Gavião | Após 70 Anos, os Bombeiros Municipais Passam a Voluntários - VIDA DE BOMBEIRO

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quinta-feira, 4 de abril de 2019

Gavião | Após 70 Anos, os Bombeiros Municipais Passam a Voluntários


Quase um ano depois da escritura de constituição da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Gavião (12 de abril de 2018) os Bombeiros Municipais de Gavião passam a voluntários esta segunda-feira, dia 1 de abril. A primeira direção eleita é assumida por José Pio como presidente. Na verdade, apenas sete elementos dos 63 bombeiros pertencem aos quadros de pessoal da Câmara Municipal de Gavião, apesar da estrutura municipal. Com esta transformação ganham os bombeiros que, segundo o presidente da Câmara, poderão a partir de agora formalizar candidaturas e conseguir um financiamento mais abrangente.

Após 70 anos, os Bombeiros Municipais de Gavião vão passar a Voluntários. O processo de transformação está concluído e, esta segunda-feira, dia 1 de abril, os bombeiros passam a voluntários. Mas a situação é reversível. O protocolo firmado entre a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Gavião constituída há cerca de um ano, e a Câmara Municipal “é por um ano, num projeto por três, e qualquer das partes pode denunciar o protocolo”, explicou ao mediotejo.net o presidente da direção, José Pio, e também presidente da Câmara Municipal de Gavião (CMG), precisamente para assinalar que a autarquia continuará a assumir as suas responsabilidades municipais.

Por isso, o corpo de Bombeiros Municipais “não é extinto” mas “suspenso”. Os Bombeiros Municipais “foram altamente prejudicados nos apoios da Administração Central” saindo do orçamento municipal as verbas para colmatar as despesas necessárias, explicou.

José Pio, em conversas regulares com o comando dos bombeiros tentou que “aceitassem a passagem a Voluntários” por entender ser “a melhor” forma de rentabilizar os recursos do Município. “Quisemos criar condições de financiamento dos Bombeiros, vindo de outro lugar que não da CMG, nomeadamente da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) e da Administração Central”.

Os incêndios no verão de 2017 “foram a gota de água que fez transbordar o nosso copo de paciência”, desabafou. Desde que assumiu funções na CMG, o Executivo de José Pio garante “ter lutado pela constituição de uma EIP (Equipa de Intervenção Permanente)” no corpo de bombeiros, sem sucesso até a adoção do modelo voluntário.

O estatuto de Bombeiros Municipais dificultava a criação da EIP. O corpo de bombeiros enquanto Voluntário “terá acesso a um conjunto de apoios que não tinha nomeadamente a criação da Equipa de Intervenção Permanente”, explica. A constituição da EIP de Gavião terá lugar no dia 4 de abril com cinco elementos, sendo que a autarquia responsável por 50% do seu vencimento e a ANPC pagará os restantes 50%.

Para se poderem candidatar “uma das regras é serem bombeiros, têm de ter o 12º ano, menos de 40 anos de idade entre outros requisitos. O concurso está neste momento aberto para que os bombeiros de Gavião possam concorrer para posteriormente essas cinco pessoas serem integradas na EIP”, uma equipa que estará diariamente no quartel “pronta para qualquer situação de emergência”.

Os bombeiros de Gavião “sempre foram um corpo misto” constituído na sua maioria por voluntários “onde a CMG colocava sete pessoas”, número insuficiente “para aguentar a pressão dos meses de verão”, referiu, sendo que nenhum deles integra os recursos humanos da Câmara como bombeiro.

Gavião “nunca teve no seu quadro de pessoal bombeiros profissionais”, sublinhou o presidente, e essa foi também uma das razões da mudança. “Teríamos obrigatoriamente de constituir um quadro de bombeiros se permanecêssemos municipais”, reforça.

No caso do corpo de Bombeiros Municipais de Gavião colocava-se então a questão de transformação tendo em conta que os apoios do Estado são menores para um corpo municipal, “na estrutura de Gavião a transferência rondava os 50 mil euros ano”, do que para um corpo voluntário, sendo os custos para o Município muito superiores.

A CMG irá subsidiar a Associação Humanitária com 9 mil euros por mês, sendo que gastava anualmente cerca de meio milhão de euros com o corpo de Bombeiros Municipais ainda que a receita por serviços prestados rondasse entre os 180 mil e os 220 mil euros por ano.

Ou seja, na prática quase nada se altera, a estrutura orgânica dos bombeiros mantém-se, tal como o corpo de comando. As instalações continuam propriedade do Município cedidas através de protocolo à Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Gavião.

“Efetivamente a responsabilidade da Câmara Municipal deixa de existir, embora o presidente seja o responsável número um pela Proteção Civil e passa a haver uma estrutura diretiva de uma associação que faz a gestão dos Bombeiros. Mas a principal razão da mudança passa por dotar os Bombeiros da possibilidade de outras formas de financiamento para uma capacidade operacional de qualidade”, nota José Pio.

No entanto, o presidente da Câmara sublinha nunca ter considerado que a CMG “tivesse gastos com os Bombeiros Municipais, antes pelo contrário. Investíamos numa instituição de referência do Município de Gavião, da região e de todo o Alentejo. Não queremos fugir a esse investimento. Cá estaremos mensalmente para subsidiar a Associação Humanitária e em alguma emergência estaremos para colaborar com a frente avançada da Proteção Civil para que não haja problemas em termos de emergência de acidentes ou de fogos florestais que é um drama que nos afeta ciclicamente”, recorda.

O Quartel dos Bombeiros de Gavião foi inaugurado em 2001 onde o nosso jornal esteve para uma visita guiada começando pela central de operações em permanência 24 horas por dia, todos os dias do ano. Na sala de entrada pode observar-se o primeiro equipamento de fogo dos Bombeiros de Gavião, uma moto-bomba, e conhecer através dos retratos expostos nas paredes todos os comandantes daquele corpo de Bombeiros… que chegou a  contar com cerca de 100 elementos. Atualmente tem 63, ao comando de Francisco Louro.

Além de camarata e balneários masculinos e femininos, de cozinha industrial junto à messe, de tenda de treino, um furo de água, oficina, sala de reuniões, sala de estar, ginásio, bar, secretaria e de outras valências, o Quartel conta também com uma sala de formação com 25 lugares onde os Bombeiros têm ações de formação (certificadas pela Escola Nacional de Bombeiros) ou de instrução, três a quatro vezes por mês.

Durante a visita o mediotejo.net chegou mesmo a experimentar uma pequena aula de Suporte Básico de Vida dada pelo oficial Paulo Feijão.

No parque de veículos encontramos uma ambulância INEM, mais duas ambulâncias de socorro adquiridas pela autarquia, quatro ambulâncias de transporte com dois bancos e maca e um veiculo de transporte de doentes sentados. Um veiculo especial de assistência capaz de sustentar casas que estejam em risco de derrocada, com grua, com equipamento de salvamento e desencarceramento, veiculo criado aquando do plano de risco sísmico de Lisboa.

“Em caso de catástrofe Gavião avança para o município do Cartaxo e este avança para Lisboa”, explica o oficial.

O Bombeiros de Gavião possuem ainda quatro veículos de combate a incêndios um de 1500 litros de água, outro de 3500 litros, um terceiro de 3200 litros de água e um último de 1200 litros. Do DECIF contam durante o verão com dois veículos mais um veículo tanque.

Encontra-se ainda dois veículos tanque um de 16 mil litros que por norma não sai fora do concelho de Gavião por ser antigo embora “perfeitamente habilitado” garante Paulo Feijão.

O outro é todo o terreno que “não combate diretamente o incêndio mas que se aproxima muito perto de onde estão os veículos terrestres de combate. Tem a particularidade de ter um canhão”, notou.

Possuem ainda dois veículos de comando, um adquirido pela autarquia e outro cedido pela EDP, um gerador de grande capacidade que também dá apoio aos festivais que o Município organiza, um veículo de acidentes transformado em VAL, “veículo que dá apoio um pouco a tudo”. O parque de veículos ainda inclui uma mota, dois barcos, um carro e dois reboques, um deles vocacionado para salvamento em grande ângulo.

Os Bombeiros de Gavião têm ainda dois santos protetores – São Marçal e São Floriano – , ambos oferecidos, que permanecem lado a lado no lance de escadas que separa o primeiro piso do segundo.

Na totalidade o edifício principal do Quartel conta com três pisos. No último, do lado de fora vigiando uma ampla varanda, encontramos altivo o emblema dos Bombeiros Municipais de Gavião que a partir de dia 1 passará a ser da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários, precisamente com um Gavião no lugar da tradicional águia de asas abertas… ou melhor, da fénix renascida das cinzas.

Fonte: Medio Tejo

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