A Federação dos Bombeiros do Distrito de Lisboa (FBDL), que reúne 56 corporações, assegurou hoje a operacionalidade de todas as estruturas, apesar de um acréscimo de operacionais infetados e de um aumento do transporte de doentes covid-19.
“Nenhum corpo de bombeiros, neste momento, tem qualquer problema de operacionalidade”, avançou António Carvalho, presidente da FBDL e que é também presidente da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários da Póvoa de Santa Iria.
Em declarações à agência Lusa, o representante dos bombeiros do distrito de Lisboa disse que se verificou, “nos últimos dias, um acréscimo de alguns operacionais infetados”, indicando que “são algumas dezenas” de casos de infeção da covid-19, sem precisar o número total.
“Temos vindo, também à semelhança do que acontece na comunidade, a ter mais casos positivos entre os bombeiros. De qualquer forma, não temos, para já, nenhuma situação que coloque em causa a operacionalidade de qualquer um dos corpos de bombeiros”, reforçou o presidente da FBDL, rejeitando que haja uma situação de pré rutura da capacidade de resposta e explicando que, se houver alguma dificuldade, os planos de contingência serão ativados e os corpos de bombeiros limítrofes estão prontos para assegurar o serviço.
Questionado se os casos de infeção ocorreram em contexto de serviço nos bombeiros, António Carvalho referiu que a informação é de que “são oriundos da comunidade”.
Relativamente ao transporte de doentes covid-19, o presidente da FBDL indicou que houve, nos últimos dias, um aumento substancial, “que tem dado mais trabalho também considerando a situação que se passa nos hospitais e que leva a ter viaturas e equipamentos, nomeadamente as macas, retidos algumas horas nos hospitais”.
“Na esmagadora maioria [do distrito de Lisboa], nomeadamente nas zonas mais urbanas, houve uma procura muito grande que, coincidindo com a questão dos atrasos nos hospitais, levou a algum congestionamento do serviço, mas os bombeiros continuam, têm capacidade instalada para dar resposta aos serviços que lhe são pedidos”, apontou o responsável da FBDL, adiantando que a questão da resposta hospitalar “varia um pouco dos sítios, mas é um pouco generalizada”.
Através do Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU), o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) tem feito a gestão dos recursos disponíveis e “a capacidade instalada nos corpos de bombeiros do distrito de Lisboa permite ter uma resposta atempada”, afirmou António Carvalho, reiterando que, “se um corpo de bombeiros não pode, haverá um ao lado que pode ir ajudar e fazer esse serviço”.
Entre os bombeiros do distrito de Lisboa infetados pela covid-19, está o presidente da FBDL, que contou que teve alguns sintomas antes do Natal, foi ao hospital onde lhe diagnosticaram uma pneumonia, fez o teste e deu positivo, acrescentando que a questão respiratória se complicou e teve de ser internado.
“Estive a receber oxigénio para estabilizar e, ao fim de sete dias, tive alta e estou a recuperar em casa”, revelou António Carvalho, indicando que hoje é o último dia de isolamento: “a partir de amanhã [quinta-feira] já posso sair à rua, mas ainda estou em recuperação, porque isto é violento e é muito lenta a recuperação”.
Na terça-feira, o bombeiro Francisco Vicente, de 62 anos, da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Alverca, faleceu após infeção pela covid-19.
Para o presidente da FBDL, é fundamental que os bombeiros sejam incluídos nos grupos prioritários para a vacinação contra a covid-19, considerando que “é inadmissível, é inconcebível, que estes profissionais, estes voluntários e estes bombeiros que estão na linha da frente, desde sempre a fazer o transporte de doentes, não sejam vacinados e que ainda se esteja agora a pensar quando é que irão ser”.
“É muito importante para todos, também para o Serviço Nacional de Saúde (SNS), que os operacionais dos bombeiros, que são responsáveis por mais de 90% do transporte de doentes e de emergência médica, venham a ser vacinados o mais rápido possível”, apelou António Carvalho.
Lusa
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