Quando For Grande… - VIDA DE BOMBEIRO

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quarta-feira, 13 de março de 2019

Quando For Grande…


A história repete-se em cada visita a um quartel de bombeiros onde há sempre alguém, mais ou menos novo, que o orgulho e o brio na farda que enverga, denunciam a concretização de um sonho de criança.

Dizem os mais experientes que os tempos mudaram, que as exigências do presente não se compadecem com paixões incondicionais e definitivas, com compromissos despojados ao jeito de “um amor e uma cabana”.  Os jovens de hoje abraçam a causa com idêntico espírito de missão, mas, talvez, de forma mais consciente e ponderada e são muitos os fatores que contribuem para essa mudança de mentalidades, que de uma ou outra forma continua a ser escamoteada ou comodamente ignorada.

Pela educação, pelas vivências ou pela formação, os mais novos não se deixam levar pelos chavões que rotulam uma espécie da “versão romântica” da figura do bombeiro. Quem nos dias de hoje, aos 18 anos, pretende enveredar por este caminho está, certamente, convicto que todos os deveres que lhe são impostos têm alguma garantia de direitos, um pacote mínimo de benefícios que sirva pelo menos como reconhecimento de um serviço único prestado ao País. Mas para os voluntários estão reservadas as “esmolas” de um Estado ingrato, para os milhares de mulheres e homens, que por todo o País, arriscam a sua própria vida para salvar a de outros ou abdicam de momentos únicos em família para servirem desconhecidos.

Nos tempos que correm, parece mais que claro que o futuro deste exército barato, depende da forma como consigam as associações humanitárias, enquanto entidades detentoras de corpos de bombeiros, responder aos constantes desafios, desde logo com a criação de equipas de profissionais, que permitam aos voluntários terem margem para escolher ficar, até porque, registe-se, os elementos dos quadros de reserva não servem o socorro. Por outro lado, e embora muito se fale da rotatividade nos quartéis, a verdade é que as saídas, nem sempre são compensadas com o ingresso de novos bombeiros.

Ainda que o futuro do setor seja encarado com ceticismo, hoje como ontem, as crianças continuam a sonhar, a afirmar convictamente: “quando for grande quero ser bombeiro” e, efetivamente, muitos são os jovens que concretizam essa aspiração de menino, mantendo viva a causa e são esses que importa apoiar e incentivar, mas que, não raras vezes, acabam por ser meros peões no complexo xadrez de um sistema sem rei nem roque.

Estranhamente, ou talvez não num mundo às avessas, porque os bombeiros fazem falta, são tratados como um dado adquirido!

                                                                                                                                                                                                                                                                                             Sofia Ribeiro LBP

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