A onda de calor que está a afetar a Europa central atinge o seu pico entre esta quinta-feira e sexta-feira.
Espanha é um dos países mais afetados, com temperaturas muito acima do normal para esta época do ano - mais de 43ºC em várias localidades - e fogos florestais em curso.
Segundo a Reuters, que cita o governo regional, a região da Catalunha está a enfrentar os piores incêndios dos últimos 20 anos. Já arderam pelo menos quatro mil hectares de floresta e 30 pessoas foram obrigadas a abandonar as suas casas.
O incêndio mais preocupante, combatido por mais de 350 de bombeiros e sete meios aéreos, afeta a zona de Ribera d'Ebre, Tarragona, e ainda está por controlar.
Esta quarta-feira à noite já tinha consumido mais de 3.800 hectares e as autoridades admitem que possa chegar aos 20 mil devido ao calor intenso e vento que estão a dificultar o combate às chamas.
Em França as temperaturas chegaram aos 45ºC e já se registaram três mortes. Uma mulher de 62 anos e dois homens de 70 e 75 anos morreram esta quarta-feira em praias no sul do país, vítimas de paragem cardíaca provocada por choque térmico ao entrar na água fria do mar.
As autoridades temem que se repita o cenário de 2003, ano em que se registaram 15 mil mortes relacionadas com o calor, depois de oito dias consecutivos de temperaturas acima dos 40ºC.
Para não agravar a qualidade do ar em Paris, os carros mais antigos estão proibidos de entrar na capital durante a onda de calor. A medida afeta 60% dos condutores parisienses e há multas para os incumpridores.
Receia-se ainda que o calor extremo possa provocar a morte de abelhas, essenciais para a polinização de plantações e colheitas. Devido às altas temperaturas as abelhas não saem das colmeias e os apicultores são obrigados a a alimenta-las para evitar que morram à fome.
Em Milão, Itália, um sem-abrigo de 72 anos foi encontrado morto perto da gare central esta quinta-feira, vítima do calor. Há seis cidades sob aviso vermelho devido ao calor no país - Roma, Florença, Perúgia, Bolzano, Bréscia e Rieti e outras dez vão chegar ao alerta mais grave da escala na sexta-feira - Milão, Turim, Veneza, Bolonha, Nápoles, Bari, Verona, Frosinone, Latina e Viterbo.
Vários países já atingiram temperaturas máximas recordes para esta época do ano. A Polónia, por exemplo, estima que este seja o junho mais quente dos últimos 200 anos e até na Islândia os termómetros bateram o recorde ao chegar aos 22°C.
Na Bélgica, uma estrada nacional perto de da localidade de Courrière ficou deformada devido ao calor, avança a RTL Belgique. As autoridades alemãs temem que aconteça o mesmo nas suas estradas e impuseram limites de velocidade temporários na Autobahn.
Segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), a combinação de vários fatores, como a duração, que pode chegar aos seis dias; as altas temperaturas e a altura do ano em que acontece, faz com que esta seja uma onda de calor sem precedentes em junho.
A culpa é de uma massa de ar muito quente e seca proveniente de África, que combinada com pó faz aumentar a sensação térmica - a chamada "bolha do Saara".
As autoridades recomendam à população que evite sair de casa durante longos períodos de tempo entre as 11h e as 15h; a permanecer à sombra no exterior; a usar protetor solar, chapéu e óculos de sol; a ingerir líquidos com regularidade e a ter especial atenção com os mais vulneráveis - crianças, idosos e pessoas com doenças que comprometam o sistema imunitário, assim como com os animais de estimação.
Consequência das alterações climáticas, as ondas de calor cada vez mais frequentes e prolongadas vão tornar-se "o novo normal". Em declarações à TSF, o cientista português José Xavier deixa o alerta: "temos dez anos para correr atrás do prejuízo" ou as consequências vão ser devastadoras.
Fonte: TSF
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