Há Bombeiros a Circular com Ambulâncias sem Licença "por Causa de Birra entre IMT e INEM" - VIDA DE BOMBEIRO

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sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Há Bombeiros a Circular com Ambulâncias sem Licença "por Causa de Birra entre IMT e INEM"


A corporação de Vila Franca de Xira está a usar duas ambulâncias sem licença de transporte de doentes, que considera resultar de uma "birra entre IMT e INEM", diz o seu presidente Vítor Batalha.

As ambulâncias foram aprovadas pelo Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e reprovadas pelo Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT). Há mais quatro corporações com ambulâncias paradas devido ao facto de terem acusado excesso de peso na inspeção.

Vítor Batalha, presidente da corporação de Bombeiros Voluntários de Vila Franca de Xira, e Elviro Passarinho, comandante da corporação, decidiram, ainda assim, pôr as viaturas no terreno porque precisam delas para assegurar o socorro à população. "Andam a fazer o serviço assim, andam sem licença", assumiu o comandante. "É muito caricato o que se está a passar. Nem num país do terceiro mundo", declara Vitor Batalha. "Estamos a ser prejudicados por um desentendimento entre o INEM e o IMT. Um determina umas normas para as ambulâncias e o outro orienta-se por outras regras", aponta. Algumas das ambulâncias estão paradas desde fevereiro.

Elviro Passarinho, comandante da corporação de Vila Franca de Xira, explica que não tinham outra solução. As ambulâncias vinham substituir duas antigas, uma de 2000, já com muitos quilómetros, que foi dada para abate, e a outra, com mais de 10 anos, que foi entretanto entregue ao INEM. As duas ambulâncias novas chegaram ao quartel em fevereiro, tal como a que foi entregue aos Bombeiros Voluntários de Alcoentre, que está estacionada desde essa altura. Os bombeiros já perguntam ao comandante se vai transformar a viatura numa "capoeira ou num aquário", uma vez que circulam com as ambulâncias antigas e têm a mais recente parada há oito meses.

Estas são duas das ambulâncias novinhas em folha que viram recusada a licença do IMT. Em comum, o crivo: o centro de inspeção de Alpiarça onde os técnicos do IMT realizam estes exames a veículos especiais: ambulâncias, gruas, etc. O ponto de situação: as ditas ambulâncias terão sido reprovadas por causa da localização dos balizadores laranja (luzes laterais) e, sobretudo, por causa do peso da viatura. Em resposta ao JN, o IMT confirma que "na primeira inspeção o peso dos veículos não cumpria as regras relativas ao peso bruto" e sublinha que "a questão do peso pode potencialmente interferir com a segurança do veículo em circulação, nomeadamente considerando que são veículos que andam em marcha de emergência".

O IMT revela que há uma nova data para a inspeção (quarta-feira, dia 28), e que nessa data as ambulâncias devem apresentar-se sem o equipamento que transportam para se determinar o seu peso próprio. "Se após pesagem a Tara do veículo acrescentada do peso dos passageiros e da carga disponível não exceder o Peso Bruto do veículo, este pode ser aprovado", insiste ao JN, revelando que as inspeções não terão custos para as corporações.

O principal problema é o peso. Uma viatura ligeira não pode exceder 3500 quilos em bruto e como estas viaturas carregam equipamento no interior - macas, botijas de oxigénio - chegam a pesar um valor superior ao limite, tendo em conta os ocupantes, segundo explicaram os comandantes ao JN. No caso da ambulância de Alcoentre, o peso apresentado no exame era de 3380 quilos, explica o comandante Eifel Garcia. Somando mais quatro pessoas, excede-se facilmente os 3500 quilos.

Também a colocação dos balizadores laranja mereceu interpretações diferentes: para o IMT só devem existir dois e para o INEM são precisos quatro à frente e dois laterais, explica o comandante da corporação do Sardoal, Nuno Morgado, que também tem uma ambulância parada pela mesma razão.

O impasse na atribuição da licença mantém-se e abrange ambulâncias de diferentes marcas, garante Nuno Morgado. No seu caso, a ambulância foi-lhe entregue em finais de agosto, aprovada pelo INEM a 11 de outubro e chumbada a 14 de novembro em Alpiarça.

Do centro de inspeções situado em Alpiarça, o diretor técnico Ricardo Cabelo esclarece que apenas cedem o espaço às inspeções do IMT.

O INEM tem conhecimento que das 41 ambulâncias abrangidas por protocolo em 2017, algumas ainda não estão em funcionamento (Bombeiros Voluntário Rio Maior, Alcanena, Alcoentre e Sardoal). Mas explica que uma vez que estas viaturas não são propriedade do INEM, o processo de licenciamento é tratado diretamente com o IMT e as entidades requerentes. O IMT garante estar a trabalhar "no sentido de uma resposta célere para esta questão, que tenha em conta a circulação em segurança dos veículos em causa".

Fonte: JN

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