A magistrada do Ministério Público lembrou esta quarta-feira, no Campus de Justiça, em Lisboa, as declarações do menino de sete anos. Ouvido pelo juiz, ainda no inquérito, relatou como a mãe o tentou afogar. “Puxou-me pelo pés. Atirou-me à água. Era muito fundo, fiquei a esbracejar”, descreveu o menor. Quando lhe perguntaram se se lembrava do segundo ataque, respondeu que sim. E, com a voz sumida, disse: “Foi a minha mãe. Tapou-me com um cobertor. Estava em cima de mim. Eu não conseguia respirar.”
Patrícia, de 29 anos, que está acusada de sete tentativas de homicídio - em cinco ministrou clorofórmio no soro do filho, sendo detida quando este estava internado no Hospital D. Estefânia, Lisboa -, limpava as lágrimas enquanto ouvia a magistrada. A procuradora pediu uma pena próxima da máxima - 25 anos - para a bombeira das Caldas da Rainha.
“Disse-nos aqui que não se sentia valorizada, mas os filhos não nos têm de agradecer por terem nascido”, realçou a magistrada, que chamou ainda a atenção para o depoimento de uma das médicas.
“Às vezes, lidamos com papéis e não percebemos a gravidade de algumas coisas. O que a testemunha aqui nos relatou foi o sofrimento desta criança. Disse que sangrava por todo lado. E que morreu cinco vezes. Mas foi reanimada”, lembrou. A procuradora referiu que os esquecimentos ‘cirúrgicos’ de Patrícia também não a favorecem: “Não confessa integralmente. Sobre os atos em si, quando tentava matar o filho, diz que não se lembra.”
Na sessão de ontem foi ainda ouvida a mãe da arguida. “Como avó, não lhe perdoo o que fez ao meu neto. Mas, como mãe, não a abandono”, disse a familiar, entre lágrimas, contando que a filha não mostrava sinais de ter uma má relação com a criança, pois “parecia ser exemplar, muito extremosa e cuidadosa”.
PORMENORES
Crimes ‘consumidos’
Patrícia estava acusada de sete crimes de ofensas corporais agravadas e ainda um crime de violência doméstica, mas o MP diz que são ‘consumidos’ pelas tentativas de homicídio.
Poder paternal
A procuradora do Ministério Público pede a pena acessória de perda do poder parental para a arguida.
Danos nos pulmões
Um dos pulmões do menino deixou de funcionar e as lesões psicológicas são quase irreparáveis, sublinhou ainda a magistrada durante as alegações.
Fonte: Correio da Manhã
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