Escolheu uma substância incolor para não poder ser detetada. Chamava-lhe água benta e misturava-a no soro da criança, internada no Hospital D. Estefânia.
O clorofórmio (a substância já foi identificada pelo Laboratório de Polícia Científica da Polícia Judiciária) quase matou a criança e provocou-lhe várias paragens cardíacas.
É altamente tóxica, se for ingerida, inalada ou administrada por via intravenosa. Foi o que a mãe deste menino fez - Patrícia, de 27 anos, bombeira em Óbidos -, não se importando de colocar a vida do filho em risco.
O CM sabe que a mulher está indiciada por vários crimes de ofensas corporais agravados. Neste caso não há crime continuado: por cada vez que atentou contra a vida do filho, pode ser condenada a uma pena que pode ir até aos 12 anos de cadeia.
A situação chocou os inspetores da PJ de Lisboa que detiveram a mulher. A mãe foi apanhada quase em flagrante e agiu apenas para salvar um relacionamento anterior.
Queria que o ex-companheiro - que não é o pai da criança - reatasse a relação. Como aquele mantinha uma proximidade ao menino de apenas 7 anos, Patrícia quis que o ‘ex’ tivesse pena dela. E que voltasse para casa.
O comportamento desta mãe também alertou os médicos. Revelava-se altamente narcisista e o filho piorava sempre que estava perto.
Também não havia qualquer diagnóstico para a sua doença. Cada vez que apresentava melhorias, piorava logo a seguir, a situação clínica era de tal forma estranha que tinha sido transferido da unidade de saúde local para uma unidade de saúde em Lisboa.
O menino sofreu várias hemorragias pulmonares e está em insuficiência renal. Apesar deste quadro clínico, o Hospital D. Estefânia, onde está internado, deu ontem conta de que o menino está a melhorar.
Não é considerada inimputável porque sabia o que fazia
Patrícia está presa na unidade de psiquiatria do Hospital de Caxias, mas não deverá ser considerada inimputável e pode ser condenada numa pena de prisão efetiva.
Os médicos terão agora de determinar se sofre do chamado Síndrome de Munchausen por Procuração, mas certo é que a mulher tinha consciência dos seus atos e agiu com o propósito de que tivessem pena dela.
A PJ tem agora seis meses para investigar e deduzir acusação por ofensas corporais agravadas.
Pai está em choque e continua a apoiar o filho no hospital
O ex-marido de Patrícia é bombeiro na Corporação de Óbidos e tem recebido o apoio de todos os colegas. O pai da criança, ainda em choque, tem sido uma presença constante nos últimos dias no hospital, para acompanhar o filho.
O homem desconhecia o que a mãe estava a fazer e também ele acreditava que o menino sofria de uma doença que não tinha ainda sido diagnosticada pelos médicos.
Fonte: Correio da Manhã
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