“Os Donos do Saber” ou nem tanto... - VIDA DE BOMBEIRO

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terça-feira, 15 de janeiro de 2019

“Os Donos do Saber” ou nem tanto...


Já há muito tempo que ouço falar que em todas as áreas de actividades é necessário injectar “saber” académico e mais saber académico, eu também sou dessa opinião desde que seja “com conta peso e medida”, até porque, como todos sabemos, há outros “saberes” que é necessário e imperioso manter e aprofundar.

Nos Incêndios, nas tragédias, ou por causa deles e delas esse tema vem sempre à baila e então desde os incêndios de 2017, os de Junho e de Outubro, parece que toda a gente ficou com uma febre que se desatou a fazer Relatórios a Criar Estruturas para estas criarem Agências e mais Observatórios para todos depois dizerem que são necessários técnicos, mais técnicos, ao ponto de que uma destas “criação” recentemente vir dizer que tem que ser com calma porque não há tantos técnicos. Porra para isto.

E no meio disto tudo esqueceram-se de que o SGO (PC) se configura em três níveis (Estratégico, Tático e de Manobra) e ou eu me engano muito ou andam todos preocupados com os dois primeiros, mais com o primeiro, e negligencia-se o terceiro, depois bate-se.

A formação é importante e sempre fui defensor dela, aliás fui Delegado Distrital de Formação da ENB, mas nunca deixei de incentivar o treino a Instrução e sobretudo nunca deixei de aproveitar a experiência adquirida no FAZER, só esta aliada ao saber académico é que nos conduz ao sucesso.

Hoje é necessário diplomas para tudo, depois vêm berrar porque em Portugal no combate aos incêndios se depende muito da água, não se usam ferramentas manuais e mais umas quantas barbaridades, no entanto vejo propor a contratação de mais técnicos que aqueles, ao que parece, que há no mercado e mesmo assim já estão a esmifrar todos aqueles que há nos Bombeiros e ainda não vi ninguém propor a contratação de pessoal, com remunerações a condizer, para o terceiro nível, lembram-se qual é? MANOBRA, é Manobra, ou seja, os que andam com as viaturas, os que usam a água, os que usam, sempre que necessário as ferramentas manuais.

Isto faz-me lembrar aquela história em que a cigarra tinha uma fábrica e a operária era a formiga, que andava sempre contente e produzia muito. Um dia a Cigarra lembrou-se que se a formiga produzia tanto sozinha, se tivesse supervisão produziria muito mais e contratou mais uma data de assessores e directores (Estratégico e Táctico) que impuseram objectivos à formiga e esta começou a ficar triste e adoeceu, caindo a produção. A Cigarra dona da fábrica alarmada contratou um especialista para lhe fazer um diagnóstico. Depois de muito estudar o diagnóstico foi que naquela empresa havia funcionários a mais. A Cigarra despediu a formiga, como não havia ninguém na manobra a fábrica fechou.

Parece-me uma coisa parecida

Depois com isto tudo e com tantos técnicos e tanto “Saber” assistimos a coisas “Do Arco da Velha”, arde tanto ou mais que antes sem que os “modelos” ou lá o que lhes queiram chamar consigam fazer-lhes frente.

Ai e tal é do combate que temos em Portugal!!!!! É o “Raio que os parta” é mais por causa da “Cigarra” que não soube dosear os recursos, isso sim.

O tal saber é importante, mas não menos importante é o resto, só com uma boa mistura se faz uma boa Calda.

Digo eu que como vós sabeis não percebo grande coisa disto.

Martins Andrade

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