Canadair é o avião indicado para atuar em incêndios como o do Gerês? Peritos dizem que não - VIDA DE BOMBEIRO

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domingo, 9 de agosto de 2020

Canadair é o avião indicado para atuar em incêndios como o do Gerês? Peritos dizem que não


Uma manobra difícil, executada por um avião que não tinha capacidade de trabalho para uma zona montanhosa como o Gerês. O acidente do Canadair quando combatia um incêndio no Parque Natural da Peneda Gerês, junto à Barragem do Lindoso, parece ter resultado de falta de potência, quando o avião procedia à descarga de água na frente do incêndio. A Proteção Civil garante, contudo, que a aeronave era adequada a esta operação.

Um dos pilotos morreu, depois de ter sido sujeito a manobras intensivas de suporte avançado de vida e o outro está em estado grave. Os feridos foram assistidos no local por dois helicópteros do INEM e outros dois da Força Aérea, integrados na força de resgate desencadeada após conhecimento do acidente.

A tripulação, um piloto português e outro espanhol, estava estacionada na Base de Castelo Branco quando foi enviada para o incêndio no Norte do país, que deflagrou na madrugada deste sábado.

De acordo com vários especialistas da Proteção Civil e da Autoridade Nacional de Aeronáutica Civil, que preferem falar sob anonimato até que sejam conhecidas as averiguações preliminares do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários a quem cabe o inquérito ao sucedido, explicam que “aquele avião não tem capacidade de trabalho para uma zona daquelas. O Canadair possui uma estrutura muito pesada, com pouca capacidade de potência extra, ou seja, em terrenos de grande declive, facilmente lhe falta potência para conseguir fugir à inclinação”, explicaram ao Expresso vários pilotos.

O avião tinha feito o scooping, abastecimento de 5 mil litros de água na barragem, e preparava-se para descarregar, o que “implica uma manobra bastante curvada para deixar a água em cima do fogo, o que é mais difícil em zonas de orografia muito acentuada”. São estas condicionantes que explicam “o motivo pelo qual deve operar em perpendicular ao terreno, mas tem a desvantagem de a água ser lançada muito longe da base das chamas”. Um dos peritos ouvidos pelo Expresso constatou, pelas fotos já disponibilizadas, “que aparentemente o avião estaria a operar em paralelo, o que, pode explicar a falta de potência extra para vencer a inclinação, uma vez que o combate estava a ser feito em sentido ascendente, do sopé para cumeada”.

Porém os mesmos especialistas garantem que “cabe sempre ao piloto comandante tomar as decisões e se tem capacidade de atuação num incêndio de montanha, com uma orografia acentuada”.

Ao Expresso, o Comando Nacional da Proteção Civil garantiu que o avião “tinha condições para operar naquela zona. Estava em serviço deste as 08h40 e já tinha feito várias descargas””. Pedro Araújo, comandante de permanência às operações da Proteção Civil, acrescentou que se trata de “avião bombardeiro pesado, com potencia para este teatro de operações”.

MAIS UM SÁBADO COM MORTES OCORRIDAS NO COMBATE AOS INCÊNDIOS FLORESTAIS

Do acidente resultaram um morto e um ferido em estado grave, a tripulação da aeronave que integrava o dispositivo de combate a incêndios rurais. Este é o quinto acidente mortal com operacionais envolvidos no combate aos fogos florestais neste Verão. Acidentes que ocorreram sempre a um sábado: Lousã, Leiria, Oleiros, Cuba e Gerês.

O inquérito ao acidente decorre sob a égide do GIPIAP, o gabinete nacional a quem cabe averiguar as causas dos acidentes aéreos ocorridos em território nacional.

Fonte: Expresso

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