João Marques estava decidido a manter, na PSP, a versão que dera à namorada e ao ex-marido desta, os pais do bebé de ano e meio – de que este se magoara sozinho, na cama de grades, e que isso só por si justificava as marcas de sangue pisado no rosto da criança.
Só que o homem, de 32 anos, confrontado com o relatório do Hospital de Vila Franca de Xira, onde o bebé foi assistido no domingo à noite, confessou. "O miúdo não se calava [a chorar] e eu perdi a cabeça", contou, afirmando ter desferido um estalo no rosto do bebé – que, aí sim, terá ido embater com a cara numa superfície dura. O agressor foi detido e solto pelo Ministério Público.
Quando confessou o crime, já na segunda-feira, o namorado da mãe da criança, que ficara a tomar conta do bebé durante cerca de uma hora, estava a ser ouvido como testemunha. Passou a arguido, foi levado de Lisboa para a Esquadra de Investigação Criminal da PSP de Vila Franca de Xira, e acabou detido.
Esta terça-feira, o Ministério Público decidiu apenas aplicar termo de identidade e residência como medida de coação, e nem levou o agressor a primeiro interrogatório judicial, libertando-o.
"Apenas pedi àquele monstro para ficar uma hora com o miúdo para eu ir trabalhar"
Carla Gomes, 30 anos, mantinha um relacionamento com João Marques há pouco mais de dois meses e até agora o homem "não tinha dado qualquer sinal de ser violento".
"Nem comigo, nem com os meus filhos", garante a mulher, que após a agressão expulsou João Marques da casa onde estavam a viver, em Alhandra.
"Apenas pedi àquele monstro para ficar uma hora com o menino enquanto eu fui trabalhar", disse ao CM lavada em lágrimas. Agora quer "justiça, nem que seja pelas próprias mãos".
Hospital deu alerta do caso à CPCJ
O CM solicitou esta terça-feira esclarecimentos à Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Vila Franca sobre a situação desta criança, que informou que "o menino foi sinalizado através do Hospital de Vila Franca de Xira na sequência dos acontecimentos tornados públicos".
Fonte: Correio da manhã
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