Bombeiro herói perde 83 euros com pensão - VIDA DE BOMBEIRO

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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Bombeiro herói perde 83 euros com pensão


Já passaram quase três anos desde a noite fatídica que deixou Rui Rosinha com ferimentos e marcas para toda a vida. Porém, o antigo bombeiro de Castanheira de Pera ainda não sabe quanto irá receber de pensão - para já está a perder 83 €/mês em relação ao ordenado que recebia.

"Toda a gente nos bate nas costas nas festas, mas de que vale isso? No verão somos heróis, mas depois...", acusa Rui Rosinha, de 41 anos.

Perante o atestado de incapacidade de 85%, válido por cinco anos, a Segurança Social aprovou uma pensão de invalidez de 395€, à qual se irá juntar um complemento do Fundo de Proteção Social da Liga dos Bombeiros. Em maio passado, tinha-lhe sido prometido que o valor da compensação, somado à pensão, atingiria a quantia mensal que recebia antes do incêndio, quando trabalhava como bombeiro e fiscal da câmara de Castanheira de Pera. 

Uma discrepância de 83€ dos 740 que recebia antes do acidente fez com que Rui Rosinha decidisse informar-se antes de aceitar a proposta da Liga. "É a primeira vez que [a Liga faz] esta compensação de reforma", nota. O ex-bombeiro frisou que "é a altura certa" para discutir adaptações à forma de tratar os bombeiros no futuro. "Não quero nem mais nem menos do que é justo. Não posso pensar só na minha situação", justifica.

As incertezas e atrasos do seu processo, revela, estão a resultar no abandono de outros bombeiros, que temem não ter apoio caso lhes aconteça algo do género. "Depois de 2017, houve muitos bombeiros que saíram a pensar no que poderia acontecer às suas famílias", afirma.

PORMENORES 
Apoio da Liga
O Fundo de Proteção Social do Bombeiro, criado em 1932 e gerido pela Liga, destina-se a apoiar financeiramente os familiares de bombeiros que sofrem acidentes ao serviço das suas corporações.

"Fundo dinâmico"
Rui Rosinha, que esteve 25 anos no ativo, defendeu que o Fundo deve ser "mais dinâmico" e "aprender com as tragédias". "O ideal seria todos os bombeiros terem algo que lhes garanta o vencimento à data".

Sempre bombeiro
Mesmo após a tragédia que o deixou reformado por invalidez, Rui Rosinha continua a visitar o quartel com frequência e sonha em voltar no futuro. "Gostava de um dia os ajudar como puder", diz.

Liga dos Bombeiros queixa-se de falta de apoios do Estado
O presidente da Liga, Jaime Marta Soares, afirma ao CM que o apoio a Rui Rosinha "ultrapassa o regulamento", que obriga apenas a acrescentar à pensão até atingir o ordenado mínimo. Concorda que é insuficiente, mas explica que a Liga não pode alterar os regulamentos por falta de verbas: "Nos últimos oito anos, o Governo deveria ter transferido 1,3 milhões para o Fundo". O CM contactou o Ministério da Administração Interna, mas não teve resposta.

É vice-presidente da associação de vítimas do fogo
Desde novembro que Rosinha é vice-presidente da Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande. "Não me quero ir embora. Não quero desistir", frisa. "Queremos resolver situações que ficaram pendentes. Só assim faz sentido", diz, explicando que é forma de "ocupar a cabeça e esquecer as dores" que permanecem desde que foi apanhado no fogo que a 17 e 18 de junho de 2017 fez 66 mortos.

Fonte: Correio da Manhã

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