivocamente" de responsabilidade humana.


O relatório divulgado hoje, focado na vertente científica das mudanças climáticas, será complementado em 2022 por dois outros estudos, realizados por grupos de trabalho do IPCC, um centrado na adaptação das sociedades e outro nas medidas de mitigação.


Os três servirão o sexto relatório do IPCC, previsto para a segunda metade de 2022.


O estudo, elaborado por 234 autores de 66 países, foi o primeiro a ser revisto e aprovado por videoconferência.


União Europeia diz que ainda "não é demasiado tarde" mas é preciso agir "já"

O relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas "mostra a imensa urgência" de lidar com a crise climática, comentou a Comissão Europeia, observando que ainda "não é demasiado tarde", mas é preciso atuar já e em conjunto.


"O relatório do clima do IPCC [sigla em inglês do painel de peritos das Nações Unidas sobre alterações climáticas] mostra a imensa urgência de agir agora para enfrentar a crise climática. Não é demasiado tarde para travar a maré e evitar uma mudança climática desenfreada, mas apenas se agirmos de forma decisiva agora e todos atuarem em conjunto", comentou o vice-presidente executivo responsável pelo Pacto Ecológico europeu, Frans Timmermans.


Numa publicação na sua conta oficial na rede social Twitter, Timmermans aponta ainda que a União Europeia (UE) propôs uma série de medidas, abrangendo diversas áreas da economia, com vista a garantir a neutralidade carbónica da União - o pacote legislativo «FitFor55» -, mas adverte que "esta é uma crise global", que exige, por isso, uma resposta global.


"Manter [como limite de aumento] 1,5 graus ao nosso alcance requer emissões líquidas zero em todo o mundo e uma implementação mais rápida das políticas para lá chegar. O COP26 deve ser o momento em que o mundo diz «basta!»", conclui o vice-presidente executivo da Comissão, referindo-se à conferência do clima (COP26), prevista para novembro próximo em Glasgow.


Relatório é o "último aviso" para que planeta não ultrapasse limites

A associação ambientalista Zero alertou que o relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas será provavelmente "o último aviso" dos cientistas para que "o planeta não ultrapasse limites dramáticos" e pediu "ações vigorosas".


No sexto relatório, cuja primeira parte saiu hoje, com um atraso de meses devido à pandemia, o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) os cientistas preveem um aumento de 1,5 graus em 2040, de 2 graus em 2060 e de 2,7 em 2100 caso se mantenha o atual ritmo de emissões de gases com efeito de estufa.


Para a Zero, as perspetivas "são avassaladoras" se não forem tomadas "ações vigorosas": "a comunidade internacional deve aumentar rapidamente a velocidade e a escala de ação necessárias para evitar alterações climáticas catastróficas".


"É hora de acabarmos com a nossa dependência de gás natural, carvão e petróleo e investir em empregos verdes e na construção de um futuro com zero carbono com toda a urgência", defende no comunicado.


Considera ainda que o documento de hoje será "provavelmente o último aviso da comunidade científica mundial sobre os efeitos das emissões de gases de estufa e consequentes alterações climáticas, antes do planeta se encaminhar para um aumento de temperatura superior a 1,5 ºC".


Os ambientalistas lembram que os últimos seis anos foram "os mais quentes" desde que há registos históricos, aproximadamente em 1850.


"Em 2020 os oceanos atingiram a sua temperatura mais elevada. Os incêndios, as inundações e as condições meteorológicas extremas dos últimos meses são apenas sinais do que se pode esperar", advertem.


Afirmando que os governos não podem ignorar os avisos feitos pelo IPCC, a Zero lamenta que, "apesar de um esforço de muitos países ou grupos de países como a União Europeia, ainda não existem planos de ação que mantenham o aquecimento global abaixo dos limites supostamente seguros".


"Continuamos a adiar uma ação climática urgente que já era necessária desde há décadas e agora estamos quase sem tempo", realça.


Para a Zero, este relatório do IPCC, composto por centenas dos "maiores cientistas do clima do mundo", é o "mais decisivo" porque reforça a conclusão de que "os anos 20 deste século serão uma década crucial em que as emissões de gases de efeito estufa devem ser reduzidas a metade para limitar o aquecimento a 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais, estabelecidos por relatórios anteriores do IPCC como o limite de segurança".


"As alterações climáticas estão a causar "extremos climáticos amplificados, desde secas, ondas de calor, incêndios florestais, inundações a supertempestades, impactes que são cada vez mais intensos, frequentes e sem precedentes" e que serão cada vez "mais severos" se as emissões continuarem a aumentar.


"Quanto mais dióxido de carbono e outros gases de efeito de estufa acumularmos na atmosfera, mais tempo demorará a retornarmos a uma situação com menores impactes", sustentou.


Para a associação, o documento "é um severo alerta" que não pode ser ignorado e "é verdadeiramente histórico" por ser a avaliação mais abrangente até agora efetuada, oito anos após o relatório de 2021/2014, e a menos de três meses antes das negociações das Nações Unidas em Glasgow, de 1 a 12 de novembro, que determinarão a forma como se irá viver "num futuro próximo".


"A sociedade humana que conhecemos foi construída num clima que não existe mais, pelo que é crucial trabalharmos na mitigação climática (redução de emissões), mas também na adaptação climática", defende.


Fonte: Alto Risco

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