Há 20 anos caiu a ponte de Entre-os-Rios: "Foi de uma dimensão tal que ninguém estava preparado" - VIDA DE BOMBEIRO

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quinta-feira, 4 de março de 2021

Há 20 anos caiu a ponte de Entre-os-Rios: "Foi de uma dimensão tal que ninguém estava preparado"

 


Faz esta quinta-feira 20 anos que as atenções do país se voltaram para Entre-os-Rios e Castelo de Paiva. Por volta das 21h10, quando várias famílias faziam a travessia da Ponte Hintze Ribeiro, o tabuleiro colapsou.


Deste incidente resultaram 59 mortos, sendo que 53 deles seguiam num autocarro que regressava de uma excursão a Trás-os-Montes e as restantes vítimas viajavam em três veículos ligeiros. A maior parte dos corpos nunca foi encontrada e outros deram à costa, na Galiza, Espanha.


A 4 de março de 2001, Gonçalo Rocha, atual presidente da autarquia de Castelo de Paiva, encontrava-se a caminho de Lisboa quando recebeu um telefonema a contar o sucedido. "É evidente que todos ficaram surpreendidos e incrédulos com o que estava a acontecer", comenta, referindo que "foi de uma dimensão tal que ninguém estava preparado". Acrescenta ainda que todos acabavam por conhecer ou ter uma relação de amizade com alguma das vítimas e, "naturalmente, ver famílias destruídas é uma coisa absolutamente impensável".


Contudo, destaca o "excelente tributo e marca" deixado pelo trabalho que tem sido conseguido com a associação criada na altura, a Associação dos Familiares das Vítimas da Tragédia de Entre-os-Rios.


A data vai ser assinalada com uma celebração de uma missa em memória das vítimas da queda da ponte na Igreja Paroquial da Raiva, Castelo de Paiva, onde também irá decorrer a bênção das 59 flores, com transmissão online a partir das 10h00. De seguida, será colocada uma coroa de flores no cemitério local. Uma hora depois, as flores serão colocadas no monumento Anjo de Portugal. No final do dia, pelas 19h00 e com transmissão online, acontecerá a celebração da cerimónia de homenagem às vítimas, com o lançamento das flores ao rio a partir do tabuleiro da ponte.


"A data é para perpetuar a memória, prestar homenagem. É um momento que é vivido com o máximo respeito e a máxima dignidade. O que aconteceu ao concelho foi, de facto, um momento muito grave e trágico e com perdas humanas", afirma, sublinhando que é um momento em que "deve prevalecer a serenidade e o respeito máximo pela memória daqueles que partiram e, sobretudo, fazê-lo de forma muito digna".


"É um concelho que também tem vida, que tem gente de grande qualidade, gente que tem enfrentado muitas contrariedades e que tem conseguido fazer o caminho e também não é justo, por ventura, às vezes, haver alguém que possa tentar caminhar num sentido de passar uma imagem de miserabilismo ou de que é uma terra que não tem qualidade ou que não tem valores", acrescenta, concluindo que Castelo de Paiva "é uma terra que tem excelentes exemplos, no seu dia a dia, da qualidade e excelência do que muito bom aqui se faz e se produz e se trabalha todos os dias para fazer o caminho, porque é essa forma de estar e de ser das pessoas de Castelo de Paiva" e acredita que também "aqueles que, infelizmente partiram nesse dia trágico, seguramente, também gostarão que quem cá ficou continue a fazer esse caminho positivo de trabalhar diariamente para a sua terra, para as suas famílias, para construir futuro".


Fonte: A Verdade

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