A constatação de que a estrada mata mais bombeiros do que os incêndios levou a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil a criar um grupo de trabalho específico para analisar o problema.
“Nos últimos dez anos faleceram mais bombeiros decorrentes de acidentes rodoviários do que do combate a incêndios rurais. Estamos a falar de 15 bombeiros, 15 pessoas e 15 famílias que tiveram uma morte decorrente de acidentes rodoviários”, contabilizou Rui Ângelo, chefe da Divisão de Segurança, Saúde e Estatuto Social da Autoridade de Proteção Civil.
Mesmo que 2019 não tenha ainda registado qualquer vítima mortal, só este ano já houve 83 acidentes com viaturas de bombeiros, dos quais resultaram 75 feridos, dois deles em estado grave.
Rui Ângelo explica que a velocidade inerente à função está na origem da maior parte destes sinistros.
“Sem dúvida que a marcha de urgência tem associada uma velocidade que pode ser superior à permitida por lei. No troço específico da estrada em que o veículo se encontra. No entanto, mesmo um veículo de bombeiros tem que adequar a sua velocidade ao piso, ao tipo de veículo, e às condições meteorológicas. Temos também a síndrome da sirene que é aquela noção de que em marcha de urgência nada nos irá acontecer, que todos os outros veículos nos semáforos param. Temos também a fadiga, e, numa percentagem muito menor, causas associadas a problemas mecânicos dos veículos”, descreve.
O grupo de trabalho, que começou a sua análise há um ano, inclui representantes do INEM, da Liga dos Bombeiros e da Escola Nacional de Bombeiros. Por enquanto, tem produzido material de sensibilização que tem sido enviado para todas as corporações do país, mas agora propõe-se ir além dos alertas e dos conselhos.
“Do ponto de vista técnico, esta equipa propõe que não exista nenhuma justificação para abrir exceções à utilização do cinto de segurança no decorrer das operações de proteção e socorro. Não serão os dois ou três segundos, que demora a colocar o cinto, que vão prejudicar a missão. E há a noção que temos da análise dos acidentes de que bombeiros não teriam morrido se o tivessem o colocado. Por isso, achamos que não deve ser aberta qualquer exceção à não utilização do cinto de segurança”, remata.
A proposta seguirá em breve para o Governo, na certeza de que a sua inclusão no Código da Estrada pode salvar muitas vidas.
Para já, todos os corpos de bombeiros do país vão receber um autocolante, que deve ser colocado em cada viatura, o qual sugere o uso obrigatório do cinto.
Fonte: Renascença
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