Estado Entrou na SIRESP mas Ainda Pouco Mudou na Empresa - VIDA DE BOMBEIRO

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segunda-feira, 22 de abril de 2019

Estado Entrou na SIRESP mas Ainda Pouco Mudou na Empresa


Mais de um ano depois, o Estado conseguiu entrar no capital da SIRESP, SA, assumindo 33% do capital da empresa que gere a rede de emergĂȘncia nacional. Mas ainda nĂŁo hĂĄ dados sobre o que mudou na empresa desde a entrada do Estado, o que terĂĄ acontecido no final do ano passado.


O MinistĂ©rio das Finanças tem estado a trabalhar neste negĂłcio desde que em Outubro de 2017 o Governo decidiu tomar o controlo da empresa e que o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita anunciou que esse controlo se verificaria pela assunção de uma posição maioritĂĄria, de 54% do capital da empresa. Entretanto, no VerĂŁo passado, a Altice ultrapassou o Estado na corrida pela posição da Esegur e da Datacomp e alcançou a maioria do capital na empresa. Restava ao Estado a posição de 33% da Galilei (antigo universo Sociedade Lusa de NegĂłcios). Mas este nĂŁo foi um negĂłcio de fĂĄcil concretização. 

De acordo com resposta do gabinete do ministro das Finanças ao PÚBLICO, “a participação de 33% do capital social da operadora SIRESP jĂĄ se encontra na esfera do Estado desde o ano passado, atravĂ©s da Parvalorem, SA, encontrando-se a ser ultimado o procedimento da transferĂȘncia dessa participação para a Direcção-Geral do Tesouro e Finanças”. 

Esta participação do Estado na empresa darĂĄ a possibilidade de nomeação do presidente da empresa e de dois dos trĂȘs administradores para a comissĂŁo executiva, mas ainda nĂŁo foi publicada qualquer nomeação.

Esta era apenas uma das mudanças na relação com a empresa que gere o SIRESP que o Governo queria levar a cabo. A outra era a de promover um aditamento ao contrato, ao qual o Tribunal de Contas (TdC) recusou visto em Outubro, decisão que confirmou no final de Março. Este aditamento pressupunha um investimento de 15,8 milhÔes de euros para pagar a redundùncia da rede, com a compra de antenas por satélite e geradores a gasóleo.

AtĂ© agora, esse investimento que o Estado se predispĂŽs a pagar em vez da empresa, numa decisĂŁo que levantou dĂșvidas aos juĂ­zes, estarĂĄ a ser assumido pela SIRESP, SA. Foi essa a resposta que o MinistĂ©rio da Administração Interna deu ao TdC: “O parceiro privado, face Ă  necessidade reconhecida quanto a dotar o sistema SIRESP de soluçÔes de redundĂąncia, iniciou a implementação das soluçÔes por iniciativa unilateral”, lĂȘ-se.

Mais: “Os actos praticados por iniciativa e risco do parceiro privado, em momento anterior Ă  pronĂșncia do TdC em sede de fiscalização prĂ©via, nĂŁo poderĂŁo dar lugar a qualquer tipo de compensação financeira por parte do Estado sem obtenção do referido visto”, garante o MinistĂ©rio da Administração Interna, que tratou inicialmente deste processo.

O PÚBLICO questionou a SIRESP, SA sobre se estava a assumir a despesa, se o contrato jĂĄ tinha produzido efeitos e tambĂ©m perguntou sobre a entrada do Estado no capital da empresa e nomeação dos administradores. Mas apenas recebeu como resposta que “a posição da empresa jĂĄ foi devidamente comunicada ao Estado”. Qual? NĂŁo foi explicado.

Depois de conhecida a posição do TdC, o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, disse que a recusa de visto se tinha devido a questĂ”es “formais” e que iria ser encontrada uma solução em conjunto com o MinistĂ©rio das Finanças, que ficou praticamente de fora deste aditamento ao contrato no seu inĂ­cio.

Esta solução, contudo, ainda nĂŁo foi encontrada. “Os ministĂ©rios das Finanças e da Administração Interna encontram-se a analisar soluçÔes que preservem a manutenção da segurança dos portugueses”, garante fonte oficial das Finanças.

O gabinete de MĂĄrio Centeno discorda do TdC e diz que a recusa de visto se baseia “na inobservĂąncia de alguns requisitos formais”, entre os quais o facto de a Unidade TĂ©cnica de Acompanhamento de Projectos (UTAP), criada para acompanhar todos os negĂłcios de parcerias pĂșblico-privadas, nĂŁo ter dado um parecer prĂ©vio ao aditamento ao contrato. “O entendimento do MinistĂ©rio das Finanças, assente nos pareceres recebidos, foi o de que esses requisitos formais seriam afastados em caso de dispensa de comissĂŁo de negociação efectuada por razĂ”es de interesse pĂșblico”. Entendimento que nĂŁo foi acolhido pelos juĂ­zes.

Este aditamento ao contrato foi necessĂĄrio porque o contrato inicial com a SIRESP, de 2006, nĂŁo obrigava a empresa a ter redundĂąncia de rede. Foi o prĂłprio MinistĂ©rio da Administração Interna (MAI) que o disse numa resposta ao PAN em Outubro passado. Nessa resposta, o MAI acabava por fazer uma crĂ­tica, mesmo que indirecta, ao contrato que foi celebrado quando AntĂłnio Costa era ministro da Administração Interna, ao dizer que o contrato de 2006 tinha vĂĄrias falhas: “O contrato de 2006 nĂŁo previa actualizaçÔes tecnolĂłgicas, fossem estas de software, aumento de capacidade ou mesmo reforço de cobertura”, escreveu. Foi este o argumento que o MAI deu ao Tribunal para justificar a assunção da despesa em nome da empresa.

TambĂ©m a semana passada, no programa Expresso da Meia-Noite, o secretĂĄrio de Estado da Protecção Civil lembrou que “o contrato inicial nĂŁo permite” as redundĂąncias e que, como tal, foi o Estado a assumir a despesa. JosĂ© Artur Neves garantiu ainda que a rede de emergĂȘncia nacional Ă© “robusta” e nĂŁo tem falhado desde que foi reforçada com a compra das antenas satĂ©lite e dos geradores.

Fonte: Publico

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