Bombeiros Denunciam em Tribunal a Falta de Meios em Pedrógão - VIDA DE BOMBEIRO

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quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Bombeiros Denunciam em Tribunal a Falta de Meios em Pedrógão


O comandante dos Bombeiros de Pedrógão Grande e o segundo comandante distrital de Leiria denunciaram ao juiz de instrução do Tribunal de Leiria a falta de meios de reforço para fazer face ao incêndio de Pedrógão Grande.

"Solicitei máquinas de rasto, que não existiam. A primeira chegou às 23 horas ao local e depois de pedida à Câmara de Pombal. Pedi ao comando nacional mais meios pesados. Como o comando nacional não tinha mais meios disponíveis, perguntou se então queríamos máquinas de rasto. E pedi para as mandarem", adiantou o segundo comandante distrital de Leiria, Mário Cerol.

A sessão inicial da fase de instrução do processo judicial sobre as responsabilidades do incêndio de 2017 em Pedrógão Grande, que tem 13 arguidos, decorre esta quinta-feira no Tribunal da Comarca de Leiria. Nesta sessão, durante a manhã, Mário Cerol explicou que "todos os grupos de reforço são mobilizados pelo comando nacional".

"Não temos autonomia para mobilizar as Forças Especiais de Bombeiros [FEB] e outros grupos de reforço e a FEB não foi mobilizada", sublinhou.

Segundo referiu, a informação que chegou do comando nacional é que estaria para chegar um grupo de Évora, "mas a verdade é que nunca chegou".

"Os meios chegaram ao teatro de operações já muito depois e eu já não era COS [comandante de operações de socorro]", recordou, explicando que enquanto assumiu a liderança "chegaram meios de emergência médica que foram solicitados e mais um grupo de reforço de Leiria".

Mário Cerol explicou ainda que por duas vezes os meios aéreos foram retirados do local "por falta de autonomia" e que depois deixou de haver condições para operar "devido às altas temperaturas e o vento forte".

O comandante disse ainda que as comunicações falharam por volta das 20.30 horas. "Começámos por receber informação de Pedrógão a informar que estavam sem comunicações e a seguir falhou tudo".

"Estavam às escuras?", questionou o juiz de instrução: "Sim", disse Cerol. O comandante garantiu ainda que o posto de comando "nunca esteve em risco" e que a mudança ocorreu devido às falhas de internet.

Augusto Arnaut, por outro lado, garantiu que a forma como o incêndio se desenrolou "nunca" o levou a acreditar que chegasse à Estrada Nacional 236, onde viria a morrer a maioria das 66 pessoas que aquele incêndio vitimou.

"Fiz o corte da Nacional 2 e do IC8 [itinerário complementar 8]. Longe de mim imaginar que o fogo fosse nesse sentido e chegasse a essa zona. Nem nunca me foi reportada nenhuma informação nesse sentido. A minha preocupação foi atacar a frente de fogo e evitar que o incêndio entrasse na vila" de Pedrógão Grande.

"Foi quando o posto de comando estava nos estaleiros que tivemos a perceção onde é que o incêndio estava", acrescentou.

Augusto Arnaut explicou ainda foi utilizado o SITAC para definir a estratégia, mas que "nada é apagado". "Vamos atualizando a informação".

O comandante garantiu ainda que não "ignorou" o incêndio de Regadas, mas a avaliação que fez, com base em todas as informações que tinha, é que "seria uma projeção". "Mandei para lá o comando 4, mas não tinha mais meios".

Augusto Arnaut insistiu que pediu reforços. "Estava farto de solicitar meios e diziam todos que estavam em trânsito. A hora crítica - das 16:00 às 18:00 - foi quando mais precisava de meios e não tinha nenhuns. Não entendo por que é que Góis [outro incêndio], passados nove minutos, tinha quatro meios aéreos", desabafou.

O grande incêndio que deflagrou em 17 de junho de 2017 em Escalos Fundeiros, concelho de Pedrógão Grande, e que alastrou depois a municípios vizinhos, nos distritos de Leiria, Coimbra e Castelo Branco, provocou 66 mortos e 253 feridos, sete deles com gravidade, e destruiu cerca de 500 casas, 261 das quais eram habitações permanentes, e 50 empresas.

Fonte: JN

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