Ambulâncias de Bombeiros sem Elétrodos para os Desfibrilhadores - VIDA DE BOMBEIRO

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quarta-feira, 8 de abril de 2020

Ambulâncias de Bombeiros sem Elétrodos para os Desfibrilhadores


De norte a sul do País, são muitas as ambulâncias de corporações de bombeiros que estão sem material essencial para salvar vidas. Em causa está a falta de distribuição, por parte do INEM, de elétrodos (produzem choques elétricos) para os Desfibrilhadores Automáticos Externos (DEA) - o único tratamento eficaz em caso de paragem cardiorrespiratória.

"Desde o dia 2 de março que não há reposição de elétrodos por parte do INEM. Enviaram-nos um email em que alegavam dificuldade na compra dos mesmos", contou ao CM Inácio Esperança, presidente da Federação de Bombeiros do Distrito de Évora. Segundo o dirigente, as corporações do Alandroal e de Montemor-o-Novo estavam, até esta terça-feira, sem stock - impedidas de prestar socorro em casos críticos. Ao que o CM apurou, o INEM não estará a conseguir adquirir quantidades suficientes de elétrodos devido à paragem da fábrica que os produz, em Espanha - consequência da pandemia da Covid-19.

Na região de Lisboa e Vale do Tejo, o cenário repete-se. "Não tivemos rutura que tenha colocado em causa a intervenção, porque tínhamos elétrodos nossos, mas a verdade é que nós próprios já não conseguimos comprar para os nossos DEA e isso pode comprometer a capacidade de resposta", disse ao CM o comandante de uma corporação de bombeiros desta zona do País.

A opinião é partilhada pelo presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros de Palmela, Octávio Machado. "Quem fala em elétrodos, fala também em material de proteção individual. Se a associação não tivesse uma reserva estratégica e esperasse pela tutela, as corporações não salvavam ninguém", critica.

Confrontado pelo CM, o INEM diz não ter conhecimento de "qualquer dificuldade no fornecimento de elétrodos", garantindo que "tem recebido elétrodos como habitualmente, e os mesmos estão disponíveis para serem entregues às corporações". Depois de o CM ter questionado o instituto, várias corporações foram contactadas pelo mesmo para receberem stock de elétrodos. Porém, segundo as mesmas, "mínimo".

Federações criticam liga dos bombeiros
Federações e associações de bombeiros criticam a Liga, que representa o setor. "A Liga não conhece a realidade dos bombeiros. Ao negociar moratórias, está a arruinar-nos", critica Octávio Machado.

Enfermeiros têm de lavar a própria farda
Os enfermeiros ao serviço do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) estão a ser obrigados a lavar as próprias fardas, em casa, ao contrário do que estipula uma norma da Direção-Geral da Saúde (DGS).

"Os profissionais de saúde devem, na prestação de cuidados a doentes suspeitos ou com Covid-19, usar roupa descartável ou de uso único. Toda a roupa usada deve ser considerada contaminada e higienizada na instituição", pode ler-se no documento da DGS, datado de 29 de março. Numa carta dirigida ao presidente do INEM, Luís Meira, e a que o CM teve acesso, a Ordem dos Enfermeiros explica que tem recebido "inúmeras exposições" sobre o incumprimento da norma.

Ao CM, o INEM explica que está "em articulação com a DGS, a definir a melhor forma de dar cumprimento à recomendação sobre a lavagem das fardas", acrescentando que um dos obstáculos para o cumprimento da norma é a "dispersão geográfica das bases do INEM, na sua grande maioria localizadas em instalações que não são propriedade do instituto".

PORMENORES
Fatos fora da validade
A Federação dos Bombeiros do Distrito do Porto enviou um ofício ao Governo em que pede esclarecimentos sobre os 5 mil fatos de proteção individual, em Paredes, fora do prazo de validade. "O Governo só vai distribuir mil para todas as corporações. Penso que algum perito devia avaliar se há algum problema por estarem fora da validade", critica Joaquim Miranda.

"A escassez é muita"
Lídio Lopes, presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros da Figueira da Foz, revelou ao CM que as corporações de bombeiros do Centro estão neste momento a sobreviver. "Já nem nós conseguimos comprar material de proteção. A escassez é muita", lamenta.

Fonte: Correio da Manhã

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