O Que Já Sabemos Sobre a Queda do Canadair no Gerês - VIDA DE BOMBEIRO

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domingo, 9 de agosto de 2020

O Que Já Sabemos Sobre a Queda do Canadair no Gerês


Quantos vítimas resultaram do acidente?
Um dos dois pilotos que seguiam na aeronave acabou por perder a vida, após o impacto. Trata-se de um homem de nacionalidade portuguesa, de 65 anos.

Jorge Jardim acabou por morrer no local, apesar das tentativas realizadas pelos elementos do Instituto Nacional de Emergência Médica

O segundo piloto, de nacionalidade espanhola e de 39 anos, ficou politraumatizado, com múltiplas fraturas. O co-piloto foi assistido no local e transportado em "estado grave" para o Hospital de Viana do Castelo.

Em que local se despenhou o Canadair?
O avião anfíbio pesado, que fazia parte do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais, despenhou-se junto à Barragem do Alto do Lindoso, já em território espanhol.

Segundo avança Pedro Araújo, comandante da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, à Renascença, a viatura caiu "a cerca de um, dois quilómetros da fronteira com Portugal".

O que estava a fazer no momento do acidente?
O acidente aconteceu pelas 11h16, durante uma operação de reabastecimento de depósito de água.

O ‘Canadair’ participava nas operações de combate a um incêndio que lavra no Parque Nacional da Peneda Gerês, freguesia e concelho do Lindoso, distrito de Viana do Castelo.

Trata-se de que tipo de aeronave?
Numa nota de imprensa, a ANEPC afirmou tratar-se de um avião anfíbio pesado (Canadair CL215), do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais, do Centro de Meios Aéreos de Castelo Branco.

Os ‘Canadairs’ são considerados seguros?
O presidente do Centro de Estudos e Intervenção em Proteção Civil questiona, em declarações à Renascença, a eficácia do avião ‘Canadair’ para o combate a incêndios em condições como as do Parque Nacional Peneda-Gerês.

Duarte Caldeira explica que se trata de uma manobra de extrema complexidade, atendendo à orografia do terreno e ao facto de se tratar de um meio aéreo pesado. "Há quem defenda que, para este tipo de orografia, o meio pesado é o mais desadequado, sendo privilegiados, neste tipo de terreno, meios leves”, lembra o especialista.

“Não gosto destas matérias de ter posições definitivas, mas tenho de reconhecer que na apreciação que vou fazendo ao longo dos anos, nesta região, nestas zonas, estes meios têm um grau de eficácia mais reduzida do que noutra tipologia de terreno”, diz.

Duarte Caldeira lembra ainda que o “scooping”, a manobra de reabastecimento de água que deu origem ao acidente, é uma manobra “bastante exigente”.

O presidente da Liga dos Bombeiros, Jaime Marta Soares, está em completo desacordo. "Esses senhores especialistas não são especialistas do terreno, são especialistas do gabinete, da teoria, de conversa, às vezes de conversa fiada. O 'canadair' é o melhor avião do mundo para o combate aos incêndios florestais, seja na planície, seja na montanha, seja onde for", sustenta o presidente da Liga do Bombeiros. "Onde não for um ‘canadair’ não vai nenhum outro avião", acrescentou.


Por que razão estão Portugal e Espanha a combater o incêndio em conjunto?
O combate está a ser feito num regime de entreajuda entre os dois países, "com recurso a ferramentas manuais", já que é uma zona "de muito difícil acesso", avançou à Renascença o comandante Paulo Santos, da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).

Do lado português, há nove meios aéreos no combate ao incêndio; Espanha também tem meios aéreos pesados, nomeadamente ‘Canadairs’, a ajudar no combate, em função das intensidades das frentes de fogo, explicou à Renascença Pedro Araújo, da ANEPC.

O incêndio está a ser combatido por mais de 100 operacionais, apoiados por 28 veículos e 10 meios aéreos portugueses e espanhóis.


O incêndio já está dominado, no território português?
Sim. O flanco direito do incêndio, do lado português, já está dominado.


Qual dos países vai investigar o acidente?
Devido ao facto de o acidente ter acontecido em território de Espanha, fonte do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF) explicou à agência Lusa que são as autoridades espanholas que têm a responsabilidade e a competência para desenvolver a investigação.


O Governo português já apresentou condolências à morte do piloto?
Em nota de pesar enviada às redações, o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, lamenta a morte do piloto da aeronave. "Apresento as mais sentidas condolências à família do piloto Jorge Jardim, que hoje faleceu na sequência de um acidente com um avião de combate a incêndios".

O ministro refere-se ainda ao co-piloto da aeronave, que ficou ferido na sequência deste acidente, desejando-lhe "votos de plena recuperação".

"Neste momento trágico, dirijo uma palavra de solidariedade a todos aqueles que prestam um serviço inestimável ao país no combate aos incêndios. Os meus pensamentos estão com todos aqueles que, de forma empenhada e generosa, integram este esforço nacional", lê-se na nota.

No Twitter, o primeiro-ministro António Costa escreveu que "foi com profunda tristeza e consternação que tomei conhecimento da morte do piloto Jorge Jardim, na sequência de um acidente num incêndio no Gerês". "Envio os meus sentimentos à sua família, amigos e a todos os que integram o Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais", acrescentou.

Noutra mensagem na mesma rede social, afirmou que "temos de reduzir cada vez mais o número de ignições para que o dispositivo atue de forma cada vez mais eficaz". "Isso depende muito do comportamento de cada um de nós".

Fonte: Renascença 

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