Estão concluídas as obras de requalificação no quartel dos Voluntários de Fajões, cumprindo-se assim uma aspiração da direção e do comando determinados em dar mais e melhores condições de trabalho às mulheres e homens que integram o corpo de bombeiros do concelho de Oliveira de Azeméis, mas que, curiosamente, também assume o socorro em quatro freguesias do vizinho concelho de Arouca.
Vivem-se dias auspiciosos no quartel dos Voluntários de Fajões, depois da, recente, inauguração das obras de requalificação. O processo teve início ainda em 2016 com uma candidatura a fundos do Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (PO SEUR), mas os trabalhos só tiveram início há pouco mais de um ano e ficaram concluídos em outubro, quando se assinalam, precisamente, quarenta anos da primeira reunião para a fundação da então seção destacada dos Bombeiros de Oliveira de Azeméis. A empreitada orçada em mais de 410 mil euros permitiu modernizar e ampliar instalações com mais de 20 anos e que necessitavam de ser adaptadas às necessidades atuais, conforme explica o presidente da direção Ricardo Pinho Fernandes.
A reestruturada unidade operacional dispõe de uma nova ala feminina, de uma maior e renovada área masculina, de gabinetes de comando de gestão e de apoio e de um aumentado parque de viaturas. A intervenção permitiu ainda corrigir alguns problemas estruturais que estavam na origem de infiltrações em vários espaços do complexo nomeadamente no parque de viaturas que “já apresentava alguma degradação”.
Durante meses houve, assim, necessidade de improvisar não apenas para minimizar transtornos e continuar a garantir total operacionalidade e prontidão no socorro às populações, o que, garantem direção e comando, acabou por não ser assim tão complicado, pois a entrega dos bombeiros permitiu minimizar todos os incómodos.
Integram, atualmente, o corpo de bombeiros cerca de 70 operacionais aos quais o comandante Ricardo Guerra faz questão de juntar os mais de 20 elementos do quadro de honra, ativos muito importantes, não apenas para representar a associação nos mais variados eventos, mas, especialmente, na transmissão aos mais jovens de experiências, de conhecimentos e da “mística desta casa”, como salienta o presidente da direção. Com a chegada desta equipa à associação, em 2016, os honorários foram como que convocados, contam-nos, dando conta de ganhos óbvios para a instituição.
Embora o socorro e o bem-estar das populações não tenham fronteiras territoriais, não deixa de ser inédito que este corpo de bombeiros, para além de cinco freguesias do concelho de Oliveira de Azeméis, sirva, ainda, quatro outras do vizinho município de Arouca, num total de cerca de 20 mil habitantes.
Refira-se que há 35 anos que os Voluntários de Fajões assumem as intervenções em Arouca, nas só agora essa missão está a ser formalmente acordada em protocolo com a câmara municipal. Até aqui existiam apoios pontuais, mas pouco mais que isso, ainda que o trabalho desenvolvido em Arouca já represente mais de 30 por cento da atividade deste corpo de bombeiros, segundo regista Ricardo Pinho Fernandes.
“Era importante chegar a acordo com o município, já que a legislação não prevê estes casos. Como o que está em causa é a prontidão no socorro às populações, o que fizemos foi tentar chegar a um acordo com a autarquia, pois, na realidade, não há base legal para este tipo de situações. A verdade é que estas são áreas de intervenção dos bombeiros de Arouca, mas as distâncias acabaram por determinar esta solução de recurso”, explica o comandante Ricardo Guerra.
Para além da parceria com a Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis, que nada deixa falhar em matéria de proteção civil, os Voluntários de Fajões não deixam de salientar “um bom entendimento com as juntas de freguesia, com as quais estão a desenvolver acordos de cooperação na área da formação, com o intuito de fornecerem “as ferramentas de atuação num teatro de operações, sempre que ocorra algo de maior envergadura nos seus territórios, no fundo enquadrá-los, saberem a quem devem pedir pontos de situação, a quem devem contactar, isto, sempre, devidamente uniformizados”, sendo que existem ainda outros projetos na área da formação dirigidos a estas entidades.
“Estes não são acordos estanques, podem vir a ser alterados em função das necessidades”, esclarece o presidente da direção, defendendo que ações desta natureza permitem aos eleitos “ter a perceção do real trabalho dos bombeiros”.
“Muitas vezes não têm noção da sua missão, enquanto agentes de proteção civil que, na verdade, são”, acrescenta o comandante.
A população é a grande aliada da associação, isso mesmo destacam direção e comando relembrando e enaltecendo o seu contributo para o crescimento deste projeto.
“Estamos cada vez mais próximos da população, que está sempre atenta às nossas necessidades. Somos muito bem tratados”, revela o dirigente. “Uma onda de solidariedade tem vindo a crescer desde 2016. Acho que estão mesmo do nosso lado”, acrescenta, a este propósito, o comandante.
Sobre o voluntariado Ricardo Guerra lamenta as “falhas legislativas no enquadramento geral dos bombeiros, como por exemplo a obrigatoriedade do 12.º ano que impede que muitas pessoas abracem a causa. Ainda assim pode orgulhar-se de em três anos ter dinamizado três escolas, colocando um ponto final nm já longo período de “alguma estagnação”. Esta equipa que alia a juventude ao saber de dirigentes mais experientes assumiu a promoção de um conjunto de iniciativas, apostou fortemente na formação, na motivação e valorização dos operacionais, mas também na imagem na instituição.
“Acreditamos que podemos fazer pelos nossos bombeiros, bem mais do que reclamar da inação da tutela. Não podemos descartar responsabilidades, mas achamos ser preponderante potenciar condições que sejam motivadoras”, afirma Ricardo Pinho Fernandes, advogando que só desta forma é possível atrair e fixar o voluntariado.
Não sendo esta uma instituição com necessidades prementes certo é que “lacunas existem sempre”, como refere o comando, dando conta, a título de exemplo, da necessidade de renovação do parque automóvel, nomeadamente com a aquisição de um veículo de combate a incêndios urbanos/industriais. No entanto, ressalva, “existiram outras prioridades, como a formação dos operacionais na qual a direção investiu mais de 20 mil euros”.
Projetos não faltam a esta “unida e coesa equipa” determinada em continuar a servir a comunidade, honrando assim o compromisso assumido há já 35 anos pelos fundadores da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Fajões.
LBP
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