Drones de Combate a Incêndios, Força Aérea Debaixo de Fogo do Governo - VIDA DE BOMBEIRO

________________________________________________________________

________________________________________________________________

________________________________________________________________

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Drones de Combate a Incêndios, Força Aérea Debaixo de Fogo do Governo


Os drones adquiridos pela Força Aérea são os únicos no mercado nacional com capacidade para levantar e aterrar na vertical.

Quando se gastam, em concurso urgente, 4,5 milhões de euros em dinheiros públicos para instalar um sistema de drones ultramodernos, se promete que estarão a voar logo no início da época crítica de fogos e se falha o objetivo, de quem é a responsabilidade?

O governo, que teve dois ministros (Ambiente e Defesa) a anunciar prazos que não foram cumpridos, atira para a Força Aérea as explicações. Esta, por sua vez, ignora as datas de documentos oficiais e refaz os planos à sua medida com dois meses de atraso em relação ao definido na Resolução de Conselho de Ministros (RCM) que determinou a aquisição das aeronaves.

A vigilância da floresta não vai contar com estas aeronaves antes do final do mês, já passados dois terços da fase mais crítica dos incêndios

Resposta à pergunta: não há. Resultado: apesar da volumosa despesa (que até se podia justificar, tendo em conta as capacidades destes drones) e de um contestado ajuste direto, a vigilância da floresta não vai contar com estas aeronaves antes do final do mês, já passados dois terços da fase mais crítica dos incêndios (fase IV - de 1 de julho a 30 de setembro) - e isto se a Força Aérea cumprir a sua própria agenda.

A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), que coordena as operações de combate a incêndios, e a sua tutela, o Ministério da Administração Interna, não comentam e reencaminham também para os militares.

Quem não deixou passar as incongruências do processo foi o PSD que pediu uma audição com urgência ao ministro da Defesa

Quem não deixou passar as incongruências do processo foi o PSD que pediu uma audição com urgência ao ministro da Defesa para, entre outros temas (como o da derrapagem na despesa das obras do antigo Hospital Militar de Belém, noticiada pelo DN), o questionar sobre esta matéria.

João Gomes Cravinho tem a tutela da Força Aérea e já anunciou datas para o início das operações que depois não se verificaram (ver cronologia em baixo). Questionado pelo DN sobre os vários incumprimentos, este remeteu explicações para a Força Aérea.

"O governo já apresentou mais vezes estes drones do que os utilizou. Nenhuma data do que anunciou bateu certo com o que está a funcionar", assinala o deputado Duarte Marques, membro da 1º comissão parlamentar (Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias), responsável pela área de Proteção Civil e incêndios.

"É mais uma manobra de propaganda e de má gestão de dinheiros públicos. Transparência a menos e propaganda a mais"

"É mais uma manobra de propaganda e de má gestão de dinheiros públicos. Transparência a menos e propaganda a mais", critica. "Se o dinheiro investido nestes drones tivesse sido utilizado para reequipar os bombeiros, teria sido mais útil", completa.

O PSD não concorda com esta opção estratégica. "Há um deslumbramento com os drones, como se fossem resolver o problema dos fogos, quando o principal problema é o combate. Enquanto se compram drones com tecnologia de ponta, a dos bombeiros é do século passado", assevera.

A 11 de maio passado foi o ministro do Ambiente a dar o tiro de partida deste processo e a cometer o primeiro deslize (ver cronologia em baixo). João Matos Fernandes anunciou a aquisição, com financiamento do Fundo Ambiental, e afirmou que estariam a funcionar a 1 de julho.

Fonte: Diário de Noticias 

Sem comentários:

Enviar um comentário