IGAI encontrou grandes discrepâncias entre as refeições cobradas e o número de bombeiros no terreno, durante o incêndio de Mação, em julho do último ano. O presidente da Liga dos Bombeiros lembra que é a Proteção Civil que tem de conferir as refeições servidas.
O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Jaime Marta Soares, nega irregularidades nas faturas de alimentação dos bombeiros.
A Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) enviou para o Ministério Público um relatório no qual identifica "discrepâncias" entre os milhares de faturas de refeições apresentadas para pagamento à Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) e o número efetivo de operacionais que estavam no terreno durante o incêndios de Mação, em julho de 2017.
Na primeira noite do fogo em Mação, a 23 de julho de 2017, estavam no terreno 509 bombeiros. Mas, no total, foram feitos 1.184 pedidos para o pagamento de jantares envolvendo as corporações da Sertã, Idanha-a-Nova, Proença-a-Nova e Mação.
No dia seguinte, a 24 de julho, o recurso à fita do tempo indica que às 7h35 estavam a combater as chamas 743 operacionais, mas foram cobrados 2.755 pequenos-almoços para as mesmas corporações de bombeiros.
Em declarações à TSF, Jaime Marta Soares diz não admitir que seja colocada a hipótese de que os bombeiros tenham cometido fraude.
"Eu não admito fraude", exclamou o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses. "Os bombeiros são os mandatados neste processo, são os operacionais. As associações [de bombeiros] fazem sacrifícios brutais. Muitas vezes andam cinco a dez quilómetros para levar 100 a 300 refeições, passando pelo meio do fogo, muitas vezes, já não conseguindo recuar e essas refeições já vão para outros. E há sobreposição [de refeições], eu acredito que há sobreposição", acrescentou.
Jaime Marta Soares desafia o Estado a agir, se tem dúvidas sobre a questão. "Assumam as câmaras municipais, assumam as juntas de freguesia, assuma a Autoridade Nacional de Proteção Civil e deixem os bombeiros em paz", atirou, lembrando ainda que é o comandante distrital da Proteção Civil "que tem que confirmar se as refeições foram ou não servidas".
"[Os bombeiros] são pessoas sérias, são pessoas de bem. Já lhes chega os riscos que passam para ajudar a extinguir os incêndios, para ainda estarem sujeitos, na praça pública, [a ser vistos] como pessoas que não são honestas", comentou o presidente da Liga dos Bombeiros.
Contactada pela TSF, a Autoridade Nacional de Proteção Civil não comenta o relatório da IGAI sobre as refeições dos bombeiros durante o fogo de Mação. A Proteção Civil limita-se a referir que o documento em causa já foi enviado para o Ministério Público.
Fonte: TSF
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