O Que os Políticos Querem dos Bombeiros? - VIDA DE BOMBEIRO

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sexta-feira, 18 de junho de 2021

O Que os Políticos Querem dos Bombeiros?

 


Nos últimos anos, os bombeiros portugueses têm vindo a perder relevância na sociedade, nas missões que lhes estavam consignadas e na consideração dos poderes públicos, constatando-se uma relativa indiferença pela sua identidade, valores e história.


Nas palavras oficiais dos responsáveis políticos, naturalmente as referências aos bombeiros seguem o guião habitual, afirmando-se que os bombeiros, sejam profissionais ou voluntários, são indispensáveis à sociedade.


Mas fora da cortesia retórica a que os políticos se sentem obrigados quando falam em público, a realidade das suas convicções e a materialidade das suas decisões pouco ou nada correspondem às bonitas palavras expressas nas cerimónias de bombeiros.


Os bombeiros de Portugal têm hoje um vasto rol de razões de queixa relativamente ao Estado e aos seus representantes, não por questões abstratas e de sentimento, mas por causas muito concretas que podemos enumerar:


– Escola Nacional de Bombeiros desfasada das necessidades e ambições formativas dos corpos de bombeiros.


– Concorrência desleal de algumas brigadas de combate a fogos florestais.


– Falta de um plano de investimentos a médio prazo.


– Falta de integração das suas estruturas de comando na componente de coordenação da proteção civil, com restauro de comando único autónomo.


– Falta de consideração objetiva pelo seu estatuto social e proteção de riscos.


O reconhecimento pelos valores e nobre missão dos bombeiros deveria estar plasmado no seu Estatuto Social, hoje transformado numa manta de retalhos de anúncios casuísticos em vez de conjunto coerente e harmonioso de reconhecimentos pelo valor intrínseco da sua ação de auxílio e socorro.


Dirão, alguns, que a culpa é dos bombeiros. Talvez tenham razão, porque uma persistente cultura de humildade e sentido dos deveres pode ser entendida como aceitação passiva das desconsiderações e dos desaforos.


Porém, sejamos francos. Bombeiros insatisfeitos, injustiçados e mal dotados de equipamento ou formação serão certamente um problema muito complicado para os agentes políticos num futuro não muito distante.


A verdade é que compete aos agentes políticos garantir que o Estado providencia aos seus cidadãos-contribuintes-eleitores a segurança passiva e ativa que resulta de um contrato social entre a sociedade e o poder central.


Esta garantia de segurança traduz-se numa capacidade de ação adequada aos riscos e às ameaças atuais e futuras, e, pura e simplesmente, não é possível executar o complexo de tarefas necessárias ao auxílio e socorro das populações sem a componente bombeiros estar devidamente apetrechada, formada, hierarquizada e motivada.


Por isso, reclamamos que é tempo de os políticos portugueses, nos vários quadrantes da representação partidária e aos vários níveis de responsabilidade, colocarem os recursos onde colocam as responsabilidades e dizerem clara e frontalmente o que querem dos bombeiros de Portugal.


Dr. António Nunes

Líder de candidatura ao Conselho Executivo da Liga dos Bombeiros Portugueses


Fonte: Diário de Noticias 

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