INEM Obriga a Reciclar Material com Lixívia e Lavar Farda a 90 Graus - VIDA DE BOMBEIRO

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segunda-feira, 6 de abril de 2020

INEM Obriga a Reciclar Material com Lixívia e Lavar Farda a 90 Graus


O INEM ordenou que os técnicos de emergência que contactam com infetados ou casos suspeitos de Covid-19 passem a reciclar os óculos descartáveis de proteção, mergulhando-os em lixívia.

E, ao contrário das recomendações da Direção-Geral da Saúde (DGS) para este casos - que passam pela eliminação dos materiais - o organismo terá baixado o nível de proteção nas ambulâncias: cortou no fornecimento de materiais, substituiu impermeáveis por outros em rede e recomenda que as fardas sejam lavadas em casa, até aos 90º.

Perante este cenário, os profissionais ameaçam: "ou arranjam material em condições ou paramos". Porém, o INEM defende que está a fornecer "o equipamento necessário" e a tentar procurar adaptar a sua logística à nova realidade.

Desde a última quinta-feira, 3 de abril, que as tripulações das ambulâncias de emergência médica (AEM) e dos motociclos (MEM) estão obrigadas a reaproveitar os óculos de proteção que até aqui eram eliminados após o transporte de um doente ou suspeito.

"Os óculos faziam parte do kit que nos é entregue. Já não integram e têm que ser reutilizados. Temos de os desinfetar, submergindo-os em lixívia durante 10 minutos, ou com álcool a 70º no mínimo", revelou, ao JN, Rui Lázaro, do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH).

A esta orientação do INEM junta-se a alteração dos kits de equipamentos de proteção individual desde 1 de abril: as toucas e cobre-botas deixaram de ser fornecidos, as batas impermeáveis foram trocadas por outras em rede, e só o avental é impermeável. As luvas de nitrilo deram lugar às de látex.

"Não há reserva"

"A explicação da logística é que não há reserva. Aliás, passámos a receber apenas dois kits por base", explicou Lázaro, admitindo que a base de Matosinhos teve de ir a Vila Nova de Gaia levantar outros, como também já o fizeram as bases de Viana do Castelo e Chaves. "A logística já chegou a ir a Mogadouro [220 quilómetros de distância] para entregar só um".

Ao JN, o INEM disse que nas "AEM e MEM está disponível o equipamento necessário para a realização de manobras de suporte básico de vida" e que as necessidades ditam a ativação de outros "meios de emergência médica pré-hospitalar mais diferenciados".

Mas há mais denúncias do STEPH. "Estamos a trazer para casa a roupa que deveria ser descartada ou deixada na base para ser lavada, como diz a DGS. Como a bata não é impermeável e ser potencialmente contaminada, aconselharam-nos a lavar a roupa a 90º.".

"Não há resposta às nossas queixas. Nem à proposta para que as roupas pudessem ser desinfetadas na lavandaria do Hospital Magalhães Lemos", disse Rui Lázaro, que, além de admitir uma queixa à Provedora da Justiça, disse que "os técnicos admitem parar, tal como chegou a haver ambulâncias paradas há alguns dias quando não houve nem batas nem aventais nas bases".

"O INEM encontra-se a definir a melhor forma de dar cumprimento à referida recomendação da DGS, considerando que existem especificidades na atividade de emergência médica pré-hospitalar, em comparação aos hospitais e outras unidades de saúde, às quais é necessário atender. Desde logo a dispersão geográfica das bases", justificou o INEM, sobre as roupas.

Falta de equipamentos e violação de protocolo originam queixa ao MP

A Sociedade Portuguesa de Emergência Pré-Hospitalar (SPEPH) vai apresentar uma queixa ao Ministério Público (MP) por ter detetado "falta de equipamentos e violação de protocolos" entre as tripulações das ambulâncias e motos de emergência, garantiu, ao JN, Carlos Silva, diretor da organização, para quem "muitas das normas e procedimentos, quer técnicas que logísticas, aplicadas aos elementos que constituem a primeira linha, são manifestamente contraproducentes".

Segundo Carlos Silva - que diz ter a "clara noção das impossibilidades na aquisição" de materiais neste momento -, as falhas que serão reportadas ao MP surgiram na sequência do "questionário online para acompanhar o decorrer da situação no que concerne à intervenção destas equipas". O coordenador da unidade de gestão de crises do INEM, Bruno Borges, disse à Lusa acreditar que o organismo está preparado para situações excecionais. "Contudo, temos de perceber que os recursos esgotam e tem de ser feita uma melhor racionalização e otimização dos recursos disponíveis", alegou.

Fonte: JN

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